A pessoa perspicaz prefere os que precisam dela, não os que lhe agradecem. A esperança tem boa memória, mas o agradecimento vulgar é logo esquecido. É um erro confiar nele. Tira-se mais proveito da dependência do que da cortesia. Quem já matou a sede dá as costas imediatamente à fonte: acabada a dependência, acaba a correspondência - e com ela, a estima. A primeira lição da experiência deve ser entreter, mas não satisfazer. Assim se conserva sempre a dependência dos demais. No entanto, não se deve chegar ao cúmulo de clar para que os outros errem nem de tornar o ferimento alheio incurável em proveito próprio.
Baltasar Gracián - A arte da prudência
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