segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

À IRA por Carlos Bernardo González Pecotche Raumsol


Esta reação violenta do ânimo produz-se o propenso por motivos que o indignam e ressentem, incitando-o a adotar represálias contra a pessoa que por ato ou palavra o ofendeu, magoou ou simplesmente cometeu o erro de excitá-lo. Predomina nesta pessoa o descontrole mental e suas explosões repentinas se repetem e incrementam por indução de deficiências que se aninham nele, como a intolerância, o orgulho, e sobretudo, o ressentimento ou o rancor.

É fácil deduzir que os estados de ira desencadeiam-se por via do instinto; daí que suas exteriorizações adquiram traços inconfundíveis de irracionalidade.

Quando nenhum fator moral e espiritual contribui para amenizar esta propensão, ela tende a substituir totalmente as atitudes serenas, de sorte que a pessoa, pela violência e fúria que a caracterizam, termina por afastar de si seus semelhantes, fato que mostra às claras o agravamento do mal.

O desconhecimento da própria psicologia e a ignorância da ação tirânica de certos pensamentos incitantes que a mente abraiga, fazem com que o homem propenso à ira não possa se conter e permaneça à mercê de seus arrebatamentos.

Sendo esta propensão acentuadamente temperamental, se compreenderá que sua eliminação requer uma contade a toda prova e uma cuidadosa vigilância dos pensamentos que têm predominância na mente. A observação ajudará a descobrir os fatores negativos que no interno ativam a propensão, aos quais cumprirá aquietar primeiro e depois desarraigar. Será também de grande eficácia ter presente o espectro desagradável da inutilidade desta propensão e de suas consequências sempre ingratas.

Livrar-se da ira é retirar do caminho um dos tantos suplícios internos que mantêm a vida em permanente angústia e contrariedade. Impõe-se, pois, lutar contra um mal que esmaga os sentimentos e converte em infeliz a quem dele padece.


Carlos Bernardo González Pecotche Raumsol



Nenhum comentário:

Postar um comentário