O sentimento de autopiedade pode nos tornar doentes fisicamente. Uma espécie de "invalidez psíquica" envolve-nos a existência e, a partir daí, sentimo-nos inferiores e incapazes, levando-nos a uma perda total de confiança em nós mesmos.
A piedade aqui referenciada é o sofrimento moral de pesar ou a aflição que sentimos que experimentamos de amor, permeada de respeito e afeição pelos outros, revela-nos os reais sentimentos denominados de benevolência e de compaixão.
A baixa estima ou autopiedade pode-nos levar a ser vítimas de nós mesmos, pois estaremos somatizando essas emoções negativas em forma de doenças. Os sintomas da enfermidade podem ser considerados a forma física de expressar uma atitude interna, ou mesmo um conflito. Portanto, doentes não são somente as vítimas inocentes de algum desarranjo da natureza, mas também os facilitadores de sua própria moléstia.
Os acontecimentos em si mesmos nunca têm muito sentido; precisamos aprender a discernir o que há por trás do aspecto físico, ou seja, atingir o conteúdo metafísico das coisas. A importância e a mensagem de um fato ou de um acontecimento somente aparecem clarificados, quando interpretados em sua significação; é isso que nos permite a compreensão completa de seu sentido.
Quando deixamos de interpretar as ocorrências da vida e o seguimento natural que implicará seu destino, nossa existência mergulhará numa total falta de sentido.
A doença sempre tem uma intencionalidade e um objetivo, surgindo nas pessoas de baixa estima a fim de alertá-las de que existe uma descompensação psíquica (seu sentimento de inferioridade) e da necessidade de harmonizá-la.
Os traços psicológicos dos indivíduos que sentem autopiedade são reconhecidos pela ausência de experiências interiores. Eles possuem uma restrita visão de seu ritmo interno, não valorizam seu mundo íntimo nem desenvolvem seu potencial inato, quer dizer, suas capacidades latentes (intuição, inspiração, percepção).
"Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. (...) os Espíritos, em sua origem, seriam como as crianças, ignorantes e inexperiente, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que carecem com o percorrem as diferentes fases da vida".
O que acontece é que estamos saindo da inconsciência para a consciência, da transitoriedade para a permanência, da personalidade para a individualidade, da razão para a intuição, do estar para o ser. Eis o processo de evolução das almas!
Portanto, pela ignorância e simplicidade inatas, não quer dizer que somos inferiores por criação divina. Filhos de Deus são perfectíveis (possuem o germe da perfeição); não foram criados inferiores, mas sem ciência de si mesmos.
Simples significa - básico, espontâneo, natural e primário. Ignorante - aquele que não tem consciência de si mesmo. Temos, portanto, a explicação da analogia ("seriam como as crianças") feita pelos Espíritos Iluminados na questão em estudo.
Todas as nossas capacidades e idéias estão potencialmente presentes, mas os seres precisam apenas de tempo para integrá-las em definitivo. O nosso desenvolvimento espiritual consiste, unicamente, na modificação da nossa maneira de ver, e isso nada mais é do que a expressão de uma nova visão de nós mesmos e do Universo.
O sentimento de inferioridade ou de baixa estima associa as pessoas a uma resignação exagerada, a um auto desleixo ou descuido das coisas pessoais. A perda do senso de autovalorização é também consequência do sentimento de inferioridade, que remete os indivíduos à vivência entre "hábitos cronometrados" e a uma "mecanização dos costumes".
O maior sentido de nossa encarnação é a conscientização da riqueza de nosso mundo interior. Somos essências divinas em busca da perfeição, cujo caminho é o autodescobrimento.
Aqui estão algumas afirmações que, se dotadas de reflexão poderão nos ajudar a reconquistar a autoconfiança perdida:
somos potencialmente capazes de tomar decisões sem ter que recorrer a intermináveis conselhos;
possuímos uma individualidade divina completamente distinta da dos outros;
fazemos as coisas porque gostamos, não para agradar as pessoas;
encontraremos sempre novos relacionamentos; por isso não temos medo de ser abandonados;
usaremos, constantemente, de nosso bom senso; portanto, as críticas e as desaprovações não nos atingirão com facildiade;
tomaremos nossas próprias decisões, respeitando, porém, as dos outros;
confiaremos na Luz Maior que há em nós; ela sempre nos guiará pelos melhores caminhos.
Certa vez, um pai desesperado trouxe seu filho até o Mestre, para que fosse curado ... "E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade".
Devemos, pois, todos nós juntos, aproveitando dessas palavras, repetir: "Senhor, ajuda-nos em nossa incredulidade!", cientes de que depende exclusivamente de nossa vontade vencer os obstáculos da baixa estima, que nos impedem de alcançar a plenitude das realizações pessoais.
Hammed - As dores da alma
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