domingo, 7 de outubro de 2012

CHEGOU MEU LIVRO: RÁPIDO E DEVAGAR DUAS FORMAS DE PENSAR - Daniel Kahneman


Chegou o livro do Daniel Kahneman e estou entusiasmada com a leitura. É muito bom!!! Não consigo parar de lê-lo já estou na página 72 'primings que nos orientam'.
Roberta Carrilho

Vejam um trechinho da pagina 37, Parte I, Capítulo: Dois Sistemas:

(...) Para resistir à ilusão, só existe uma coisa que você pode fazer: deve aprender a desconfiar da extensão de linhas quando há setas anexadas a suas extremidades (setas ilusão de Müller-Lyer). Para implementar essa regra, você deve ser capaz de reconhecer padrão ilusório e recordar o que sabe a respeito. Se for capaz de fazer isso, nunca mais será tapeado pela ilusão de Müller-Lyer. Mas continuará a ver uma linha como mais comprida de que a outra.

Nem todas as ilusões são visuais. Há ilusões de pensamento, que chamamos de ilusões cognitivas. Quando ainda estava na universidade, frequentei alguns cursos sobre arte e ciência da psicoterapia. Durante uma dessas aulas, o professor nos agraciou com uma pitada de sua sabedoria clinica. O que ele nos contou foi o seguinte: "De tempos em tempos você vai ter um paciente que vai lhe contar uma história perturbadora dos múltiplos equívocos cometidos em seu tratamento prévio. Ele passou por inúmeros médicos e nenhum tratamento deu certo. O paciente  pode descrever lucidamente como seus terapeutas o compreenderam mal, mas que ele percebeu rapidamente que você é diferente. Você partilha dos mesmos sentimento, está convencido de que o compreende e que vai poder ajudar." Nesse ponto meu professor ergueu a voz e disse: "Nem sonhem em pegar esse paciente! Chutem-no para fora do consultório! Ele muito provavelmente é um psicopata e você não será capaz de ajudá-lo".

Abrindo um parêntese... Eu vivia com um 'sujeito ignóbil' em 2001 que era paciente do Dr. Breno de Castro - psiquiatra em BH. E, num belo dia, ligo para marcar-agendar uma consulta para este fulano e a secretária desse psiquiatra naquela época respondeu assim: O 'fulano de tal' o Dr. Breno não atende mais. Desculpa! Aqui ele não será mais atendido. Boa tarde! E desligou. (???) Achei e continuo achando mega estranho isso. Deve ser um caso desses, creio eu. Foi a única vez que eu vi isto acontecer na minha vida até hoje.

Muitos anos depois descobri que o professor nos advertira contra o charme psicopático e a principal autoridade no estudo de psicopatia confirmou que o conselho do professor era sensato. A analogia com a ilusão de Müller-Lyer é próxima. O que nos estava sendo ensinado não era como devíamos nos sentir em relação ao paciente. Nosso professor partia da certeza de que a simpatia que sentiríamos pelo paciente não estaria sob nosso controle; ela brotaria do sistema 1 (pensamento rápido, intuitivo). Além do mais, não era para aprendermos a desconfiar de um modo em geral de nossos sentimentos em relação aos pacientes. A lição era que uma forte atração por um paciente com um histórico repetido de tratamento fracassado é um sinal perigoso - como as setas nas linhas paralelas. É uma ilusão - uma ilusão cognitiva - e me foi ensinado (Sistema 2 - pensamento devagar, mais racionalizado, elaborado) a reconhecê-la e ficar de sobreaviso para não acreditar nela nem agir com base nisso.

A pergunta que se faz com mais frequência sobre as ilusões cognitivas é que elas podem ser dominadas. A mensagem desses exemplos não é encorajadora. Como o Sistema 1 opera automaticamente e não pode ser desligado a seu bel-prazer, erros do pensamento intuitivo muitas vezes são difíceis de prevenir. Os vieses nem sempre podem ser evitados, pois o Sistema 2 talvez não ofereça pista alguma sobre o erro. Mesmo quando dicas para prováveis erros estão disponíveis, estes só podem ser prevenidos por meio do monitoramento acentuado e da atividade diligente do Sistema 2. Como um modo de viver sua vida, vigilância contínua não necessariamente é um bem, e certamente é algo impraticável. Questionar constantemente nosso próprio pensamento seria impossivelmente tedioso, e o Sistema 2 é vagaroso e ineficiente demais para servir como um substituto para o Sistema 1 na tomada de decisões rotineiras. O melhor que podemos fazer é um acordo: aprender a reconhecer situações em que os enganos são prováveis e se esforçar mais para evitar enganos significativos quando há muita coisa em jogo. A premissa deste livro é de que é mais fácil reconhecer os enganos das outras pessoas do que os nossos.


Notas sobre o livro:
“Uma obra-prima.” - Financial Times 
Eleito um dos melhores livros de 2011 pelo New York Times Book Review 
Rápido e devagar: duas formas de pensar

Uma visão inovadora sobre como nossa mente funciona e como tomamos decisões. 
Do Prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman

Todos nós acreditamos que o homem, por ser dotado de razão, é capaz de conter os instintos e as emoções, avaliando objetivamente as situações e escolhendo, dentre várias alternativas, a que lhe é mais vantajosa. Estudos conduzidos durante anos por Daniel Kahneman, um dos mais importantes pensadores do século XXI, colocam em xeque a ideia de que a nossa tomada de decisões é essencialmente racional.
Em Rápido e devagar: duas formas de pensar, o autor nos leva a uma viagem pela mente humana e explica as duas formas de pensar: uma é rápida, intuitiva e emocional; a outra, mais lenta, deliberativa e lógica. Kahneman expõe as capacidades extraordinárias — e também os defeitos e vícios — do pensamento rápido e revela o peso das impressões intuitivas nas nossas decisões. Comportamentos tais como a aversão à perda, o excesso de confiança no momento de escolhas estratégicas, a dificuldade de prever o que vai nos fazer felizes no futuro e os desafios de identificar corretamente os riscos no trabalho e em casa só podem ser compreendidos se soubermos como as duas formas de pensar moldam nossos julgamentos.
As questões colocadas por Kahneman se revelam muitas vezes inquietantes: é verdade que o sucesso de um investidor é completamente aleatório e que sua habilidade no mercado financeiro é apenas uma ilusão? Por que o medo de perder é mais forte do que o prazer de ganhar? Por que assumimos que uma pessoa mais bonita será mais competente?
Suas ideias tiveram um impacto profundo em muitas áreas, incluindo economia, psicologia, medicina e política, mas é a primeira vez que reúne seus muitos anos de pesquisa e pensamento em um livro.
De forma envolvente, o autor revela quando podemos ou não confiar em nossa intuição. Oferece insights práticos e esclarecedores sobre como tomamos decisões nos negócios e na vida pessoal, e como podemos usar diferentes técnicas para nos proteger contra falhas mentais que muitas vezes nos colocam em apuros. 
Rápido e devagar: duas formas de pensar transformará a maneira como você vê o mundo.

Daniel Kahneman

Economista israelense nascido em Tel Aviv, Israel, professor da Princeton University, Princeton, New Jersey, USA, e um importante teórico da finança comportamental e um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia (2002) por inovações nos campos de economia experimental e psicologia econômica, especialmente a respeito do julgamento humano e a tomada de decisão diante da incerteza, dividido com outro economista, o estadunidense Vernon Lomax Smith. Filho de judeus lituanos que imigraram para a França depois da I Guerra Mundial, nasceu durante uma visita que sua mãe fazia a parentes no Oriente Médio e viveu sua infância em Paris, onde seu pai trabalhava como pesquisador em uma indústria química e que morreu de diabetes (1944). Mudou-se para a Palestina (1946) e diplomou-se com um B.Sc. em licenciatura de matemática e psicologia na Universidade Hebraica de Jerusalém (1954), e começou sua carreira profissional servindo nas forças de defesa de Israel, atuando no seu departamento de psicologia, onde serviu por dois anos. Dois anos depois (1958) foi com a esposa Irah para San Francisco, nos United States, e trabalhou por alguns meses no Austen Riggs Clinic, em Stockbridge, Massachusetts, onde estudou com o psicanalista teórico David Rapaport. Depois fez um doutoramento em Psicologia pela University of California, em Berkeley (1961). Com Amos Tversky, trabalhou no Oregon Research Institute (1971-1972), em Eugene, e ganharam fama ao criarem uma base cognitiva para os erros humanos comuns, usando a heurística e desenvolvendo a prospect theory, publicada através de um paper na Science (1974). Foi professor visitante no Center for Advanced Studies, em Stanford (1977-1978), ensinou na University of British Columbia, Berkeley (1986-1993) e depois foi para Princeton University (1993). Também é fellow da Universidade Hebraica, apesar de ser um psicólogo e nunca ter feito qualquer disciplina em economia.



FUNDAÇÃO NOBEL: http://nobelprize.org/

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