segunda-feira, 20 de outubro de 2014

VIOLÊNCIA: ORIGEM, DESENVOLVIMENTO E TERAPIA LIBERTADORA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis


Foto by Brett Walker - link: https://www.flickr.com/photos/brettwalker/


Origem da violência

No processo antropossociopsicológico (processo de evolução, ou seja, a soma das suas próprias experiências) da evolução, o princípio espiritual adquire experiências, emo­ções e conhecimentos através do trânsito pelos diferentes reinos da Natureza, nos quais desabrocham os recursos divinos que se lhe encontram em germe.

Dormindo no mineral, lentamente exteriorizam-se-lhe as energias de aglutinação molecular, ampliando as possibilidades no despertar do vegetal, quando cresce em recursos de sensibilidade, a fim de liberar os instintos no trânsito animal, desabrochando as faculdades da inteligência, da razão, da consciência na fase humana, e avançando para a conquista da intuição, que se dá no período angélico.

Em face das centenas de milhões de anos transitando nas experiências rudimentares, transfere, naturalmente, de uma fase para outra as conquistas logradas, ampliando as possibilidades de desenvolvimento na imediata, em que supera os impositivos anteriores, para insculpir as novas aquisições.

No salto das expressões animais para o ciclo de humanidade, durante muito tempo tem lugar a fixação dos instintos e dos automatismos fisiológicos, que se transfe­rem para a manutenção da existência, enquanto eclodem as faculdades superiores da vida, que se encarregarão de liberar-se das constrições penosas do primarismo.

Esse estágio, o trânsito entre a fase anterior — instin­tiva - e a que se apresenta — consciência —, caracteriza-se por uma predominância poderosa dos hábitos automáti­cos e dos fenômenos de defesa e preservação da vida, pela predação inconsciente que mantém o Espírito violento, agressivo...

Em alguns casos, ocorrem os fenômenos do medo de enfrentamentos e a permanência das paixões vigorosas portadoras de caráter competitivo, defensivo e agressivo, que desencadeiam a violência.

Há demoradas discussões médicas em torno da ques­tão da violência e da saúde, constantes estudos epidemiológicos procurando encontrar criminosos que apresentem distúrbios mentais, havendo-se chegado à conclusão, quase generalizada, de que a insanidade psíquica não seria responsável pela alta incidência de ocorrências criminosas.

Somos, no entanto, de parecer que as tendências bio­lógicas - enfoque também biopsicológico - levam à violên­cia, que se apresentaria como decorrência de componentes biológicos e psicológicos descompensados, resultantes das gravações das heranças espirituais no cérebro do indivíduo. Os fatores sociais apresentar-se-iam como decorrência das condutas no contexto da sociedade.

Caracteres morais sem resistência diante de discriminações impostas por circunstâncias sociais ou econômicas, sempre injustas, estimulam à reação pela violência, recurso audacioso de que os fracos se utilizam para impor-se, superando os conflitos daquilo que consideram como inferiori­dade, que é espicaçada pela perversidade de leis impiedosas ou pela sociedade egoísta e indiferente.

E natural que a criatura humana seja dirigida pelas suas paixões, enquanto nela prevalecem os remanescentes ancestrais do processo evolutivo. Não conseguindo aquilo a que aspira de uma forma pacífica, apela para a violência, pouco dependendo de forças físicas, no que os muito fracos podem vencer os fortes ou os menos inteligentes superam os lúcidos e cultos, graças aos ardis do instinto predador de que são possuidores.

Em tal conjuntura, o paciente pode ser considerado como portador de personalidade antissocial que, segundo o Código Internacional de Doenças (CID-10), trata-se de um transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros.

Representaria um considerável desvio conflitivo entre a conduta e os critérios estabelecidos, tornando-se difícil de ser corrigido, mesmo que sob injunções penosas, quais as de correção ou de punição, ou mesmo no defrontar de situações profundamente adversas.

Nem todos os autores consideram o paciente violen­to como portador de personalidade antissocial.

Como, porém, nele existe uma baixa resistência às frustrações, às lutas, aos desafios, com tendência de culpar os ou­tros ou de tornar-se radical diante de quaisquer ocorrências ou conceitos em que se apoie, termina por voltar-se contra a sociedade que o hospeda, transformando-se em portador de um transtorno amoral ou associai da personalidade.

Por sua vez, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-IV) elucida que se pode identifi­car o portador do transtorno da personalidade antissocial, graças a um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta.

O indivíduo incurso nessa definição é incapaz de sentir remorso - como ocorre com os portadores de cruel­dade, igualmente caracterizados pelo transtorno antissocial da personalidade - sendo que são conscientes do que fa­zem, no entanto, permanecem totalmente irresponsáveis.

Quando não se apresenta indiferente às consequências dos seus atos, executa um mecanismo de realização superficial para justificar a ação criminosa, quando esta ocorre, ou maltrata, furta, rouba outrem, não apresentan­do qualquer sentimento de culpa.

Sempre se crê portador de razão, justificando que os outros são imbecis, havendo recebido o que merecem da vida.

Nunca procura modificar a conduta ou receber assis­tência que o conduziria ao equilíbrio moral e social.


Desenvolvimento da violência

O cinismo é uma expressão que caracteriza a con­duta do indivíduo violento, que surge no período infantil - quando patológica -, prolongando-se pela adolescência, em que revela os pendores agressivos com mais intensi­dade, assim alcançando a idade adulta, sem uma adaptação equilibrada ao meio social.

Esse tipo de sociopatia faculta ao paciente uma exis­tência egocêntrica, conduta teatral, superficial, sem contro­le da impulsividade, possuidor de muita leviandade, ausên­cia de sentimentos fraternos em relação às demais pessoas, acreditando-se portador de valores que realmente não tem.

Não dispondo de um sentimento organizado, é in­sensível ao amor, embora exigente e insatisfeito, sempre de­monstrando ressentimento contra as pessoas a quem não se afeiçoa. Invariavelmente é hábil na maneira de manipular aqueles com quem convive, mentindo desordenadamente, sem escrúpulos, duvidando da inteligência dos outros.

Quando desmascarado na conduta excêntrica e men­tirosa que se permite, parece arrepender-se, a fim de cativar as suas vítimas, mantendo-se, porém, insensível a qualquer transformação moral para melhor.

Sempre sabe dissimular o comportamento, tornan­do-se gentil e simpático, o que levou a corrente americana de psiquiatras antipsiquiatria a sugerir que esse tipo de sociopata fosse excluído das classificações da doutrina mental, elucidando que o problema era mais de natureza moral e ética do que médica.

Sem dúvida, mesmo acreditando-se que o transtorno seria exclusivamente moral, torna-se necessária a ajuda mé­dica, a fim de corrigir perturbações nas sinapses neuroniais que geram o desconforto comportamental.

Este tipo de transtorno da personalidade apresenta-se desde o contexto familial, como de outras maneiras, quais sejam: não socializado, socializado, desafiador de oposição.

Revela-se na convivência doméstica, escolar, comu­nitária, na área de serviço quando o paciente trabalha re­gularmente, manifestando-se em conduta agressiva, culmi­nando, quase sempre, em lutas com ou sem armas.

Quando não se pode desforçar naqueles que con­sidera como adversários, maltrata os animais, as plantas, destrói objetos pertencentes aos que tem como desafetos, de forma que produza mal-estar, ou entrega-se a verdadei­ros comportamentos de vandalismo, que podem levar a lamentáveis ações de terrorismo covarde, qual vem ocorrendo na atualidade...

Na juventude, sentindo-se frustrado, portanto, irrealizado, pode entregar-se a estupros, em face de conflitos a respeito da própria sexualidade desequilibrada.

Ainda na esteira de conduta irregular, o paciente, sentindo-se dominado pela violência e, não dispondo de coragem para a agressão, na qual pode ser vítima da impulsividade, derrapa em furtos e roubos, rejubilando-se com os prejuízos que causa a outros indivíduos e à comunidade, que procura depredar na insânia que o devasta.

Estudos cuidadosos demonstraram que alguns desses transtornos geradores de violência intermitente podem decorrer de desajustes do sistema nervoso central.

Neste capítulo, podem-se destacar, nos jovens em especial, perturbações profundas que geram alterações disrítmicas (convulsões) do sistema nervoso central, podendo ser conside­radas como hiperatividade com déficit de atenção.

Desajustando-se, cada vez mais, o paciente pode tombar num transtorno psicótico com delírios, que o leva a ações criminosas hediondas, sem dar-se conta do total desequilíbrio que o devasta.

Esse tipo de delírio é, quase sempre, de natureza persecutória — a mania de perseguição — em legítimas crises de paranoia, quando se sente acossado por pessoas ou grupos que se organizam com o fim de destruí-lo, por não o ama­rem, em razão de ele estar programado para ações humani­tárias e salvadoras da sociedade...

Nesse quadro, a agressividade e o crime são quase que inevitáveis.

Estando instalada a sociopatia, a única providência deverá ser de emergência, recomendada pela Psiquiatria.


Terapia libertadora da violência

A psicoterapia é de considerável utilidade em pacien­tes vítimas da violência. Tendo-se em vista o largo processo de instalação do distúrbio sociopata da personalidade, o tratamento exige um longo período de libertação das raízes perturbadoras, que deram surgimento à insensibilidade e a todo o cortejo de distúrbios do comportamento.

O paciente necessita de verdadeiro contributo de afe­tividade na família, a fim de reencontrar a autoconfiança e desenvolver a autoestima profundamente desorganizada.

Concomitantemente, em persistindo a conduta ins­tável quanto agressiva, o tratamento psiquiátrico, através de medicamentos específicos, auxiliá-lo-á na reorganização do sistema nervoso central e no restabelecimento das neurocomunicações deficientes, de cuja mudança orgânica re­sultarão benefícios psicossociais em seu favor.

Vivendo-se num clima de intercâmbio de mentes, inevitavelmente, adversários do enfermo e da sociedade nele encontram excelente campo de fixação dos seus sentimentos ignóbeis (desprezíveis), dando lugar aos complexos mecanismos de obsessões graves, que exigem os valiosos contributos da bioenergia e da doutrinação dos verdugos (algozes, carrascos) desencarnados.

A inclinação para a violência atrai equivalentes do Além-túmulo, gerando intercâmbio pernicioso, no qual a ferocidade das personalidades intrusas mescla-se com o temperamento desorganizado do hospedeiro, tornando-se mais grave a doença que ameaça o cidadão e a sociedade.

Na terapia de natureza psicológica deve ser introdu­zida a orientação para leituras saudáveis, que podem sen­sibilizar o enfermo, apresentando-lhe outros padrões de conduta, as elevadas expressões de solidariedade, de com­paixão, de amor, de caridade, que existem no mundo, facultando-lhe a autorrealização e a plenitude.

O recurso da prece, por sua vez, irá proporcionar-lhe momentos de reflexão e de bem-estar, mesmo que no início tenha dificuldade em sintonizar com as Fontes Geradoras da Vida, o que é compreensível.

Criado o hábito, este atrairá os Benfeitores do Mun­do Maior que passarão a libertar o paciente das vinculações mórbidas da obsessão, inspirando-o a novos cometimentos, nos quais encontrará prazer, constatando que o seu não é um problema isolado, mas faz parte das lutas nas quais se encontra a Humanidade.

Quando as criaturas, na infância e na adolescência, puderem fruir do conhecimento espiritual, educando-se em contato com a Vida Abundante, os vínculos com o pas­sado infeliz de onde procedem afrouxar-se-ão, evitando o restabelecimento das lutas com os inimigos desencarnados, ao tempo em que, compreendendo a realidade do ser, que é imortal, adquirirão equipamentos para impedir-se a eclo­são das tendências perturbadoras.

Na educação moral pelo exemplo e pela retidão está a mais eficiente psicoterapia preventiva e, naturalmente, curativa, para todos os distúrbios da sociedade em si mes­ma, ou daqueles que a constituem como células de relevan­te importância, ou seja, a família biológica e das afinidades.

Nada obstante, deflagrados os processos violentos e destrutivos, ainda é possível trabalhar-se o enfermo espiritual com os excelentes recursos psicoterapêuticos da atuali­dade, acrescidos com os salutares contributos da Doutrina Espírita.




Divaldo Pereira Franco ditado pelo 
Espírito Joanna de Ângelis



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