segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

À DISCUSSÃO por Carlos Bernardo González Pecotche Raumsol



Referimo-nos à pessoa que discute sem motivo, porque lhe agrada ou entretém; à pessoa que não leva em conta ou não lhe importam os conflitos inamistosos que costumam surgir da discussão e a ela se lança levado pelo prurido de prevalecer em qualquer tema que lhe dê motivo para sustentar seus pontos de vista.

Em tais casos, discute-se apenas pelo afã de oposição e frequentemente com a intenção de deixar mal o oponente que, por sua vez, pode ser teimoso ou obstinado, ou predisposto a acalorar-se e ressentir-se.

É comum que os discutem levados por esta tendência sejam os menos idôneos nas questões de que tratam, o que não diminui em nada a veêmencia com que sustentam as razões que admite sua pobre e obstinada dialética.

Geralmente, o afetado por esta propensão procura criar objeções a qualquer raciocínio, por mais acertado que seja, tratando por todos os meios ao seu alcance para destacar ou prevalecer o próprio, atitude que o particulariza como pessoa presunçosa e pouco considerada por seus semelhantes.

Se quem tem esta predisposição se colocasse em frente a um espelho e discutisse consigo mesmo, facilmente descobriria em sua imagem a inoperância de sua própria insipidez mental.

A propensão a discutir leva sempre ao mesmo resultado: perder inutilmente o tempo que poderia ser aproveitado em algo útil. Para evitá-la, basta não dar rédea solta à lingua, quando esta desata em argumentos discursivos e sofísticos.

É certo que a propensão a discutir deixa de ser uma inclinação defeituosa na pessoa que procura encontrar, por meio dela, pontos de concordância que conciliem as diferenças com o próximo. Neste caso, busca-se o intercâmbio de critérios, o qual, levado a cabo com um fim construtivo entre pessoas respeitadoras da opinião alheia e zelosas da cordialidade que as une, permite encontrar a forma transigente que as aproxima da coincidência.

A discussão assume seu verdadeiro caráter no livre exame, no qual os critérios se harmonizam e se unem mediante a observação, a experiência e o grau de realização individual alcançado pelas partes, sem nunca se perder de vista que toda atitude ou pensamento estranho ao propósito que ali concorre altera a ordem que deve reinar, para que os resultados sejam ótimos. Não se pode negar o caráter cosntrutivo que tem a discussão, quando os que nela intervêm procuram confirmar algum acerto ou se mostram permeáveis ao reconhecimento de um erro manifestado pela opinião contrária.



Carlos Bernardo González Pecotche Raumsol




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