A crueldade, como pena de morte, já se achava estabelecida em quase todos os povos da Antiguidade Em Atenas, dava-se ao sentenciado à morte opções de escolha: o estrangulamento, que era considerado por todos humilhante; o corte de cabeça através do cutelo, o que era muito doloroso; e o envenenamento, o preferido pela maioria dos condenados.
Na Roma Antiga, em época anterior a Júlio César , o enforcamento e a decapitação eram as sentenças mais generalizadas. Porém, ao homicida de pais e irmãos era aplicada uma pena invulgar: ser cozido vivo e depois atirado ao mar. A condenação dos incendiários eram as chamas da fogueira. Os hebreus preferiam o apedrejamento, ou a decapitação, pois atribuíram estar na cabeça a localização dos delitos. Na China, havia um processo de deixar cair gotas d'água na testa do condenado, sempre no mesmo lugar, até conduzi-lo à completa loucura. No Japão, os sentenciados à morte tinham a permissão dos juízes para rasgar o próprio ventre com o sabre.
Não poderíamos descrever aqui, nestas rápidas reflexões, os atos terríveis de personalidades da história, nem analisar sua natureza primitiva e rudimentar, inata nas almas em seus primeiros passos de ascensão espiritual. Mas nomearemos algumas dessas pessoas que tiveram comportamentos degenerados: Nero, Calígula, Caracala, Gêngis-Cã, Ivã- o Terrível, Tamerlão. Porém, não nos deteremos às atitudes de personalidades do passado ou do presente, nem nas das incontáveis condutas cruéis de homens que passaram anonimamente pela Terra. Todavia, não poderíamos deixar de registrar o fanatismo e o autoritarismo da "Santa Inquisição" - também conhecida como o "Santo Ofício", criada em 1233 pelo papa Gregório IX, que entrou para a História como uma das mais brutais demonstrações de ferocidade e violência contra os direitos humanos.
Não saberemos a avaliar com precisão quais os atos mais peversos e sanguinários: os realizados pelos executores, ou os praticados pelos executados. Aliás, pessoa lutam e matam até hoje "em nome de Deus", para justificar e proteger suas crenças religiosas.
A atrocidade, o sadismo, a perversidade e a desumanidade são características provenientes da insensibilidade ou enrijecimento da psique humana, em processo inicial de desenvolvimento espiritual. A Espiritualidade, na terceira parte, capítulo VI, de "O Livro dos Espíritos", expões: "(...) o senso moral existe, como princípio, em todos os homens (...) dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos (...)".
As faculdades do homem estão em estado latente, "como o princípio do perfume no germe da flor, que ainda não desabrochou", assim, também, em essência somos todos unos com a Perfeição Divina que habita em nós.
Todo processo de aprendizagem resulta em uma expansão da consciência, o que nos possibilita, gradativamente, abandonar os gestos bárbaros. Quando a criatura integrar na sua mentalidade ao senso moral, que nela reside em estado embrionário, converterá os atos agressivos em atitudes sensatas e humanos.
Um traço comum em toda a Natureza é a evolução. Evoluir é o grande objetivo da vida, pois, quanto mais progredirmos, mais resolveremos nossos problemas com harmonia e sansatez. A maioria dos indivíduos se comporta como se os problemas existissem por "si sós" e exige que o mundo exterior os resolva. Mas as dificuldades não existem fora, e sim dentro de nós mesmos. Nesse caso, quanto mais percebemos essa realidade, masi aprenderemos como solucioná-los sem brutalidade.
Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma pessoa que ainda não aprendeu a amar. Naturalmente, todos nós ficamos indignados com a rudeza ou a naldade, mas, devemos entender que isso é um processo natural da humanidade em amadurecimento e crescimento espirituais.
Por detrás de todo ato de crueldade, sempre existe um pedido de socorro. Precisamos escutar esse apelo inarticulado e dissolver a violência com nossos gestos de amor.
Os atos e a vida do Cristo apresentam, sob muitos aspectos, sempre algo de novo a ser interpretado em seu significado mais profundo. A história da humanidade nunca registrou nem registrará fato tão cruel e violento na vida de um sem humano como aquele ocorrido há mais de dois mil anos.
Os Judeus tinham, nas redondezas de Jerusalém, uma colina que se destinava à execução dos condenados da época.
Era um tereno de acentuado declive, aspecto pesado e sombrio, onde se crucificavam assassinos e ladrões. Os gregos deram-lhe o nome de Gólgota, do hebraico "gulgoleth" ("crânio"), os romanos chamavam de Calvário, do latim "calvarium" ("lugar das caveiras"). Esse sítio tinha uma formação rochosas que se assemelhava a uma caveira, além de nele se encontrarem, por todos os lados, crânios em decomposição, exposto ao tempo.
Nesse tétrico lugar, um ser extraordinário, que queria simplesmente despertar nos homens sua "dimensão esquecida", ou ligar esse "elo perdido" ao Poder da Vida, foi crucificado penosamente.
"E quando chegaram a um lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, juntamente com dois malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Mesmo diante do sofrimento, Jesus dizia: Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem".
O grande número de pessoas ali presentes representava a violência humana; para elas não havia sequer um laivo de maldade em suas ações, e se ofenderiam, certamente, se fossem acusadas de perversas. Jesus, no entanto, as entendia em sua infância espiritual.
Todos nós, na atualidade, preocupados em saber como lidar com a violência que explode de tempos em tempos no seio da sociedade terrena, devemos sempre fazer uma busca interior para compreender integralmente o significado majestoso dessa atitude de entendimento, perdão e amor que Jesus Cristo legou para toda a humanidade.
Hammed - As dores da alma
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