terça-feira, 21 de outubro de 2014

USO DE DROGAS (DROGADIÇÃO): FATORES CAUSAIS, DEPENDÊNCIA QUÍMICA, TERAPIA DE URGÊNCIA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis


Foto by Brett Walker - link:  https://www.flickr.com/photos/brettwalker/



Fatores causais da drogadição

A drogadição constitui, na atualidade, um dos mais graves problemas de saúde mental e orgânica, em face das substâncias tóxicas que exercem sobre o sis­tema nervoso um predomínio perturbador.

Neste capítulo, incluímos o alcoolismo e todas as suas lamentáveis consequências pessoais, familiares e sociais, ar­rastando milhões de vítimas aos abismos da loucura, do crime e do suicídio perverso.

Os primeiros prejuízos orgânicos decorrem da per­turbação produzida na corticalidade do sistema nervoso, que se encarrega do controle, em face da inibição que pro­porciona dos centros nervosos inferiores, logo afetando as fibras do feixe frontal talâmico, diminuindo as inibições e produzindo manifestações, por exibição, de emoções antes freadas e que se apresentam excitadas e dominantes.

Posteriormente, alcança o cerebelo, produzindo desgovernação dos movimentos, para logo seguir gerando a paralisia do nervo vagai, que responde pelo equilíbrio existente entre o ritmo cardíaco e o respiratório, tornando-se, em geral, o responsável pela morte do viciado.

Na psicogênese da drogadição encontra-se o Espírito aturdido, inseguro, às vezes revoltado, que traz do passado uma alta carga de frustrações e de rebeldia.

Na fase pré-tóxica, pode-se identificar o dependen­te como uma personalidade psicopática evoluindo para o processo esquizofrênico.

Igualmente se tem constatado nos oligofrênicos cer­ta disposição para o uso de substâncias tóxicas, ou mesmo entre os deficientes mentais, por uma necessidade de afirmação da personalidade, em face da rejeição experimentada ou de alguns preconceitos que o consideram incapaz de rea­lizações mais significativas. Dessa forma, anulando o senso de equilíbrio, esses indivíduos encontram nas drogas um estimulante para alcançar níveis superiores de comunicação e de realização, mesmo que de maneira arbitrária.

Assim, existem níveis diferentes de pessoas que po­dem tombar nas malhas da drogadição:

a) aquelas que se apresentam atemorizadas, receando a vida, que lhes parece sempre injusta e perversa, destituí­das de tolerância em relação às próprias frustrações;

b) aqueloutras que podem ser consideradas depen­dentes, isto é, para quem a existência deve ser sempre agra­dável e compensadora, buscando, na droga química, seja qual for, uma fuga da realidade que, em face da sua injunção aflitiva, deve ser negada ou apagada a qualquer preço...

O primeiro grupo encontra no uso da droga a segu­rança que falta no estado de lucidez, embora reconheça que é de curta duração, mantendo a expectativa de renovação de outras doses até o desespero que não tarda. O segundo, vitimado pela ansiedade, refugia-se no tóxico, evitando o trânsito pelas situações desafiadoras para as quais acredita--se incapaz de enfrentamento.

Porque o entorpecente minora as tensões inibitórias, facilitando a irrupção de condutas recusadas pelo ego, se­jam edificantes ou delituosas, o paciente recorre-lhe ao uso, em forma de refúgio, que sempre se transforma em terrível cárcere de agonia incessante.

Sem dúvida, os conflitos do lar contribuem expres­sivamente para a fuga na direção das drogas. A ausência de diálogo entre os genitores e filhos, as agressões, as con­versações doentias e a falta de carinho, no que diz respeito à educação doméstica, expulsam o adolescente — muitas vezes a criança — do convívio da família para os traficantes impiedosos, que os adotam, extorquindo-lhes dinheiro e matando-lhes a esperança de uma vida saudável.

Os conflitos internos que aturdem o jovem ou o adulto que sente insegurança na realização de alguns cometimentos, respondem pela procura de determinadas drogas estimulantes que lhes propiciam segurança na primeira fase da intoxicação, em razão do estímulo cortical, que proporciona certa vivacidade intelectual, respondendo pela eufo­ria e audácia nos gestos. É comum o acontecimento em determinados indivíduos que exercem profissões liberais e são convocados amiúde a ações desafiadoras que temem não poder executá-las com segurança e que o fazem sob a injunção do álcool, de diversas drogas, tais: a morfina, a cocaína, o crack ou outra qualquer...

Não poucos viciados renitentes são vítimas do mes­mo hábito que mantiveram em existência anterior, na qual mergulharam em abismo profundo e retornaram com as marcas da dependência que os consome, avançando para expiações muito graves no futuro.

Sob outro aspecto, as vinculações com personali­dades psicopatas desencarnadas ou inimigos pessoais de outras experiências carnais respondem pela sua indução à dependência viciosa, na qual também se comprazem em mecanismos de vampirização cruel, em verdadeira interdependência espiritual.

Sem a menor dúvida, é o Espírito enfermo aquele que mergulha no poço asfixiante da drogadição, arrastando os efeitos da conduta reencarnacionista e dos compromis­sos alienantes da atualidade na qual se encontra.


Dependência química

Iniciado o uso de qualquer substância química tóxi­ca, após a euforia mentirosa e a queda na angústia pela falta do estímulo artificial, muitas vezes o paciente experimenta mal-estar compreensível.

Os relacionamentos sedutores e os grupos de con­vivência doentia encarregam-se de proporcionar novos estímulos e, ao repetir a experiência, inicia-se a torpe de­pendência que leva aos desastres mais imprevisíveis, tanto em relação ao desgaste orgânico como à degenerescência mental e emocional, e também aos imprevisíveis desvios para o crime: furto, roubo, agressão, homicídio, suicídio...

Porque reconhece o comportamento criticável de que é portador, o viciado em tóxicos torna-se desconfiado, dissimulador, agressivo, mentiroso, avançando no rumo de interpretações delirantes que, às vezes, se convertem em trans­tornos paranoides.

Invariavelmente, o viciado nega o uso de drogas com tanta segurança que engana mesmo aqueles que são conhecedores da problemática.

De início, uma pequena dose é suficiente para gerar estímulos agradáveis em alguns pacientes, enquanto outros são empurrados para os porões do inconsciente, sendo vítimas de terríveis alucinações, que os desvairam.

A falta de contato contínuo dos genitores com os fi­lhos, não lhes percebendo as primeiras alterações de condu­ta quando ocorre a iniciação, permite que eles se entreguem ao vício com assiduidade, criando dependência grave que, ao ser percebida, já exige terapia cuidadosa e prolongada.

Nesse caso, o alcoolismo instala-se, em razão do uso da substância etílica fazer parte do jogo social, dos relacionamentos que primam pela futilidade e por falta de profundidade, permanecendo na superfície das aparências, que proporcionam as libações contínuas de cervejas, vinhos e outros sofisticados produtos, como forma de esconder o desinteresse que sentem umas criaturas por outras.

Perigoso, pela facilidade com que são encontradas as bebidas alcoólicas, esse vício tornou-se um grave problema social e de saúde, em razão da sua difusão nas sociedades distintas, como degradadas, levando, a pouco e pouco, o indivíduo a uma situação nociva ao próprio meio no qual transita.

Lares são vergastados pela sevícia dessa dependên­cia, crimes horrendos são praticados pelos seus usuários, agressões vergonhosas e lamentáveis sucedem-se, umas às outras, em voragem alucinante, ceifando muitos milhões de vidas que poderiam ser dignificadas pelo trabalho e pela abstinência do seu enfermiço uso.

Em razão das quantidades ingeridas, desde cedo, os usuários podem expressar quadros psicopáticos, que caracterizam as resistências emocionais e mentais dos indivíduos. Alguns há que são capazes de ingerir volumosa quota de substância alcoólica sem apresentar, de imediato, efeitos danosos. Outros, no entanto, mesmo usando pequenas quantidades, logo aparecem os acidentes psíquicos, uns mais devastadores do que outros, de que não se recorda o enfermo quando recupera a lucidez...

Os dipsômanos, no entanto, são levados de forma ir­resistível ao uso dessas substâncias, em face da sua ansieda­de, embora conscientes da enfermidade que os consome...

Além das heranças genéticas, os traumatismos cra­nianos e encefalopatias sutis, na infância, também respon­dem pela tendência ao alcoolismo.

Podemos introduzir, igualmente, na psicogênese do alcoolismo, as obsessões como geradoras do vício, qual ocorre, conforme referido, em outras formas de drogadição.

Os efeitos são terríveis na glândula hepática, nos rins, em todo o aparelho digestivo, com os graves comprometi­mentos emocionais e mentais.

Nas diversas dependências de drogas químicas, após largo período de uso, podem-se registrar alterações do centro da palavra, com dificuldade de silabação, arrastamento da pronúncia, incapacidade de expressar-se com símbolos correspondentes à linguagem em que se comunica o paciente.

A repressão policial e a falta de educação moral, a au­sência de esclarecimento correto em torno dos danos produ­zidos pelas drogas químicas tóxicas, as dificuldades socioeconômicas, os conflitos íntimos, os estímulos proporcionados pelas belas e bem-trabalhadas propagandas apresentadas pela mídia, respondem pelo agravamento da epidemia da droga­dição que assola a sociedade contemporânea.

O uso abusivo das drogas, em face da dificuldade ou indiferença das demais criaturas para cerceá-lo pelo esclarecimento, vai-se tornando tão natural e quase chique nas denominadas rodas de alto padrão econômico, que ameaça o equilíbrio das criaturas individualmente e da sociedade em geral.

A princípio, a toxicomania produz impacto pertur­bador, mas, à medida que se avoluma, uma falsa compreen­são e tolerância geral finge ser uma forma de conduta da época, como uma válvula para escapar-se à ansiedade, ao estresse, às pressões vigentes, lamentavelmente conduzindo para a loucura, a destruição e a morte...


Terapia de urgência

O problema desafiador deve ser enfrentado com coragem e altivez. Equivale a dizer: com clareza e conheci­mento de suas causas e efeitos desagregadores.

Quanto mais escamotear-se o drama da drogadição e fingir-se que não é tão grave quanto realmente se apre­senta, somente tornará a questão de mais difícil solução e, portanto, mais perversa.

A educação, sem qualquer dúvida, desde a infância, é o recurso terapêutico preventivo mais valioso, porque é mais seguro evitar a dependência do que sair-se do seu cerco escuso.

Diálogos francos e naturais com as crianças e os jovens devem fazer parte das conversações familiares, das disciplinas transversais nas escolas, antes que os traficantes que es­tagiam em suas portas ou que alguns dependentes que nelas se encontram, comecem a iniciação dessas vítimas inermes, ingênuas e inseguras.

Estabelecida a dependência, tendo-se em vista a sua gravidade, o internamento hospitalar para desintoxicação torna-se indispensável. Mesmo porque a falta do produto leva a desesperos, às vezes, incontroláveis, em cujo período o alucinado comete hediondos crimes, vitimado pelas alucinações que lhe tomam conta das paisagens mentais.

Quando o paciente encontra-se internado sob cui­dados médicos especiais, a orientação psiquiátrica saberá ministrar a pequena dose de manutenção, sob controle, e diminuindo-a progressivamente, enquanto a psicoterapia e o tratamento com substâncias específicas se encarregarão de reequilibrar o organismo em descompasso gerado pelo uso danoso e arbitrário.

A praxiterapia, a dançaterapia e outros recursos tera­pêuticos equivalentes fazem-se necessários, a fim de subs­tituírem os estímulos falsos e tóxicos que as drogas produ­ziram no organismo, danificando-lhe a tecelagem delicada.

Como fator primordial, o interesse do paciente na própria recuperação torna-se indispensável, porquanto, so­mente com a sua vontade bem-direcionada, poderá superar os momentos difíceis que surgem, confiando nos resulta­dos futuros.

As leituras edificantes, os exercícios físicos bem-programados, não geradores de exaustão nem de ansiedade, produzem resultados excelentes, contribuindo para a res­tauração da saúde.

Jesus, o Psicoterapeuta incomum, asseverou: "(...) Tudo é possível àquele que crê. " (Marcos, 9:23)

Quando o paciente resolve-se por libertar-se da pro­blemática afligente, crendo no seu restabelecimento, dá um avançado passo na direção da cura, sendo o restante o tra­balho desafiador necessário para o êxito do processo.

Em razão disso, não poucas vezes, as forças morais parecem faltar, em face dos transtornos físicos e emocionais, tornando-se necessário que o paciente procure o refúgio da oração, por cuja conduta experimentará a renovação das energias e o encorajamento indispensável para continuar no seu processo de restabelecimento. Por outro lado, os Espíritos amigos acercarse-lhe-ão, auxiliando-o com a ins­piração superior e as energias refazentes de que necessita, a fim de que ocorra a libertação do fosso em que se atirou.








Divaldo Pereira Franco ditado pelo 
Espírito Joanna de Ângelis


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