Essa estrada de mão dupla sem acostamento onde se segue em frente ou será, em algum momento, atropelado. Um caminho breve, mas cheio de curvas. Passeio a qual nos dispusemos encarar sem um mapa, sem um roteiro, sem a certeza do destino final. Um ponto de partida às escuras.
E nesse percurso vamos vivendo sem saber ao certo qual o significado de viver. Aprendemos a engatinhar e a pedir, e isso faz de nós humanos libertos, mas dependentes. Podemos ir a qualquer momento para onde quer que seja, mas não antes de termos um motivo… Aprendemos a querer ter razão e valermos dela até mesmo quando não há possuímos. Erramos achando estarmos certos e beijamos acreditando sermos amados. Misturamos realidade com fantasia sonhando com a combinação perfeita. Mas qual seria ela? O amor perfeito entre seres iguais, mas tão distintos?
O equilíbrio entre o leve e o pesado formando o sustentável? Ou quem sabe a verdade fazendo da mentira algo tolerável?
E, ainda sem sair da estrada, vamos procurando as placas e sinalizadores que nunca existiram. Uma tola mania de querer saber antes de conhecer, de colher antes de plantar e chegar antes mesmo de sair. E para onde vamos? Quase nunca sabemos e somos tomado pelo medo de permanecer no mesmo lugar e sermos deixados para trás. É aí que cometemos os mais tolos, porém compreensivos, erros. Erramos por medo, por amor, por inveja, por insensatez…
Erramos sem nem perceber.
Cobramos tanto da vida e no final tudo o que queremos e desejamos é que ela tenha sido feliz. A verdade é que nos contentamos com pouco, só não sabíamos que esse pouco nos custaria muito.
Por quantas vezes nosso sorriso não custou uma lágrima alheia? Será que você sabe e entende que o seu sonho mais simples pode lhe custar uma vida inteira? Que o seu sucesso às vezes custou o fracasso imerecido de alguém e que, aceitando ou não, a culpa foi sua? Será que é preciso falar do quanto nosso “amor” já nos custou? De quantos sonhos ele assassinou? Acho que não. Cada um sabe o preço que está disposto a pagar. Mas a pergunta será sempre a mesma: vale a pena? Se valer pagaremos até com a alma se preciso for. Talvez seja por isso que eu amo com a alma, porque vale a pena.
Nunca me disseram que viver seria fácil, mas nunca ninguém entendeu porque é assim tão difícil. Viver ás vezes dói. Machuca ainda mais quando vivemos com a dor da vida que se foi, que nos tiraram. Quando vivemos sem saber a que vida pertencemos. Mas, ainda sim, a vida é prazerosa e não devemos reclamar dos não fortuitos pois eles só nos engrandecem.
Portanto, falando de vida e adaptando-se a ela, quero viver independente das dores, tormentos e sofrimentos que inevitavelmente terei que enfrentar, pois sei que as alegrias e recompensas valem a pena. Nenhum tropeço paga o prazer de reerguer-se, nenhuma dor pode ser maior que o amor que me regenera e nenhum sofrimento se compara à alegria que tenho de viver.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” .
Paloma Graziella
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