sábado, 31 de maio de 2014

SE O CÉREBRO HUMANO FOSSE UM HD DE COMPUTADOR QUANTO ELE TERIA DE INFORMAÇÃO?




Uma estimativa é que cada neurônio seja capaz de armazenar 1 bit. Podendo assim, o cérebro humano guardar de 1 a 10TB, sendo 3 TB a média mais comum.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

OS MELHORES CORPOS MASCULINOS DE HOLLYWOOD por Escrito por Paula Haefeli


Que Hollywood é um celeiro de homens lindos, todo mundo já sabe. Mas neste Olimpo de deuses da beleza, algumas celebridades se destacam e vão ainda mais além: são quase perfeitos, de rosto e de corpo. Veja a seguir uma lista com os melhores corpos masculinos de Hollywood. Prepare-se para babar na beleza destes rapazes ou então inspire-se a ter um corpo como o destes atores (depois de muito sacrifício na academia, claro!).




Chris Hemsworth

O ator principal do filme "Thor" (2011) não podia ser alguém fraquinho, não é mesmo? Para não fazer feio, o australiano Chris Hemsworth pegou pesadíssimo na malhação e ganhou 10 quilos de massa muscular em apenas 30 dias para realizar o filme. Acompanhado de uma dieta bastante restritiva e descanso absoluto entre a rotina intensa de academia, o ator conseguiu construir o corpo de um verdadeiro herói. O esforço compensou e o resultado foi visível na telona.


Matthew McConaughey

O ator americano Matthew McConaughey sempre participa de filmes onde aparece com pouca roupa. Em vez de construir uma musculatura hipertrofiada, seu corpo é mais seco e magro, mas ainda assim totalmente em forma. Para isso, o ator opta por fazer muito exercício aeróbico, como correr na praia, fazer circuitos que estimulam os batimentos cardíacos e pular corda. Além disso, abdominais, exercícios com pouco peso e muita repetição e até mesmo aulas de dança ajudam a manter o peso com definição muscular.


Brad Pitt

Brad Pitt é célebre internacionalmente por mesclar papéis de ação com outros mais intelectuais e introspectivos. Quando está interpretando personagens para os longa-metragens de ação e suspense, seu corpo sarado sempre chama a atenção. Em filmes como "Troia" (2004) e "Clube da Luta" (1999), muita gente ficou suspirando e invejando o abdome definido e o famoso "tanquinho". O segredo foi uma rotina de exercícios separando cada grupo muscular por dia: peito, costas, ombros e braços, alternando com um dia de cardio para seguir queimando gordura.


Ryan Reynolds

Para fazer o filme "Lanterna Verde" (2011), o ator Ryan Reynolds chegou a ter apenas 3% de gordura corporal! Para isso, passou a se alimentar de duas em duas horas para queimar mais calorias, comendo mais e de forma saudável. O galã não retirou nenhum alimento de sua rotina, nem mesmo carboidratos. Mas a dieta só funcionou acompanhada de um exercício físico constante e regular. Um segredo do ator: descubra de que forma se exercitar sem ficar de mau-humor, mesmo que você não goste da rotina de exercícios.


Ryan Gosling

Ryan Gosling é outro daqueles rapazes que nos vêm à cabeça imediatamente quando se pensa em corpo perfeito. Magro e altivo, porém musculoso, o ator mostra que possui um preparo físico de atleta. Na sua rotina de exercícios, há muitas atividades típicas de treinamento militar, como flexões e movimentos de resistência e levantamento de pesos. O resultado é um corpo seco, com músculos magros e definidos. Tudo para manter uma figura elegante que condiz com seu estilo fashionista retrô.


Taylor Lautner

Paixão de nove entre dez adolescentes, o ator da série "Crepúsculo" (2008), Taylor Lautner, não deixa nada a desejar quando o quesito é preparação física. Para se transformar em um poderoso lobisomem e poder desfilar sem camisa durante boa parte das cenas, Lautner ganhou 15 quilos de massa muscular em um ano, tudo à base de muito exercício pesado e carga bem maior do que geralmente se utiliza. O resultado de tanto esforço conquistou a mulherada e catapultou o ator ao estrelato.


Channing Tatum

O stripper de "Magic Mike" (2012) interpretado por Channing Tatum foi inspirado não apenas na trajetória do ator rumo ao estrelato, mas também no cuidado com a imagem. O corpo esculpido com músculos definidos, marca registrada deste ator que vive sem camisa em cena, incrivelmente foi alcançado através de nada mais do que 45 minutos de exercícios diários. O pulo do gato é repetir os mesmos exercícios em um circuito durante todo este tempo. Graças ao treinamento ao estilo militar, o ator conquistou um dos corpos mais invejados dos últimos anos.


Daniel Craig

Um 007 que se preze deve ser elegante e fleumático. Mas acima de tudo, precisa estar preparado para salvar o mundo com as próprias mãos. O ator britânico Daniel Craig combinou estas características e criou o mais másculo James Bond de todos os filmes da franquia. Para adquirir um corpo integralmente forte, Daniel Craig realiza uma série de circuitos que trabalham todos os grupos musculares com muita intensidade. Assim, seu James Bond pode levantar peso e correr atrás dos bandidos sem se machucar ou amassar o terno.


Gerard Butler

Quando estrelou "300" (2006), Gerard Butler chamou mais atenção pelo seu abdome perfeito do que propriamente por sua atuação. Para chegar ao resultado desejado para interpretar o rei Leônidas, o ator escocês passou por um processo espartano de exercícios físicos. Durante quatro meses, treinou com a mesma intensidade de um fisiculturista ao preparar-se para as olimpíadas e precisou de uma verdadeira transformação psicológica para aguentar a rotina de 300 repetições de cada exercício sem descanso.


Rodrigo Santoro

O companheiro de Gerard Butler em "300" (2006), o ator brasileiro Rodrigo Santoro, também desponta como um dos galãs com melhor corpo de Hollywood. Ao interpretar Xerxes e ao participar de "As Panteras 2", fica evidente porque as mulheres enlouquecem com o visual sarado de Santoro. O ator possui músculos definidos em um corpo magro tal como o de um atleta e sua preparação antes das filmagens sempre envolve atividades de luta e treinamentos com personal trainer para manter a figura sempre elegante mas sem perder os músculos e a força.






quinta-feira, 29 de maio de 2014

CÉREBRO MASCULINO MUDA DEPOIS DA PATERNIDADE - Homens desenvolvem novas conexões neurais após se tornarem pais



Um estudo da Universidade de Bar-llan, em Israel, provou que o ditado "mãe é quem cria" é uma verdade científica. O estudo sugere que o que a gente chama de instinto maternal não é um conjunto de características exclusivas da mulher ou desencadeadas por hormônios: homens também desenvolvem novas conexões neurais ligadas a capacidade de cuidar e criar uma criança quando se tornam pais. O estudo descobriu que esse tipo de instinto pode ser desenvolvido por qualquer um que escolha ter o papel de pai ou mãe na vida de uma criança.

É a primeira vez que um estudo analisa como o cérebro de pais muda depois da paternidade. O estudo analisou dois tipos de famílias em Israel: compostas de pai e mãe biológicos em um contexto em que mães cuidavam da maior parte das tarefas relacionadas aos filhos, mas os pais também participavam, e casais gays compostos por homens que tiveram filhos com a ajuda de uma barriga de aluguel e que tinham participação igualmente dividida no cuidado do bebê. Todos os participantes eram pais de primeira viagem.

Os cientistas mediram níveis de oxitocina, hormônio liberado em situações de afeto e que ajuda a construir confiança, antes e depois da interação dos pais com a criança, em casal e sozinhos, e também filmaram essas interações. Depois de uma semana, os participantes passaram por uma ressonância magnética que mapeou como seus cérebros reagiam aos vídeos deles mesmos brincando com seus filhos. Todos os participantes - pais e mães heteressoxuais, pais homossexuais - mostraram nos scans a ativação de uma rede neural que une dois núcleos no cérebro: um que lida com emoções fortes, atenção e recompensa, e o outro com aprendizado e experiência.

Além disso, o estudo notou que no casal heterossexual, o pai demonstrou mais atividade cerebral relacionada a dependência de experiência. De acordo com os cientistas, é como se as conexões cerebrais da mãe para cuidar e se importar já estivessem prontas, e o pai tivessem que desenvolvê-la, e que alguns circuitos do pai chegam até a desativar quando a mãe está por perto. A intensidade da atividade era proporcional a quantidade de tempo que o pai passava com a criança.

Isso poderia induzir a conclusão de que o instinto materno é algo inerente a mulher, mas aí os cientistas analisaram os cérebros de homens em relações homossexuais e descobriram o oposto: nesse caso, os dois pais mostraram atividades cerebrais parecidas com as das mães em casais heterossexuais. Ou seja: qualquer pessoa que tiver que ser uma mãe e cuidar dos filhos no dia-a-dia terá o cérebro reconfigurado como o de uma mãe que engravidou e deu à luz, sejam homens ou mulheres. Todos nós nascemos com a capacidade de ser mães.

Fonte: 
http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Neurociencia/noticia/2014/05/cerebro-masculino-muda-depois-da-paternidade.html




quarta-feira, 28 de maio de 2014

DINHEIRO ESTÁ MINANDO A DEMOCRACIA, diz Michael Sandel


(FOTO: STEPHANIE MITCHELL/DIVULGAÇÃO)

Viramos uma sociedade de mercado onde tudo se compra, argumenta professor de Harvard, um dos filósofos mais conhecidos do mundo

Ele já foi chamado algumas vezes de pop star da filosofia, tem um dos cursos online mais famosos do mundo (que virou uma série de TV com 12 episódios) e é tratado como uma celebridade na Ásia. Por lá, foi considerado a personalidade estrangeira mais influente na China e chegou a dar uma palestra com participação dos ouvintes num estádio para 14 mil pessoas na Coréia do Sul. O professor de Harvard Michael Sandel, palestrante do evento Fronteiras do Pensamento deste ano, ganhou fama internacional aproximando discussões de moral e ética do grande público, que para ele tem “fome” de falar sobre esses temas.

Na entrevista abaixo, ele diz que a falta de debate de grandes temas influenciou o aparecimento dos protestos recentes no Brasil e no mundo e analisa o papel da mercantilização da vida pública na crise das nações, temas de seu mais recente livro, O que o dinheiro não pode comprar: Os limites morais do mercado (Civilização Brasileira).

O senhor tem as aulas mais disputadas dos cursos massivos de Harvard e ficou tão popular que dá palestras em estádios. O que faz tantas pessoas se interessarem pelos temas que trata?

As pessoas estão sedentas por discutir grandes questões de filosofia relacionadas com a vida. Elas estão profundamente frustradas com as democracias pelo mundo, com a política, com os políticos e com os partidos. A razão para isso é que há um vazio no debate público. Hoje, ele não se volta às grandes questões, incluindo a ética e os valores morais – e as pessoas querem discutir ética e moral. Por conta de uma adoção de mecanismos do mercado, os sistemas políticos de muitos países deixaram essas discussões de fora e constituem hoje uma visão estreita e tecnocrática, que não inspira a ninguém. Ou então resumem-se a uma gritaria inócua onde nenhum dos lados ouve o argumento do outro. A política deixou de tratar princípios fundamentais de justiça e do bem comum, que é do que trato em meus livros e palestras. O retorno que tenho com eles refletem uma fome das pessoas de participar da discussão pública de grandes questões.

Por que há esse esvaziamento do discurso público?

'Há uma tendência de cada vez mais o discurso público ser governado pelo pensamento de mercado'
Há duas razões. Uma está no meu livro mais recente [O que o dinheiro não pode comprar: Os limites morais do mercado]. Há uma tendência de cada vez mais o discurso público ser governado pelo pensamento de mercado. Nas últimas três décadas, o mercado dominou muitos aspectos da vida social e esvaziou o debate sobre ética. Um dos apelos de adotar os valores de mercado é que eles parecem resolver todas as controvérsias envolvendo duas partes de uma maneira aparentemente neutra. Parece neutra, mas não é. É um erro assumir que os mercados por si só podem definir uma sociedade justa ou o bem público. A tecnocracia, estreitando o debate a valores de eficiência, empurrou a discussão sobre moral para fora do debate público. A segunda razão é que estamos relutantes em entrar em debates éticos em público porque vivemos em sociedades multiculturais e multiétnicas, onde as pessoas discordam sobre o significado de justiça. Há um medo da discordância, do debate de ideias que podem ofender outros grupos. Por isso, prefere-se recorrer a um pensamento pautado pelo mercado, pretensamente neutro, como um jeito de fugir de controvérsias morais e éticas difíceis.

O fato da política ter sido colocada na mão de técnicos é o que move protestos como os que temos hoje no Brasil?

Sim, essa é a razão para grande parte dos protestos. Uma política puramente tecnocrática é profundamente insatisfatória e as pessoas sabem que esse tipo de política não tenta responder às questões que realmente importam para elas. E então vemos por todo o mundo, incluindo o Brasil, formas alternativas das pessoas se fazerem ouvidas. As pessoas estão procurando alternativas para esse vocabulário tecnocrático da política, que exclui a população.

É o que o senhor chama no livro de sociedade de mercado?

O efeito da adoção dos critérios de mercado em geral na sociedade é que passamos a vender coisas que não deveriam ser vendidas. Há empresas nos Estados Unidos que vendem furar a fila. Lobistas, em vez de esperar nas filas das sessões do Congresso, em Washington, pagam a empresas que contratam mendigos para guardar lugar. Por US$ 150 mil você pode comprar o direito a abater um rinoceronte ameaçado de extinção na África do Sul. Ou, se for preso e tiver dinheiro, pagar um upgrade na sua cela de prisão nos Estados Unidos. Ou ainda há crianças que, como estímulo para a leitura, recebem US$ 2 para cada obra lida. São muitos os exemplos de bens cuja venda é moralmente questionável que passaram a ser vendidos sem que a sociedade fizesse uma discussão disso.

O senhor mostra que algumas vezes esses incentivos não funcionam?

Os economistas, mesmo em seus próprios termos, deixam de lado fatores importantes quando consideram o mercado neutro e pregam usar dinheiro para se comprar tudo. Em alguns casos, fazer isso destrói o valor de uma atitude. Pesquisas mostram que se você cobra uma multa dos pais que chegam atrasados para pegar os filhos na creche, essa multa na verdade pode fazer com que esse comportamento seja adotado por mais pais, que calculam que vale a pena pagar por isso e que atrasar não é algo moralmente condenável. Outros estudos mostram que se você oferece uma porcentagem de dinheiro a jovens que arrecadam fundos para caridades, eles acabam ficando menos motivados e arrecadam menos doações, e não mais. Há levantamentos mostrando que quando se paga as pessoas pela retirada de sangue, acaba-se conseguindo menos sangue do que se o pagamento é proibido e só é permitida a doação. Ou seja, chega a ser menos eficiente.

Mas, ao fazer essa análise, você usa os mesmos critérios de eficiência do mercado que o senhor critica.

Esse é um ponto muito importante. Em termos puramente de eficiência, às vezes os incentivos com o dinheiro dão errado, mas essa não é a única razão para se preocupar com isso. A razão mais profunda é que há valores intrínsecos em algumas atitudes que são destruídos ou reduzidos quando nós passamos a usar uma lógica de mercado. Se pagamos crianças para ler mais livros, mesmo que consigamos estimulá-las a ler mais, nós podemos estar ensinando a lição errada sobre por que o hábito deve ser valioso. Isso pode destruir o valor moral do amor pelo aprendizado, por exemplo. No caso das doações de sangue, pagar pelo sangue corrompeu o sentido moral e cívico de promover causas valiosas. Há um consenso entre economistas de que colocar algo no mercado não altera o valor desse algo. Eu confronto essa ideia em termos econômicos, mas, mais importante, eu também a confronto com argumentos morais.

O senhor costuma citar Rousseau, quando ele diz que “a partir do momento em que o serviço público deixa de ser a principal preocupação dos cidadãos, que preferem servir com o dinheiro e não mais com seu empenho pessoal, o Estado está perto de desmoronar”. Com todos esses exemplos que deu, o Estado está perto de desmoronar?

'Quanto mais coisas o dinheiro pode comprar, menos oportunidades teremos para pessoas de diferentes formações e classes sociais se encontrarem em espaços públicos'
Rousseau teve um insight profundo que se aplica às democracias hoje. Não usaria a palavra desmoronar. Mas diria que, enquanto o dinheiro toma um papel cada vez maior na política e na vida social em geral, a democracia está em risco. A democracia depende de importantes valores que não estão no mercado: espírito cívico, educação, investir em espaços públicos onde cidadãos de classes sociais diferentes se encontram. Quanto mais coisas o dinheiro pode comprar, menos oportunidades teremos para pessoas de diferentes formações e classes sociais se encontrarem em espaços públicos — especialmente com o crescimento da desigualdade. Essa tendência de aumento da desigualdade e da quantidade de coisas que o dinheiro pode hoje comprar são corrosivas para a democracia.

O senhor cita muitos outros exemplos de vendas moralmente discutíveis em suas palestras. Qual é o pior deles?

Puxa... [pausa de 20 segundos]. Um dos exemplos mais extremos é o da fundação de caridade que tenta resolver o problema dos bebês nascidos de mães dependentes de drogas oferecendo um incentivo em dinheiro a elas para que sejam esterilizadas. É uma entidade privada usando um mecanismo de mercado, pagando, para atingir um fim de reduzir o número de bebês nascidos de mães dependentes. Mas os meios são profundamente problemáticos, moralmente falando. Outro caso com implicações mais abrangentes sobre a democracia é o papel crescente que o dinheiro tem em campanhas políticas. É menos chocante porque o dinheiro sempre teve um papel ali. Mas, em diferentes países, de maneiras diferentes, o dinheiro está minando a democracia. Nos Estados Unidos, tivemos uma decisão da Suprema Corte que derrubou tentativas de limitar contribuições de empresas para campanhas políticas. Agora, quase não há restrições. Sei que no Brasil o dinheiro também traz um problema semelhante à política, como uma influência corruptora. Como é aqui?

Aqui, os maiores doadores são as construtoras que mais recebem dinheiro em contratos com o governo. Há uma discussão no país sobre a viabilidade de financiamento público das campanhas para acabar com isso. O senhor tem uma opinião formada sobre o tema?

Tenho uma opinião, mas reflete a experiência que tenho nos EUA, não quero sugerir que tenha as respostas para o contexto brasileiro. De maneira geral, não deveríamos permitir doações de empresas. Cria oportunidade demais para corrupção. Não proibiria contribuições individuais, mas as limitaria a algum nível razoável. Mil dólares por pessoa, talvez. Os limites previnem que qualquer indivíduo muito rico ou qualquer grupo de indivíduos muito ricos dominem o sistema. Permitir pequenas contribuições pode ser ter um efeito democrático porque incentiva os partidos e os indivíduos a ter uma preocupação de conquistar a população. Além disso, pode ser interessante que, para cada contribuição de US$ 100 de um indivíduo, haja uma contrapartida de financiamento público no mesmo valor. O que tem sido discutido aqui?

O Supremo está votando para proibir o financiamento de campanha por empresas e discute-se um teto para contribuições individuais, mas não é certo que nenhuma das duas coisas valha para essas eleições.

Me parece uma boa ideia. Acho também que devemos ter algum financiamento público de campanha, mas não apenas financiamento público. Isso porque há uma discussão delicada sobre como alocar esses fundos. Obrigar candidatos a levantar pequenas somas de dinheiro de um número grande de pessoas é muito melhor do que um sistema onde há contribuições ilimitadas de empresas ou de pessoas com muito dinheiro. Eu também favoreceria tempo de televisão gratuito para os candidatos. Vocês têm isso aqui?

Temos. O tempo depende do tamanho das bancadas no Congresso. 

O risco de se fiar somente nisso é que os partidos estabelecidos têm uma vantagem muito grande em relação aos desafiantes. É uma questão difícil, que não tem uma resposta única, mas o princípio de proibir contribuições de empresas é uma maneira eficiente de coibir corrupção.

Quão perto de viver numa plutocracia [sistema político onde o grupo mais rico exerce o poder] estamos?

Não estamos longe da plutocracia e há uma tendência em direção à ela. Nas últimas três décadas nos aproximamos cada vez mais dessa condição. O que é surpreendente é que isso está acontecendo com quase nenhum debate público. No Iraque e no Afeganistão, por exemplo, havia mais soldados pagos por empresas privadas contratadas pelo governo do que militares que trabalham para os Estados Unidos. Isso aconteceu sem que nenhum debate tivesse sido feito sobre se a população queria terceirizar as forças militares. Um dos meus objetivos no livro é chamar a atenção para essa tendência e discutir onde o mercado serve ao bem comum e onde ele não deve entrar.

O senhor mencionou a importância de espaços públicos. Em várias cidades brasileiras temos parques e praças descuidados enquanto são erguidos ricos condomínios com toda a infraestrutura de parques, espaços comuns e mais segurança.

'A tendência de privatizar o que deveria ser bens e experiências públicas tem esse efeito de erodir a coesão social, de minar nosso senso de comunidade'
É exatamente disso que se trata a sociedade de mercado que falo! Nas últimas três décadas houve cada vez mais segregação econômica. Ricos e pobres não se encontram mais. Nos últimos 30 anos, não fizemos investimentos públicos suficientes em espaços comuns que podem ser compartilhados, como transporte público, parques e escolas. Demos um incentivo àqueles que tinham dinheiro suficiente para fazer investimentos privados em espaços alternativos. Os espaços públicos deixaram de ser um lugar de encontro. Os seguranças privados estão ganhando a preferência e ocupando o papel dos policiais, que são mal pagos e poucos. Só que os seguranças são apenas para os mais ricos. A tendência de privatizar o que deveria ser bens e experiências públicas tem esse efeito de erodir a coesão social, de minar nosso senso de comunidade. Fica difícil nos imaginar como cidadãos com uma identidade comum.

As grandes companhias ocuparam esse espaço comum?

Há 30 anos, quando governos optaram por ter presença menor e fazer menos investimentos em espaços públicos, isso resultou em serviços públicos falhos, em transporte público inadequado, em escolas, hospitais e segurança ruins. Essa falta de investimento abriu o caminho para a iniciativa privada, que passou a, compreensivelmente, fazer investimentos privados nisso. Isso contribui com a segregação.

E, de acordo com o seu livro, corrompe a democracia.

Sim, a democracia requer que pessoas de diferentes origens tenham certas experiências comuns. Como nos esportes, na Copa do Mundo. Mas não basta o esporte para a coesão social. Se não temos espaços públicos, não formamos identidades entre os cidadãos e a democracia é prejudicada.

Por que vozes que se ergueram contra essa mercantilização da vida, como o movimento Occupy Wall Street, não conseguiram reverter essa tendência?

Eles não conseguiram se transformar em partido político. Na verdade, nos EUA, o Tea Party capitalizou mais o descontentamento com Wall Street do que qualquer outro movimento. Ele foi mais efetivo em se organizar politicamente dentro do partido Republicano. O Occupy não conseguiu transferir essa energia numa influência política durável num partido.

Mas os manifestantes não confiam mais em partidos.

Há algumas alternativas. Uma é se mobilizar para influenciar um partido, como o Tea Party fez. A segunda alternativa, formar um novo partido. A terceira é fazer um movimento da sociedade civil que se sustente por si mesmo, mas isso precisa de estrutura para se manter durante o tempo. Os movimentos não conseguiram fazer isso.

Democracia direta, mais referendos e eleições, é uma solução?

Não é a mais adequada. Temos de criar sistemas partidários que são mais sensíveis às questões que realmente importam e não às questões tecnocráticas que estão na discussão política.

Para voltar à questão principal da sua obra, o senhor diz que ainda há coisas que o dinheiro não compra. O quê?

Amor, amizade, espírito cívico, solidariedade. Essas coisas são preciosas exatamente porque não podem ser compradas. Ainda assim o dinheiro chega cada vez mais perto de comprá-las.

Quão perto?

Eu dou alguns exemplos em minhas palestras de que já podemos comprar manifestações de afeto. Por exemplo, há empresas especializadas em fazer discursos de padrinhos em casamentos. Eles passam detalhes dos noivos e a empresa escreve, por exemplo, um discurso emotivo com detalhes pessoais para ser dito durante o tradicional brinde. Ou então empresas que você pode pagar para fazer pedidos de desculpas. Depois de fazer algo errado, um profissional treinado em psicologia vai atrás de se desculpar à pessoa por você.

Chegando tão perto, o afeto algum dia será comprado?

Sinceramente espero que não [risos].


Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2014/05/dinheiro-esta-minando-democracia-diz-michael-sandel.html


OBRAS DE VAN GOGH SÃO TRANSFORMADAS EM GIFs por Luciana Galastri


Apaixonante a obra de Van Gogh. 
Ficou interessante a proposta em transformá-las em gifs.
Arte boa é sempre arte boa indiferente dos formatos.
Adorei a criatividade! 
Roberta Carrilho

O artista Luca Agnani resolveu deixar as pinturas de Van Gogh (ainda) mais impressionantes, criando versões animadas delas. Com as animações, ele fez um vídeo curto, que você pode conferir abaixo. Mas os gênios do Buzzfeed não se contentaram e usaram os trechos desse filme para criar GIFs e espalhar a alegria pela internet. Confira os melhores:

NOITE ESTRELADA (FOTO: REPRODUÇÃO)




Fonte: http://revistagalileu.globo.com/blogs/buzz/noticia/2014/03/obras-de-van-gogh-sao-transformadas-em-gifs.html


terça-feira, 27 de maio de 2014

FÓRUM SOBRE ARQUITETURA E URBANISMO SOBRE SOLUÇÕES PARA GRANDES CIDADES COM O ARTISTA PLÁSTICO AMERICANO RICHARD SERRA E CARLOS RATTI DO MIT por Marcelo Marthe de Nova York


FORMAS BRUTAS - Richard Serra e sua obra Serpente, no Guggenheim de Bilbao: a “nobre introspecção” do maior escultor vivo (Corbis/Latinstock - Davi Corio/Getty Images)



O site de VEJA transmite ao vivo, nesta terça-feira, em parceria com a Arq.Futuro, os encontros da 6ª edição do principal fórum sobre arquitetura e urbanismo do Brasil, que acontece no Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro.

- Às 15hs, Carlos Ratti, diretor do MIT Senseable City Lab e Reinier de Graaf, sócio do escritório OMA, falam sobre urbanismo e o papel da água na arquitetura e no design.

- Às 18hs, o artista plástico Richard Serra e o crítico de arquitetura do jornal The New York Times conversam sobre a relação entre cidade e arte.

Abaixo entrevista de Richard Serra publicada em VEJA.

Richard Serra: o homem de aço

Com rigor e muita transpiração, o americano Richard Serra resgatou a glória da escultura. Uma exposição inédita de seus desenhos está chegando ao Brasil

O americano Richard Serra, de 75 anos, é o maior escultor da atualidade. Formado na Universidade Yale, onde mais tarde foi professor, ele pauta seu trabalho por uma exploração rigorosa das formas e materiais — notadamente, o aço, com o qual cria obras imensas que, nas palavras do crítico australiano Robert Hughes, resgatam a “nobre introspecção” dos mestres da escultura. Embora essas obras possam ser vistas em museus como o Guggenheim de Bilbao, sua especialidade é a intervenção em ambientes urbanos. Serra esteve no Brasil tempos atrás para planejar os detalhes da retrospectiva de desenhos que entrará em cartaz no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, no dia 30. Na semana que vem, desembarca de novo no país para supervisionar a montagem, participar do evento sobre arquitetura e urbanismo Arq.Futuro e lançar um livro de textos e entrevistas pela Editora IMS. Antes da viagem, ele recebeu VEJA no prédio do bairro nova-iorquino de Tribeca que abriga seu estúdio e a residência em que vive com a mulher e dois cachorros. Serra falou sobre seu trabalho, a arte nas cidades e deu opiniões fortes sobre os colegas contemporâneos. 

O senhor é conhecido por suas grandes esculturas. Qual a importância dentro de sua obra dos desenhos que serão vistos no Brasil?
O desenho corre em paralelo e se distingue bem da minha obra como escultor, com igual importância para mim. Desenhar é um exercício de enxergar melhor o mundo ao nosso redor, e enxergar o mundo é uma forma de raciocinar. Os desenhos, aliás, são uma vitrine riquíssima da personalidade e das preocupações de um artista: não há como se esconder sob cores e pinceladas. Além disso, encaro o desenho como uma ferramenta poderosa de rejuvenescimento. Ele mantém minha mente ativa, desenferruja as mãos e deixa os músculos em forma.

O senhor já disse que está mais interessado no processo de criação do que no resultado. Como assim?
Se o artista põe os fins na frente dos meios, passa a pensar demais nas consequências do que está fazendo e a se policiar. Isso tem um efeito perverso: você se preocupa com o que as pessoas vão achar de um trabalho, em vez de cumprir o papel fundamental do artista, que é testar os limites sem medo e, assim, contribuir para que a experiência humana no campo da expressão visual evolua mais um passo. No meu caso, é a exploração excruciante de cada material que possibilita a libertação plena. Os materiais me indicam o caminho, não o contrário.

O senhor se vale da matemática e da engenharia na busca pelo equilíbrio das formas. Quanto há de inspiração e transpiração na criação de suas obras?
Antes eu punha a mão na massa em todas as etapas da criação de uma obra, do planejamento à execução. Agora, cumpro o trabalho não menos exaustivo de coordenar um esforço coletivo que vai da negociação com a siderúrgica alemã que produz as esculturas à que se faz com o caminhoneiro que as transportará. A parte do trabalho que compete inicialmente a mim é criar e experimentar a nova escultura em estúdio. Depois de encontrar a forma que considero perfeita, elaboro maquetes até chegar a um ajuste fino de como ela deve se sustentar e interagir com o espaço.

O que vem primeiro: a obra em si ou o lugar que ela vai ocupar?
Uma coisa influencia a outra. Da geografia à circulação das pessoas, muitos fatores pesam na decisão de pôr uma escultura em determinado cenário. Quase sempre minha ideia original vai se alterando à medida que compreendo o que um lugar tem de especial. No caso de meu trabalho mais recente (a instalação East-West/West­-East, concluída há três semanas), quando o emir do Catar me pediu que criasse uma obra no meio do deserto, torci o nariz. Tinha dúvidas sobre aquela paisagem monótona. Passei meses circulando com um beduíno prestativo até achar uma locação que me empolgasse. As quatro placas de aço que instalei ali têm uma interação única com a topografia.

O fato de que poucas pessoas terão a chance de ver uma obra tão sensacional no meio do deserto não o frustra?
Quero justamente chamar atenção para a impossibilidade de um contato satisfatório a tal distância. A maioria das pessoas conhece as grandes obras de arte pela internet, sem nunca tê-las visto de perto. Nossa memória, hoje, está assentada nesses pratos feitos virtuais, e cremos que tudo o que existe e importa pode ser resumido num instantâneo. Eu me imbuí da missão de dinamitar essa noção. Minhas esculturas e desenhos são feitos para não caber numa foto. Ver e interagir com as coisas de perto é insubstituível.

Por que o senhor pensa grande?
O que me fascina são as possibilidades de intervir no ambiente urbano. O coração de qualquer país de cultura pulsante está nas grandes cidades que conseguem mobilizar as pessoas e fazê-las se reconhecer por meio de sua música, arquitetura e museus. É isso que torna cidades como Londres, Paris, Nova York e outras tão instigantes e fecundas. Lugares que dão as costas para isso, como a coreana Seul, se tornam um amontoado opressivo e estéril de concreto.

Há algo em comum entre a escultura clássica e o trabalho de artistas contemporâneos como o senhor?
Durante muito tempo, julguei que a escultura contemporânea já não guardava relação com o que essa forma de arte foi no passado. Mas hoje percebo que, do renascentista Donatello a um modernista como Brancusi, chegando até minha geração, as preocupações da escultura e as marcas que definem sua qualidade são as mesmas: o desafio de lidar com a gravidade, o espaço e os materiais na busca pelo equilíbrio da forma.

Nos anos 80, uma escultura sua foi criticada pelos transeuntes de uma praça nova-iorquina e acabou removida. Como é enfrentar a rejeição?
Não creio que houve rejeição, mas uma trapalhada. O governo americano encarregava artistas de criar obras para os espaços públicos, dava seu o.k. ao projeto e não se lembrava mais da obra. O meu caso foi o primeiro em que o governo resolveu remover uma escultura. Alegava-se que ela dificultava a circulação. Movi uma ação, pois retirá-la dali seria o mesmo que destruí-la — o que acabou ocorrendo. O mais triste é que o caso piorou as coisas: agora, todos os contratos de obras públicas na cidade deixam claro que o governo pode tirá-las do lugar quando bem quiser, à revelia de nossos direitos sobre elas. É estarrecedor.

O senhor tirou alguma lição do episódio?
Sim. Nunca confiar no governo.

É verdade que o senhor detesta quando aplicam o adjetivo “belo” a suas obras?
É uma palavra surrada. Claro que o artista não pode querer ditar o que as pessoas enxergam em suas obras. Mas não faço arte para oferecer beleza ou conforto. Uma boa obra provoca sensações múltiplas, muitas vezes conflitantes, e não cabe numa definição tão rasa.

O senhor não cultiva a irreverência de artistas como Jeff Koons, nem o apetite pelo choque de Damien Hirst. Qual sua opinião sobre essas tendências?
Estou interessado no aprimoramento da minha forma de expressão. Se você está interessado em imagem, inclusive no sentido marqueteiro da palavra, sua arte se torna uma commodity. Muitos artistas fazem arte pensando primariamente no mercado e viram grifes voltadas a atender a uma demanda comercial. Não acho que Koons seja irreverente. Ele calculadamente se vende como marca. Também Damien Hirst é calculadamente provocativo. No fundo, porém, todos esses artistas são convencionais e ultrapassados. Ainda estão no tempo em que a arte era feita para se exibir em pedestais e a pintura não havia questionado a representação bidimensional. Voltaram a um estado da arte de 100 anos atrás. Mas cada geração tem os artistas que merece.

E como o senhor vê outro escultor de grandes obras, o indo-britânico Anish Kapoor?
Não me interessa me ver no espelho, exercitar o narcisismo contemporâneo de se admirar refletido na superfície de uma obra — o que me parece ser a pedra de toque do trabalho de Kapoor. De novo, eis um artista que pensa nos fins antes dos meios. Só quer agradar ao espectador. Parafra­seando o que Bob Dylan disse ironicamente, ele e todos esses outros artistas pertencem a uma “comunidade de servidores”: estão ali para prover o que o gosto médio pede. Seja um pouco de escândalo, beleza ou diversão.


Fonte: Revista Veja


segunda-feira, 26 de maio de 2014

EU SOU O QUE SOU ... PORQUE EU QUERO SER por Keila Sacavem



Sou do tamanho do que me convém. Se me convém permanecer em silêncio, eu ignoro. Se me convém falar "na lata", eu "solto o verbo". Se me convém esquecer, eu queimo croquis. Se me convém perdoar, eu abro os braços. Se me convém ajudar, eu me faço ponte. Se me convém o sarcasmo, eu afio minha língua. Se me convém contrariar, eu sinto razão. Se me convém seguir um conselho, eu ramifico humildade. A única pessoa capaz de saber o que realmente me convém, sou eu! Porque hipocrisia eu deixo pra quem se convém de mediocridade.


Keila Sacavem e eu também Roberta Carrilho



quinta-feira, 22 de maio de 2014

ENTREVISTA COM ROBERTA CARRILHO por Carol Damaso do blog Envolvida


quinta-feira, 22 de maio de 2014


Entrevista com Roberta Carrilho!


Roberta Carrilho, 41 anos, natural de Divinópolis, atualmente residente em Itaúna-MG.

Ela é bacharel em Direito pela FADOM e vestibulanda de Arquitetura na Universidade de Itaúna. Profissionalmente era Oficial Judiciária da Comarca (aguardando posse) e devido a necessidade em mudar de cidade (Itaúna) não pegou as designações este ano de 2014, tudo para ser cuidadora de seus pais que são idosos e precisam de cuidados especiais, o que demostra todo seu lado solidário. Tem duas filhas Maria Tereza e Maria Eduarda, 20 e 12 anos respectivamente.
Segundo ela, é Kardecista convicta, porém confessa que está gostando dos novos rumos do Catolicismo com o Papa Francisco.

Relata em nossa entrevista que sempre teve um “cabelão”, mas que sempre olhou pelos outros e num gesto de pura solidariedade, se desfez desse cabelão para “proporcionar alegrias aos outros e mostrar que a vida vale pena”! Roberta doou seus cabelos para a Campanha de doação de cabelos do Salão Solidário da ACCCOM- Associação de Combate ao Câncer do Centro Oeste de Minas!

Parabéns pela solidariedade Roberta!
Confira sua entrevista!



ENVOLVIDA: O que incentivou a fazer esse gesto?

Roberta: Em primeiro lugar foi pelos meus sentimentos fraternos com os irmãos que estão passando por esta batalha contra o câncer. Ou seja, proporcionar alegria! Fazer a pessoa dá aquele sorrisão diante do espelho se sentindo bonita. Mostrar a ela que vale a pena viver, lutar e vencer esta doença porque muitas pessoas importam e a amam. Sou uma pessoa sensível aos sofrimentos do próximo. Tenho muita empatia e sempre me coloco no lugar deles. E em segundo lugar quis me proporcionar esta experiência mágica em ajudar e ser exemplo para que outras pessoas sejam tocadas e façam o mesmo.

ENVOLVIDA: Antes de pensar na doação o que significava para você seus cabelos longos?

Roberta: Meus cabelos são uma parte significativa da minha pessoa. Sempre tive cabelos longos, fartos, lindos e naturais. Eu gostava ou gosto deles assim longos para minha satisfação pessoal! Não sei dizer ainda, pois é tudo muito recente e novo para mim se gosto ou se gostava - risos. Eles só me deram alegria e prazer. Sou uma mulher abençoada pela genética em ter cabelos fortes, pesados, fartos, lisos e sadios e com isto eu pude curti-los em todo o seu esplendor. Respondendo a sua pergunta eles são importantes para mim como toda mulher e eu não sou exceção.

ENVOLVIDA: O que mudou na sua vida com esse gesto? Você perdeu sua feminilidade?

Roberta: Mudou muitas coisas! Eu senti uma energia divina em poder doá-los para as pessoas doentes. A alegria em proporcionar esta felicidade às pessoas que estão provisoriamente sem cabelos devido ao tratamento de combate contra o câncer não têm palavras em descrever tal sentimento. Eu é quem tenho que agradecer a Deus por esta oportunidade. Tenho cabelos sadios para dividir para todos(as) nós. Não me arrependi em nenhum segundo, mesmo com todas as pessoas que convivem próximo dizerem que eu estava sendo no mínimo corajosa ou doida. Sempre argumentei que eu estava fazendo o que meu coração queria. E mais, dizia que esperava com este ato servisse de exemplo e iniciativa para que elas e outras pessoas fizessem o mesmo. É uma boa loucura - risos! Acredito que "Fora da caridade e da fraternidade não há salvação". Como dizia o Mestre Jesus: "Este é o meu mandamento: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO EU VOS AMO. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai". João 15:12-15. Quanto a minha feminidade não alterou em nada, pelo contrário reforçou ainda mais a minha certeza que já sentia. Eu sou feminina com cabelos longos ou curtos, não importa, pois, está dentro de mim e não fora.

ENVOLVIDA: Como você acredita que esse gesto pode mudar a vida de uma mulher que perdeu seus cabelos com a quimioterapia?

Roberta: Eu acredito que minha doação (50cm e mais ou menos 500gramas) possam auxiliar não só as mulheres, mas também as crianças em sua auto-imagem. Os cabelos são a moldura do rosto e isto é muito importante principalmente para as mulheres em geral. Todas sem exceção sentem a necessidade de apresentarem a si mesmas e também a sociedade que estão sadias, bonitas, atraentes e inteiras. É interessante pensar racionalmente sobre esse tema porque é meramente um acessório, um cabelo! Seria simples assim. Mas na realidade não é bem assim em se falando de mulheres ou até mesmo crianças. Ter uma cabeleira farta, saudável e bonita faz parte da nossa cultura por representarem muito mais que uma mera vaidade, eles representam um conceito de saúde e beleza. Então não tenho dúvidas que para elas é importante ter cabelos para ajudar em sua auto-estima e consequentemente no tratamento. Quando sentimos bem conosco mesmo fica mais fácil lutar contra as adversidades da vida.

ENVOLVIDA: Qual a mensagem que você deixa para as mulheres que receberão seus cabelos e também para mulheres que querem ter essa atitude?

Roberta: Para as mulheres, crianças e pessoas de todas as idades e gêneros possam receber meus cabelos (eu não sei quem os receberão) eu desejo do fundo do meu coração que eles possam sentir a mesma alegria que eu tenho com eles. Que meus cabelos sirvam para alegrar os dias de sol e também os dias de chuva nesta caminhada. Que eles possam sentir que por trás deles (meus cabelos) existe uma mulher que se solidariza, tem amor e que torce pela plena recuperação de todos. Quero que não percam a esperança e a principalmente fé em Deus e em si mesmo que amanhã é outro dia, outra oportunidade de viver, lutar, persistir, ser feliz apesar de...

E respondendo a segunda parte da pergunta. Mulheres doem seus cabelos. Olhem para mim e veja a minha felicidade com este ato de amor. Quero que meu exemplo toque os seus corações com esse amor incondicional aos irmãos que estão precisando. Deixem seu coração falar mais alto. Deixem Deus usá-las como instrumentos para auxiliar essas pessoas que necessitam deste gesto. Doem!!! Tenham amor no peito e deixem de lado a vaidade; vocês sentirão uma alegria e uma leveza na alma que não há como descrever aqui em palavras de tão sublime e divino que é. Ajudar o próximo não é um favor pelo contrário é uma oportunidade para si mesma em fazer o bem sem olhar a quem. Praticar as palavras de Cristo. Ser cristã na prática. É isto que tenho para dizer para todas elas.

E para finalizar peço licença para transcrever uma frase do amigo e mentor Chico Xavier um ser iluminado e exemplo para todos nós: "A caridade é o processo de somar alegrias, diminuir males, multiplicar esperanças e dividir a felicidade para que a Terra se realize na condição do esperado Reino de Deus". Assim Seja! Muito Obrigada Carol Damaso pela oportunidade em dividir meus sentimentos com você e todos(as) seus leitores(ras).

Roberta Carrilho 


Nossos agradecimentos a Roberta, que gentilmente se propôs a nos dar a entrevista, recheada de palavras que encantam e emocionam! E mais uma vez parabéns pelo gesto solidário!