terça-feira, 28 de outubro de 2014

PREGUIÇA: FATORES CAUSAIS, TRANSTORNOS GERADOS E TERAPIA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis


Foto by Brett Walker - link: https://www.flickr.com/photos/brettwalker/

Fatores causais da preguiça

A preguiça, ou propensão para a inatividade, para não trabalhar, também conhecida como lentidão para executar qualquer tarefa, ou caracterizada como ne­gligência, moleza, tardança, é desvio de conduta, que me­rece maior consideração do que aquela que lhe tem sido oferecida.

Surge naturalmente, expressando-se como efeito de algum tipo de cansaço ou mesmo necessidade de repouso, de recomposição das forças e do entusiasmo para a luta existencial.

Todavia, quando se torna prolongado o período re­servado para o refazimento das energias, optando-se pela comodidade que se nega às atitudes indispensáveis ao progresso, apresenta-se como fenômeno anômalo de conduta. E normal a aspiração por conforto e descanso, no en­tanto, não são poucos os indivíduos que se lhes entregam, sem que apliquem esforço físico ou moral pelo conseguir.

A preguiça pode expressar-se de maneira tranquila, quando o paciente se permite muitas horas de sono, per­manência prolongada no leito, mesmo após haver dormi­do, cortinas cerradas e ambiente de sombras, sem que o tempo seja aproveitado de maneira correta para leituras, reflexões e preces.

Não perturba aos demais, igualmente não se predis­põe ao equilíbrio nem à ação.

Lentamente, essa conduta faz-se enfermiça, gerando conflitos psicológicos ou deles sendo resultante, em face das ideias perturbadoras de que não se é pessoa de valor, de que nada lhe acontece de favorável, de que não tem merecimento nem os demais lhe oferecem consideração. Esse tormento, que se avoluma, transforma-se em pessimismo que propele, cada vez mais, a situações de negatividade e de ressentimento.

Pode também transformar-se em mecanismo de autodestruição, em face da crescente ausência de aceitação de si mesmo, perdendo o necessário contributo da autoestima para uma existência saudável. 

A pessoa assume posição retraída e silenciosa, evitan­do qualquer tipo de estímulo que a possa arrancar da constrição a que se submete espontaneamente. Danosa, torna os membros lassos, a mente lenta no raciocínio, apresentando, após algum tempo, distúrbios de linguagem e de locomoção.

Sob outro aspecto, pode apresentar-se como perda do entusiasmo pela vida, ausência de motivação para rea­lizar qualquer esforço dignificante ou algum tipo de ação estimuladora.

O seu centro de atividade é o ego, que somente se considera a si mesmo, evitando espraiar-se em direção das demais pessoas, em cuja convivência poderia haurir entusiasmo e alegria, retomando o arado que sulcaria o solo dos sentimentos para a plantação da boa vontade e do bem-estar.

A avaliação feita pelo indivíduo nesse estágio é sem­pre deprimente, porque não tem capacidade de ver as conquistas encorajadoras que já foram realizadas nem as pos­sibilidades quase infinitas de crescimento e de edificação.

O tédio domina-lhe as paisagens íntimas e a falta de ideal reflete-se-lhe na indiferença com que encara quais­quer acontecimentos que, noutras circunstâncias, consti­tuiriam emulação para novas atividades.

Esse desinteresse surge, quase sempre, da falta de horizontes mentais mais amplos, da aceitação de antolhos idealistas que impedem a visão profunda e complexa das coisas e das formulações espirituais, limitando o campo de observação, cada vez mais estreito, que perde o colorido e a luminosidade.

Em outra situação, pode resultar de algum choque emocional não digerido conscientemente, no qual o ressentimento tomou conta da área mental, considerando-se pessoa desprestigiada ou perseguida, cuja contribuição para o desenvolvimento geral foi recusada.

Normalmente, aquele que assim se comporta é víti­ma de elevado egotismo, que somente sente-se bem quan­do se vê em destaque, embora não dispondo dos recursos hábeis para as ações que deve desempenhar.

Detectando-se incapacitado, refugia-se na inveja e na acusação aos demais, negando-se a oportunidade de recupe­ração interior, a fim de enfrentar os embates que são perfei­tamente naturais em todos e quaisquer empreendimentos.

O desinteresse é uma forma de morte do idealismo, em razão da falta de sustentação estimuladora para conti­nuar vicejando.

Pode-se, ainda, identificar outra maneira em que se escora a preguiça para continuar afligindo as pessoas desavisadas. É aquela na qual o isolamento apresenta-se como uma vingança contra a sociedade, não desejando envolver-se com nada ou ninguém, distanciando-se, cada vez mais, de tudo quanto diz respeito ao grupo familiar, social, espi­ritual.

Normalmente, esse comportamento é fruto de algu­ma injustificada decepção, decorrente do excesso de autojulgamento superior, que os outros não puderam confirmar ou não se submeteram ao seu desplante. Gerando grande dose de ressentimento, não há como esclarecer-se ao indivíduo, na postura a que se entrega, mantendo raiva e desejo de destruição de tudo quanto lhe parece ameaçar a conduta enfermiça.

Do ponto de vista espiritual, o paciente da preguiça, que se pode tornar crônica, ainda se encontra em faixa pri­mária de desenvolvimento, sem resistências morais para as lutas nem valores pessoais para os desafios.

Diante de qualquer impedimento recua, acusando aos outros ou a si mesmo afligindo, no que se compraz, para fugir à responsabilidade que não deseja assumir.

A preguiça prolongada pode expressar também uma síndrome de depressão, mediante a qual se instalam os distúrbios de comportamento afetivo e social, gerando profundos desconfortos e ansiedade.


Transtornos gerados pela preguiça

A entrega à ociosidade torna débil o caráter do paci­ente, impedindo-o de realizar qualquer esforço em favor da recuperação.

Sentindo-se bem, de certa forma patologicamente, com a falta de atividade, a tendência é ficar inútil, tornan­do-se um pesado fardo para a família e a sociedade.

Em relação a qualquer um dos motivos que desen­cadeiam a preguiça, conforme referidos, a baixa estima e a fuga psicológica são os fatores predominantes nesse comportamento doentio.

O corpo é instrumento do Espírito, que necessita de exercício, de movimentação, de atividade, a fim de preser­var a própria estrutura. Enquanto o Espírito exige refle­xões, pensamentos edificantes contínuos para nutrir-se de energia saudável, o corpo impõe outros deveres, a fim de realizar o mister para o qual foi elaborado. A indolência paralisadora pela falta de ação conduz à flacidez muscular, à perda de movimentação, às dificuldades respiratórias, di­gestivas, num quadro doentio que tende a piorar cada vez mais, caso não haja uma reação positiva.

Em razão do pessimismo que se assenhoreia do enfer­mo, a sua convivência faz-se difícil e o seu isolamento mais o atormenta, porque a autolamentação passa a constituir-lhe uma ideia fixa, culpando, também, as demais pessoas por não se interessarem pelo seu quadro, nem procurarem auxiliá-lo, o que equivale a dizer, ficarem inúteis também ao seu lado, auxiliando-o na autocomiseração que experimenta.

Em realidade, não está pedindo ou desejando ajuda real, antes apresenta-se reclamando da sua falta para melhor comprazer-se na situação a que se entrega espontaneamente.

A existência, na Terra, é constituída por contínuos desafios, que sempre estão estimulando à conquista de no­vas experiências, ao desenvolvimento das aptidões adormecidas, ao destemor e à coragem, em contínuas atividades enriquecedoras.

A mente não exercitada em pensamentos saudáveis, descamba para o entorpecimento ou para o cultivo de ideias destrutivas, vulgares, insensatas, que sempre agra­vam a conduta perniciosa.

Pensar é bênção, auxiliando a capacidade do raciocí­nio, a fim de poder elaborar projetos e propostas que man­tenham o entusiasmo e a alegria de viver.

Concomitantemente, surge, vez que outra, alguma lucidez, e o paciente critica-se por não dispor de forças para modificar a situação em que se encontra, desanimando ain­da mais, por acreditar na impossibilidade da reabilitação. Faz-se um círculo vicioso: o paciente não dispõe de ener­gias para lutar e nega-se à luta por acreditar na inutilidade do esforço.

Outras vezes, oculta-se no mau humor, tornando-se ofensivo contra aqueles que o convidam à mudança de alternativa, explicando-lhe tudo depende exclusivamente dele, já que ninguém lhe pode tomar a medicação de que somente ele necessita.

A destreza, o esforço, a habilidade, em qualquer área, são decorrentes das tentativas exitosas ou fracassadas a que o indivíduo permite-se, resultando da repetição sem enfa­do nem queixa para a conquista e a realização pessoal.

Na preguiça ocorrem uma adaptação à inutilidade e uma castração psicológica de referência aos tentames libertadores. O paciente, nesse caso, prefere ser lamentado a re­ceber amor, experimentar compaixão a ter o companheirismo estimulante, permanecer em solidão a experienciar uma convivência agradável.

Armado contra os recursos alternativos da saúde, foge daqueles que o desejam auxiliar infundindo-lhe ânimo, e quando é surpreendido por alguma orientação, logo reage com violência intempestiva, afirmando: "Você não sabe o que eu sinto e certamente não acredita no que se passa no meu mundo íntimo... Pensa que estou fingindo?

Certamente, o outro não conhece o transtorno que se opera no enfermo, mas sabe que o esforço desprendido po­derá contribuir eficazmente para alterar a situação em que se encontra.

A partir de então, o amigo e candidato ao auxílio torna-se evitado, é tido como adversário, censor, perturba­dor da sua paz, como se a indolência algo tivesse a ver com tranquilidade e harmonia íntima... 

A quase total insensibilidade em relação a si mesmo, à sua recuperação e ao sofrimento que ocasiona à famí­lia, que se desestrutura, complica mais o quadro, porque bloqueia o discernimento em torno dos próprios deveres, transferindo para o próximo as responsabilidades que lhe pesam na consciência e as tarefas que devem ser desempe­nhadas em seu benefício.

A preguiça mina a autoconfiança e destrói as possibi­lidades de pronta recuperação.

É natural que atraia Espíritos ociosos, que se comprazem no banquete das energias animais do paciente, tele mentalizado e conduzido às fases mais graves, de forma que prossiga vampirizado.

Os centros vitais da emoção e do comportamento são explorados por essas Entidades infelizes, e decompõem-se, funcionando com irregularidade, destrambelhando a organização somática, já que a psíquica e os sentimentos estão seriamente afetados.


Terapia para a preguiça

Às vezes, o paciente pode receber alguma inspiração superior e interrogar-se: - Por que estou sofrendo desnecessariamente? Até quando suportarei esta situação deplorável?

Isto constitui um despertar terapêutico para a mu­dança de conduta, sempre a depender do próprio paciente.

Começam a surgir-lhe a vergonha pelo estado em que se encontra, o constrangimento pela inutilidade exis­tencial, dando início ao labor de renovação íntima e ao desejo de reconquistar a saúde, assim como o bem-estar, sem mecanismos escapistas ou perturbadores.

Surgem, então, os pródromos do equilíbrio emo­cional, o natural desejo pela recuperação, passando a ver a preguiça como algo enfadonho e monótono, irritante e sem sentido, causador de aflições desnecessárias, porquan­to nada de útil dela pode ser retirado.

Esse processo inicial de vê-la conforme é, proporcio­na estímulos para a mudança de comportamento, a aceita­ção de novos exercícios de despertamento, liberando gran­de quantidade de energia armazenada, que se encontrava impedida de funcionar em razão dos mecanismos de fuga da realidade.

O próximo passo é a destruição da identidade de preguiçoso, de doente ou inútil, experimentando a alegria que decorre do ato de servir, dos instrumentos ativos para a produção de tudo quanto signifique realização pessoal.

Em seguida, caem os antolhos que dificultam a visão global da vida, o ego cede lutar à necessidade de convivên­cia e de compreensão fraternal, abrindo espaços emocional e mental para mais audaciosas realizações.

Certamente, não se trata de uma simples resolução com efeitos imediatos, miraculosos, que não existem, por­que após largo período de ociosidade, todo o organismo emocional e físico encontra-se com limites impostos pela lassidão.

É necessário que as leituras edificantes passem a in­fluenciar os painéis mentais, e as velhas histórias de auto-compaixão a que se estava acostumado, fazendo parte do cardápio existencial, cedam lugar aos estímulos da boa con­vivência social e afetiva, motivando aos avanços constantes.

Nesse sentido, a oração e a bioenergia oferecem re­cursos inestimáveis, ao lado de uma psicoterapia baseada em labores bem-direcionados, a fim de que o paciente volte ao mundo real com nova disposição, encontrando estímu­los para prosseguir no próprio trabalho realizado.

A atividade bem-dirigida constitui lubrificante eficaz nos mecanismos orgânicos e nos implementos mentais, estimulando as emoções agradáveis de modo que se consiga a saúde integral.


Divaldo Pereira Franco ditado pelo 
Espírito Joanna de Ângelis


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