"Nunca pergunte por quem dobra os sinos; ele dobra por ti" é um dos versos mais famosos da literatura inglesa. O sentimento de John Donne fala ao cerne da ligação entre empatia e envolvimento: a dor do outro é nossa. Sentir com o outro é envolver-se. Neste sentido, o oposto de empatia é antipatia. A atitude empática empenha-se interminavelmente em julgamentos morais, pois os dilemas morais envolvem vítimas potenciais. Deve-se mentir para evitar ferir os sentimentos de um amigo? Deve-se manter o compromisso de visita a um amigoa doente ou, ao contrário, aceitar um convite de última hora para um jantar? Até quando devem ser mantidos ligados os aparelhos hospitalares que mantêm a vida de alguém?
Essas questões morais são colocadas pelo pesquisador de empatia Martin Hoffman, que afirma que as raízes da ética estão na empatia, pois é o sentir empatia com as vítimas potenciais - alguém que sofre, que está em perigo, ou que passa privação, digamos -e, portanto, partilhar da sua aflição que leva as pessoas a agirem para ajudá-las. Além dessa ligação imediata entre empatia e altruísmo nos encontros pessoais, Hoffman sugere que a própria capacidade de afeto empático, de colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir certos princípios morais.
Hoffman vê um desenvolvimento natural na empatia e partir da infância. Como vimos, com um ano de idade, a criança se sente aflita quando vê outra cair e começar a chorar; sua relação é tão forte e imediata que ela põe ó polegar na boca e enterra a cabeça no colo da mãe, como se fosse ela a machucada. Depois do primeiro ano, quando os bebês se tornam mais conscientes de que são distintos dos outros, tentam ativamente consolar um outro que chora, oeferecendo-lhe ursinhos de pelúcia, por exemplo. Já aos 2 anos as crianças começam a perceber que os sentimentos dos outros não são os seus e, com isso, se tornam mais sensíveis a indícios que revelam o que o outro de fato sente; nessa altura, podem, por exemplo, reconhecer que o orgulho de outra criança pode significar que a melhor maneira de ajudá-la a lidar com suas lágrimas é não chamar indevida atenção para elas.
No fim da infância, surgem os mais elevados níveis de empatia, pois as crianças são capazes de entender a aflição que está além de um acontecimento específico e constatar que a condição ou posição de alguém na vida pode ser um motivo de aflição permanente. Nesse ponto, as crianças podem perceber as circunstâncias de todo um grupo, como os pobres, os oprimidos, os marginalizados. Essa compreensão, na adolescência, pode reforçar convicções morais centradas na vontade de aliviar o infortúnio e a injustiça.
A empatia é o suporte de muitas facetas de julgamento e ação morais. Uma delas é a "raiva empática", que John Stuart Mill descreveu como "o sentimento natural de retaliação (...) tornado pelo intelecto e a simpatia aplicável (...) aos sofrimentos que nos ferem por feri outros"; Mill chamou isso de "guardião da justiça". Outro exemplo em que a empatia conduz à ação moral é quando um circunstante é levado a intervir em favor de uma vítima, maior a probabilidade de vir a intervir. Há algum indício de que o nível de empatia que as pessoas sentem também afeta seus julgamentos morais. Por exemplo, estudos na Alemanha e nos Estados Unidos constataram que, quanto mais empáticas as oessoas, mais fica fortalecido, para elas, o princípio moral segundo o qual a riqueza deva ser distribuída conforme a necessidade de cada um.
Daniel Goleman
Sou uma pessoa extremamente empática... desde sempre. Quem realmente me conhece sabe que meu coração é maior do que meu tamanho físico. E olha que eu sou uma mulher 'grande' (1,75m).
Tenho um senso moral muito forte e consequentemente não consigo ver ou aceitar situações injustas sem interferir. Outra coisa que é bastante acentuada na minha personalidade é que eu não sou egoísta ou pelo menos tento não ser.
Roberta Carrilho
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