domingo, 12 de maio de 2013

A UTOPIA DO BAR PERFEITO - Xico Sá




“Para dizer toda a verdade, o bar perfeito não existe”, sopra, ainda de cara, um cronista do ramo, ele mesmo, o inimitável mineiro, carioca e botafoguense Paulo Mendes Campos, nuestro PMC.

No que adentra a taberna o Antonio Prata, paulista, corintiano, cronicamente mais jovem. Sacode o coreto: “Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins”.

O bar é o lar doce lar da crônica, essa vira-lata da literatura digna de iluminados vagabundos e mariposas idem. Cada um de nós temos os nossos estabelecimentos preferidos e tentamos decifrar, geração a geração, o que seria um decente pé-sujo.

PMC disse que um bar legal precisa apresentar cinco qualidades fundamentais:

1) Boa circulação de ar;

2) bom proprietário;

3) bons garçons;

4) bons fregueses e

5) boa bebida.

A teoria está na crônica “Por que bebemos tanto assim?”, página 38 da coletânea “O amor acaba” (ed. Companhia das Letras).

PMC explica, então, como não existe o bar perfeito:

“Quando o garçom é um flor de sujeito, o dono do bar costuma ser uma besta; se os fregueses são alcoólicos esclarecidos, o ambiente às vezes é quente e abafado; vai ver um excelente e confortável bar refrigerado, e boa porcentagem de uísque é fabricada no Engenho de Dentro”.

Realmente, amigo, é difícil um botequim fazer a quina pleiteada pelo cronista. Por enxerimento na crônica alheia, acrescentaria mais dois critérios: preço bom/justo e choro.

Não respeito bar que garçom não chora na dose. É mais uma instituição nacional que está sob ameaça. Sei que a culpa pode ser debitada ao item 2 da lista de PMC: falta de bons proprietários.

Para o mulherio, um bom banheiro também entra no código das exigências. Justíssimo.

Enfim, não deixaremos de buscar o bar perfeito. Conto, nesta sagrada missão, com o palpite dos amigos.

Alguma dica de estabelecimento que se aproxima do ideal de Paulo Mendes Campos?




PerfilXico Sá é escritor, jornalista e colunista daFolha
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