Vamos encarar os fatos. Não é tão fácil escutar as crianças quando elas estão expressando sentimentos de raiva ou mágoa. É muito mais fácil e mais prazeroso escutá-las quando expressam emoções positivas. Todos ficamos felizes quando uma criança chega em casa da escola e exclama: "Mãe, minha professora disse que eu entreguei um trabalho perfeito e me deu um estrela de ouro!" ou, então, quando declara alegremente: "O bebê é tão divertido. Ele realmente me faz rir". A mensagem é completamente diferente quando não é tão otimista. Quando uma criança mais velha se queixa contra seu irmão mais novo, é tentador negar seu ressentimento e ciúme. Muitos pais acreditam erroneamente que deveriam tentar discutir com as crianças os sentimentos raivosos, pessimistas ou tristes. Claro que não queremos que nossas crianças sejam infelizes, mas não temos o poder de tornar as coisas boas para elas todo o tempo. Falar para uma criança que foi rejeitada no time de beisebol: "Você superará isso ... não é o fim do mundo!", nega o quão magoado ela se sente. Nem vai adiantar para uma criança, cujo irmão ainda bebê destruiu seu brinquedo favorito, ser consolada com estas palavras: "Não faça tanto drama. Ele não quis fazer isso". Comentários como esses fazem as crianças sentirem como se nós não as entendêssemos nem nos preocupássemos com seus sentimentos.
Realmente não é nosso trabalho resolver os dilemas de nossos filhos. Nem temos o poder de torná-los felizes quando eles não se sentem assim. Mas não importa a idade de nossos filhos, devemos é dizer que seus sentimentos são válidos e que eles não são, de forma alguma, ruins por sentirem isso.
Reconhecer os sentimentos é uma habilidade essencial para os pais manterem o domínio. Eis algumas estratégias específicas:
- Descreva o que você ouve e vê, sem fazer um julgamento. Por exemplo, seu filho de oito anos reclama que tem muita lição de casa. Não responda com um sermão: "Você já está na segunda série; não pode esperar que a escola seja apenas diversão e jogos!" ou negando, contradizendo ou criticando:"Por que você sempre está reclamando? Essa é uma tarefa bem fácil". Em vez disso, responda de maneira descritiva e não julgadora: "Parece muita lição. A segunda série não é fácil".
- Reconheça o sentimento colocando-se no lugar da criança. Por exemplo, seu filho de quatro anos diz: "Está muito escuro aqui. Eu tenho medo de que os monstros venham". Tente não responder: "Não seja ridículo. Monstros não existem" ou " Não aja como um bebê" ou ainda "Você apenas está dando uma desculpa para não ir para a cama". Para reconhecer o sentimento, você poderia dizer: "Eu suponho que dormir em um quarto escuro possa dar medo mesmo. O que podemos fazer para não torná-lo tão assustador?".
- Repita a frase de seu filho quando você não estiver seguro sobre o que dizer ou precisar de mais informações. Por exemplo, sua criança diz: "O motorista do ônibus gritou comigo na frente de todos os meus amigos". Evite dizer: "Você deve ter merecido isso!" ou "O que você fez desta vez?". Essas respostas pressumem que seu filho é culpado antes de você conhecer os fatos. Em vez disso, diga: "Ele gritou com você na frente de todos os seus amigos? Nossa!". Com essa resposta é mais provável que você consiga extrair detalhes adicionais sobre o que aconteceu.
Eu sempre lembro os pais para serem permissivos com os sentimentos e rígidos com o comportamento. Uma pessoa não pode deixar de sentir o que sente, mas pode conter seu comportamento. Como pais, nosso trabalho é ajudar as crianças a perceberem que há uma distinção básica entre palavras e ações. A mensagem é: sinta o que você semte, mas controle o que você faz.
Uma história de pais: O grunhido terapêutico
Nunca subestime o poder de um grunhido. O grunhido terapêutico é simples e poderoso. Quando você murmura com compaixão, faz seu filho saber que você o está escutando, apesar de ser completamente não-julgador. Esse também é um bom modo de extrair mais informações.
Uma mãe me falou como usou essa técnica com o filho, Billy. Quando reclamava que a professora dele era injusta, a resposta da mãe era um simples "hummm...". Sem se sentir ameaçado, ele continou falando... "Ela realmente é uma chata!".
"Ela é chata?", a mãe perguntou.
"Sim. Ela disse que eu não estudei, porque dei uma resposta errada. Mas eu estudei. Eu só não sabia aquela resposta".
"Hummm", grunhiu a mãe, acrescentando: "Você acha que ela não foi justa. Como você gostaria de lidar com isso? Tem alguma idéia do que poderia dizer a ela?".
Nancy Samalin e Catherine Whitney
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