Sou fã deste Estadista.
Salve! Salve! Mujica
Roberta Carrilho
Eu lhe apresento José Mujica, o presidente do
Uruguai é o rei da simplicidade:
Uruguai é o rei da simplicidade:
José Mujica caminhando pelo seu sítio
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“As pessoas não compram com dinheiro, compram com o tempo que tiveram que gastar para ter esse dinheiro”
José Mujica, atual presidente uruguaio é uma figura emblemática da simplicidade e do desapego nos dias atuais. Um homem com seu posto, na maioria das vezes viveria com as mais sofisticadas regalias, tendo em volta tudo do bom e do melhor que está disponível no mercado. Mas José Mujica é diferente.
Talvez sua maior ousadia tecnológica seja se arriscar lendo jornais em seu Ipad. Mas para por ai. Mujica vive em em uma humilde chácara há cerca de 10 km de Montevidéu, com a proteção de apenas dois policiais em uma guarita improvisada. Ele vive com sua esposa, que também atua no meio politico. Mujica descartou o palácio presidencial e até chegou a oferecê-lo como refúgio para os sem-teto. Em troca das muvucas e da barulheira das grandes metrópoles, Mujica preferiu ficar apenas com o canto das aves de seu sitio.
E não ouse rotular Mujica como uma pessoa pobre, já que ele contra-argumenta com a seguinte frase:
“Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres, eu tenho o suficiente”
Quando a indústria da guerra enchia seus olhos com um possível confronto bélico na Síria, Mujica fez a seguinte declaração, conquistando ainda mais a simpatia do povo:
"Único bombardeio admissível na Síria seria de leite em pó e biscoitos"
Como politico, José Mujica é ousado. Vale ressaltar que o Uruguai é um país com apenas 3,5 milhões de habitantes, com a agricultura e a criação de gado como atividades econômicas principais, em que se vive um ritmo calmo de uma população madura. O país em si é mais famoso pela cultura do futebol e pelas praias de veraneio. Logo da chegada à Presidência de José “Pepe” Mujica, ex-guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, que passou 14 anos preso durante a ditadura militar, a primeira lei que chamou a atenção foi a descriminalização do aborto. O tema da interrupção da gravidez gerou forte oposição de setores religiosos, para quem o começo da vida se dá desde a concepção. Ainda assim venceram os que defendem a regulamentação do aborto, quando ainda não se atinge etapas avançadas da gestação, a fim de evitar procedimentos clandestinos, sem condições sanitárias e com frequentes consequências graves para a mãe, em especial as pertencentes à população pobre. O resultado foi positivo. Em seis meses de legalização, Uruguai não registrou mortes de mulheres que abortaram. Foram realizados 2.550 abortos legais. Uruguai se tornou um dos países com taxas de aborto mais baixas do mundo.
A segunda lei que colocou o Uruguai na vanguarda progressista da América Latina foi a do matrimônio igualitário, de abril de 2013. A legislação permite a adoção também aos casais homossexuais e que a ordem do sobrenome dos filhos seja decidida pelos pais. O Uruguai também fez possível o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas.
A terceira lei que fez voltar os olhos para o Uruguai foi a legalização da maconha, cujas características da legislação a fazem única no mundo. Já era possível cultivar e possuir a erva para consumo individual, como em outros países, mas agora o Estado passaria a controlar produção, distribuição e venda.
José Mujica tem suas individualidades como qualquer pessoa, o Uruguai também tem suas características. Não há como adotar exatamente as mesmas medidas no Brasil ou em outro país. As culturas são diferentes, a população é diferente, tudo é diferente. Porém fica a lição de um país que resolveu quebrar vários temas considerados tabu para beneficio do seu próprio povo.
José Mujica tem suas individualidades como qualquer pessoa, o Uruguai também tem suas características. Não há como adotar exatamente as mesmas medidas no Brasil ou em outro país. As culturas são diferentes, a população é diferente, tudo é diferente. Porém fica a lição de um país que resolveu quebrar vários temas considerados tabu para beneficio do seu próprio povo.
O Uruguai foi eleito país do ano pela Economist. É a primeira vez que a revista faz uma escolha desse tipo. Por quê?
Bem, primeiro porque listas e prêmios, quando bem feitos, são sempre atraentes. Depois, e principalmente, porque o Uruguai merece um troféu.
Os editores explicam que consideraram o Sudão do Sul, a Irlanda, a Estônia e a Turquia, entre outros, pelo desempenho econômico. Mas se preocuparam com o fato de um método econométrico reduzir um triunfo. Há mais coisas que devem ser consideradas.
E o Uruguai é mais do que isso. Diz a Economist:
As realizações que mais merecem louvor, pensamos, são reformas pioneiras que não se limitam a melhorar uma única nação, mas que, se emuladas, podem beneficiar o mundo. O casamento gay é uma política que ultrapassa fronteiras, aumentando a soma global de felicidade humana sem nenhum custo financeiro.
Vários países implementaram essa medida em 2013, incluindo o Uruguai, que também, de maneira pioneira, aprovou uma lei para legalizar e regulamentar a produção, venda e consumo de cannabis.
Esta é uma mudança tão obviamente sensata, dificultando a vida dos bandidos e permitindo que as autoridades se concentrem em crimes mais graves, que nenhum outro país fez isso. Se os outros seguirem o exemplo, e outros narcóticos forem incluídos, o dano que tais drogas causam no mundo seria drasticamente reduzido.
Melhor ainda, o homem no topo, o presidente José Mujica, é admiravelmente modesto. Com franqueza incomum para um político, ele se referiu à nova lei como uma experiência. Mora em uma casa humilde, vai para o trabalho dirigindo um Volkswagen e voa de classe econômica. Modesto e ousado, liberal e divertido, o Uruguai é o nosso país do ano. ¡Felicitaciones!
Pepe Mujica simboliza esse momento. Recusou-se a viver no palácio presidencial e doa 90% de seu salário para a caridade. Foi criticado pela aprovação da lei da marijuana. Um dos críticos mais duros, Raymond Yans, presidente da Junta Internacional de Entorpecentes da ONU, disse que ela estava violando normas internacionais e que a reforma passou sem consulta às Nações Unidas.
Mujica, com seu tipo de dono de mercado de secos e molhados do interior de Minas Gerais, bateu na medalhinha de Yans: “Diga a esse velho careta para parar de mentir. Qualquer um na rua pode me encontrar. Que venha ao Uruguai e me encontre quando quiser… Ele pensa que, por estar numa posição internacional, pode falar o que quiser”.
Bravo. O Uruguai é cool, mas não à maneira de Nova York, Londres, Miami, Berlim etc. Não pela ostentação do dinheiro, pela vida noturna, pelos restaurantes, pelas compras, pelos prédios. É pelo espírito e pela civilidade. Por parecer um laboratório do que seria um país bom para se viver.
O número de brasileiros que vai para lá cresceu 13% de 2011 para 2012. Segundo o ministério do turismo uruguaio, vai aumentar. Desbancou a França como o terceiro país mais procurado pelo viajante do Brasil. O turismo relacionado ao consumo de maconha preocupa. O governo estabeleceu que apenas cidadãos com registro de residência terão direito aos 40 gramas por mês da lei. Isso, evidentemente, não deterá ninguém.
Há dois anos, estive em Punta del Este. Para além das praias bonitas de areia branca e fofa, do bairro bonito onde se concentram bares e restaurantes, do certinho com cara de Guarujá civilizado e da jogatina nos cassinos, onde meu sobrinho Kid Creole fez a festa, o que realmente impressionava era a tranquilidade absoluta com que grupos de jovens pediam carona na beira da estrada. Era como se fosse uma grande excursão em que todos se conheciam. O último crime — um furto — ocorrido ali havia sido em 2008.
Que a aldeia gaulesa ao sul do continente continue o país do ano por muito tempo. Mas sem pressa. “Pelo caminho mais longo a viagem é mais curta”, gosta de dizer Mujica.
Kiko Nogueira
26/12/2013
Mujica vai de sandálias a posse de ministro
O presidente do Uruguai, José Mujica, compareceu a cerimônia de posse do seu novo ministro da Economia, Mario Bergara, usando sandálias.
O traje casual do presidente se destacou entre os demais presentes que vestiam terno e gravata.
O calor do Uruguai, acima dos 35°C, foi a justificativa para que Mujica optasse por sandálias e levantasse as calças quase na altura dos joelhos.
Segundo o jornal argentino "Clarín", Mujica surpreendeu "pelo pouco apelo ao protocolo".
O uruguaio foi notícia neste ano por legalizar e regular a produção, venda e consumo de maconha no país, que também aprovou o casamento gay.
A revista "The Economist" elegeu na semana passada o Uruguai como país do ano e elogiou o presidente, que tem uma franqueza "incomum" para um político e viaja na classe econômica.
Bergara assume a pasta da Economia depois que seu antecessor, Fernando Lorenzo, renunciou no sábado (21) antes que a Justiça o processasse por "abuso de funções" no caso da companhia aérea extinta Pluna.
CASO PLUNA
Mujica assumiu nesta quinta-feira a responsabilidade pela forma como foi liquidada em 2012 a companhia aérea do país, Pluna, um processo atualmente investigado pela Justiça e que custou a renúncia de Lorenzo.
"Sou responsável por esta estratégia que fracassou e a assumo", disse Mujica na posse de Bergara, que presidia o Banco Central (BCU).
A Pluna ficou nas mãos do governo em junho de 2012, após a saída da privada LeadGate, que detinha 75% da companhia. Mas a empresa aérea quebrou menos de um mês depois, após suspender todos os seus voos porque sua situação financeira tornava as operações "impossíveis".
Na época do fechamento, a Pluna operava 253 voos semanais entre Brasil, Argentina, Chile e Paraguai.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1390277-mujica-vai-de-sandalias-a-posse-de-ministro.shtml
MATÉRIA SOBRE JOSÉ "PEPE" MUJICA... VALE A PENA PERDER ALGUNS MINUTOS E LER A REPORTAGEM E, SE QUISEREM OUVIR UM DISCURSO SENSATO, PROFERIDO PELA BOCA DE UM GOVERNANTE (COISA RARA), ASSISTAM AO VÍDEO... FELIZ ANO NOVO A TODOS!
ResponderExcluirMarcelo obrigada pelo comentário. Este discurso do Mujica é uma aula de civilização avançada. É um exemplo de homem para ser seguido por todos nós.
ExcluirAbraços,