quinta-feira, 3 de março de 2011

A IRRITAÇÃO - Elaine Lilli Fong



Hoje é muito comum as pessoas dizererem: “Não fale comigo hoje, pois estou irratada(o)”, “Não agüento mais fulano(a)! Ele(a) me irrita”.

Afinal, onde começa a irritação? É o(a) outro(a) que te irrita ou é você que fica irritado?

Os seus sentidos se irritam, e não você. Enquanto você estiver identificado com os sentidos a irritação permanece. Os sentidos existem como veículos de captação de cada instante. Você está recebndo dezenas de informações de todas as partes a cada instante.

Saiba que o seus sentidos estão impregnados de crenças, regras, julgamentos e interpretações distorcidas da realidade. Seus sentidos estão totalmente poluídos por uma reprogramação constante do que é certo ou errado. Desde a infância os seus pais já diziam o que pode ou que não pode ser feito como se fossem buzinas intermináveis ressoando no seu aparelho auditivo. O seu cérebro mal se desenvolveu e você já foi programado para ser de um jeito.

A irritação é como um chiado de rádio fora da estação. É um mecanismo de defesa do ego. Os seus sentidos captam as informações do ambiente e das pessoas ali presentes e se o que você vê, escuta e sente não estiver dentro dos seus padrões de aceitação, possivelmente o sistema começará a sofrer estresse, gerando alteração do humor, desconforto físico e, consequentemente, muita irritação.

Esse mecanismo funciona através de duas palavras chaves: aceitação ou rejeição. Aceitação é igual a conforto. Rejeição é igual à tensão, desconforto.

Pare um pouco, e reflita: com o que você realmente está irritado? Com o outro ou com aquilo que você não aceita no outro? Com o ambiente ou com o visual não adequado que você acha do ambiente ? A cidade é chata ou não está dentro dos seus padrões de conforto e diversão ?

Portanto, se você se irrita constantemente, comece a rever os seus valores e princípios. É bem provável que eles estão saindo do padrão social e você queira mudar o que acontece a sua volta.

Quando a irritação surgir, faça uma pausa. Observe o dentro e o fora. Volte a sua atenção para os seus sentidos. Perceba-os. Reflita sobre o que está acontecendo? O que os seus sentidos estão captando que você não está dando conta?

Através dessas perguntas básicas você pode descobrir coisas que você não se dava conta. Não tente inibir a irritabilidade. Observe-a. Perceba-a e dialogue com ela.

É muito comum tentar sair imediatamente da situação quando se sentir irritada(o). Porém, isso não vai com que você se livre da irritação. Essa atitude apenas encobrirá a irritação fazendo com que a irritabilidade permaneça como pano de fundo, voltando ainda mais forte quando você se deparar com um novo estímulo.

Experimente praticar o silêncio e a observação. Não tome decisões precipitadas. Questione os impulsos, medite, descanse, fique sozinho quando puder. E lembre-se que você não é irritado, mas você fica irritado.

Elaine Lilli Fong

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