terça-feira, 18 de janeiro de 2011

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL -Daniel Goleman (EXISTE VIDA INTELIGENTE NAS EMOÇÕES?)


Para que tenhamos uma compreensão mais ampla sobre exatamente como poderia ser esse exercício de raciocínio, temos que recorrer a outros teóricos que seguem o pensamento de Gardner - entre os quais se destacam o psicólogo de Yale, Peter Salovey, que estabeleceu, em detalhes, as formas como podemos levar inteligência às nossas emoções. Esse trabalho não é novo; ao longo dos anos, mesmo os mais ardentes teóricos do QI tentaram, às vezes, introduzir as emoções, no domínio da inteligência, em vez de ver "emoção" e "inteligência" como uma inerente contradição terminológica. Assim, E.L. Thorndike, um destacado psicólogo que também foi influente na popularização da idéia do QI nas décadas de 1920 e 30, sugeriu em artigo na Harper's Magazine que um dos aspectos da inteligência emocional, a inteligência "social" - aquela capacidade de entender os outros e "agir com sabedoria nas relações humanas" -, era um aspecto do QI de uma pessoa. Outros psicólogos da época adotaram uma visão mais cínica da inteligência social, encarando-a em termos de capacidade de manipular outras pessoas - levá-las a fazer o que queremos, em detrimento de suas próprias vontades. Mas nenhuma dessas formulações de inteligência social exerceu muita influência sobre os teóricos do QI e, em 1960, um importante livro didático sobre testes de inteligência considerou a inteligência social um conceito "inútil".

Mas a inteligência pessoal não seria ignorada, sobretudo porque faz ao mesmo tempo sentido intuitivo e comum. Por exemplo, quando Robert Sternberg, outro psicólogo de Yale, pediu a determinadas pessoas que descrevessem uma "pessoa inteligente", as aptidões práticas estavam entre os principais aspectos que foram relacionados. Pesquisas mais sitemáticas realizadas por Sternberg o fizeram retornar à conclusão de Thorndike: que a inteligência social é, ao mesmo tempo, diferente das aptidões acadêmicas e parte-chave do que faz as pessoas se saírem bem nos aspectos práticos da vida. Entre as inteligências práticas tão altamente valorizadas, por exemplo, no espaço profissional, está aquela sensibilidade que permite aos administradores eficientes captar mensagens tácitas.

Nos últimos anos, um grupo cada vez maior de psicólogos chegou a conclusões semelhantes, concordando com Gardner que os antigos conceitos de QI giram em torno de um estreita faixa de aptidões linguísticas e matemáticas, e que um bom desempenho em testes de QI é um fator de previsão mais direta  de sucesso em sala de aula ou como professor, mas cada vez menos quando os caminhos da vida se afastam da academia. Esses psicólogos - entre eles Sternberg e Salovey - adotaram um visão mais ampla de inteligência, tentando reinventá-la em termos do que é necessário para viver bem a vida. E essa linha de investigação retorna ao reconhecimento de como, exatamente, é crucial a inteligência "pessoal" ou emocional.

Salovey, com eu colega John Mayer, propôs uma definição elaborada de inteligência emocional, expandindo essas aptidões em cinco domínios principais:

  1. CONHECER AS PRÓPRIAS EMOÇÕES: Autoconsciência - reconhecer um sentimento quando ele ocorre - é a pedra de toque da inteligência emocional. Como veremos no Capítulo 4, a capacidade de controlar sentimentos a cada momento é fundamental para o discernimento emocional e para a autocompreensão. A incapacidade de observar nossos verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas mais seguras acerca de seus próprios sentimentos são melhores pilotos de suas vidas, tendo uma consciência maior de como se sentem em relação a decisões pessoais, desde com quem se casar a que emprego aceitar.
  2. LIDAR COM EMOÇÕES: Lidar com os sentimentos para que sejam apropriados é uma aptidão que desenvolve na autoconsciência. O Capítulo 5 vai examinar a capacidade de confortar-se, de livrar-se da ansiedade, da tristeza ou irritabilidade que incapacitam - e as consequências resultantes do fracasso nessa aptidão emocional básica. As pessoas que são fracas nessa aptidão vivem constantemente lutando contra sentimentos de desespero, enquanto outras se recuperam mais rapidamente dos reveses e pertubações da vida.
  3. MOTIVAR-SE: Como mostrará o Capítulo 6, pôr as emoções a serviço de uma meta é essencial para centrar a atenção, para a automotivação e o controle, e para a criatividade. O autocontrole emocional - saber adiar a satisfação e conter a impulsividade - está por trás de qualquer tipo de realização. E a capacidade de entrar em estado de "fluxo" possibilita excepcionais desempenhos. As pessoas que têm essa capacidade tendem a ser mais produtivas e eficazes em qualquer atividade que exerçam.
  4. RECONHECER EMOÇÕES NOS OUTROS: A empatia, outra capacidade de se desenvolve na autoconsciência emocional, é a "aptidão pessoal" fundamental. O Capítulo 7 investigará as raízes da empatia, o quanto nos custa não saber "escutar" as emoções, e os motivos pelos quais a empatia gera altruísmo. As pessoas empáticas estão mais sintonizadas com os sutis sinais do mundo externo que indicam o que os outros precisam ou o que querem. Isso as torna bons profissionais no campo assistencial, no ensino, vendas e administração.
  5. LIDAR COM RELACIONAMENTOS: A arte de se relacionar é, em grande parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros. O capítulo 8 examina a competência e a incompetência, e as aptidões específicas envolvidas. São as aptidões que determinam a popularidade, a liderança e a eficiência interpessoal. As pessoas excelentes nessas aptidões se dão bem em qualquer coisa que dependa de interagir tranquilamente com os outros; são estrelas sociais.

Claro, as pessoas diferem em suas aptidões em cada um desses campos; alguns de nós podemos ser bastante hábeis no lidar, digamos, com nossa ansiedade, mas relativamente ineptos no confortar os aborrecimentos de outra pessoa. O que jaz sob nosso nível de aptidão é sem dúvida de ordem neural, mas, como veremos, o cérebro é admiravelmente flexível, em constante aprendizagem. As nossas falhas em aptidões emocionais podem ser remediadas: em grande parte, cada um desses campos representa um conjunto de ha´bitos e respostas que, com o devido esforço, pode ser aprimorado.


Estarei transcrevendo alguns capítulos do livro "Inteligência Emocional" do autor Daniel Goleman, porque acredito que posso ajudar alguma pessoa que tenha dificuldades em lidar e conviver com suas emoções de forma cognitiva. Quem sabe?

"O CONHECIMENTO É IRRESISTÍVEL"

... e é mesmo rsrsrsrs

'A inteligência emocional mesmo em graus variados, oferece uma perspectiva instrutiva às qualidades de uma pessoa. Ela contribui com um maior número das qualidades que nos tornam mais plenamente humanos'.

Roberta Carrilho 


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