quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O EXÍLIO - AS MARCAS DA ALMA (Marc Gafni)





O EXÍLIO


(...)"Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém para ouvi-la, ela emite um som?" Vamos traduzir esta frase de outra maneira: "Se uma coisa aconteceu, e você não tinha ninguém com quem compartilhá-la, ela terá realmente acontecido?" Se formos incapazes de contar nossa história porque não temos com quem compartilhá-la, se formos deixados mudos por não haver quem nos escute - então, na linguagem dos místicos, estamos no exílio. A trama fundamental do mito bíblico gira em torno da tentativa de chegar à Terra Prometida. Na Cabala - a interpretação mística do mito bíblico - o exílio não está relacionado à saída de um lugar geográfico. O exílio envolve a perda do nosso lugar.

A solidão é uma forma de exílio. O significado de todas as nossas realizações, sucessos e conquistas perde força quando não conseguimos compartilhá-los com outra pessoa. Na verdade, esta noção encontra-se na essência do mito bíblico. A Bíblia possui uma visão única do que nos impele para a frente no mundo.

Vamos examinar por um momento o início do conto bíblico, a história da criação. Primeiro, é importante notar que a história não foi feita para ser interpretada literalmente. Ela não é um manual que ensina como criar um mundo. O objetivo sobre os dois capítulos sobre a criação é estabelecer as estruturas do significado básico do mundo. Estão implícitas na história da criação as idéias fundamentais da democracia, a noção de que a vida possui padrões cheios de significado, a condição sagrada da existência, o ser humano a imagem de Deus, a ecologia profunda, o progresso, e muito mais. No primeiro capítulo, um refrão se torna o mantra: "Deus viu que era bom". No final de cada estágio do desenvolvimento da criação, Deus dá os toques finais e inspeciona seu trabalho, sempre concluindo "Era bom". Deus viu a luz do dia, e foi bom, a reunião dos mares, e foi bom, a Terra brotando, e foi bom. Toda a criação se caracteriza por essa bondade abrangente. O bem é a meta da criação - o objetivo desejado na direção do qual todas as criaturas e toda a criação se direcionam.

No entanto, uma simples leitura do segundo capítulo reconhece que todo o bem da criação é desfeito em uma curta frase. De repente, todo universo exclama: "Não é bom". Nas exatas palavras do mito bíblico, Deus diz: "Não é bom que o ser humano esteja só".

Foram palavras que o poeta épico John Milton reformulou quando escreveu que estar sozinho é "a primeira coisa que o olhar de Deus definiu como não sendo bom". O texto que, no primeiro capítulo, ia num crescente, dia a dia, à medida que a criação surgia, com a exultante aprovação do "Era bom", cai no segundo capítulo para um depressivo "Não é bom". Esta é a primeira e única vez que a Bíblia em que as inequívocas palavras "Não é bom" descrevem um estado de espírito. 

O primeiro capítulo da história da criação desdobra uma elaborada mesa de bondade, com estrelas e esferas, peixes e frutos, e uma visão de magnificência. O capítulo dois friamente entra no banquete e vira a mesa, dizendo, em essência: "O mundo inteiro, todas essas obras são fundamentalmente inúteis, se o homem permanecer sozinho".

Com efeito, todo o bem do mundo não é o bem enquanto os seres humanos permanecerem separados uns dos outros. Aristóteles confirmou a intuição bíblica quando escreveu: "Ninguém escolheria uma existência sem amigos, mesmo se lhe fossem oferecidas todas as outras coisas do mundo". Se o objetivo da vida bíblica - o telos - é chegar ao bem, então o "não é bom" da solidão permanece como o grande desafio de toda vida. Superar a solidão e avançar em direção à conexão, ao amor, à união, não é meramente um exercício de realização ou gratificação pessoal. É a meta da existência. É o que buscam as marcas da nossa alma.

Se a vida fosse uma grande mansão, os cômodos poderiam estar repletos de obras refinadas, mas se outra pessoa não caminhasse sobre o chão atapetado, os aposentos ficariam essencialmente vazios, e o dono da casa, sozinho.

O impulso primordial que nos impele na consciência bíblica é o ímpeto de ir da solidão para o amor, da separação para a união, da dor da ruptura para o êxtase da conexão.

PRÁTICAS DAS MARCAS DA ALMA 

Relacione as sete coisas mais preciosas que você poderia ter no mundo. 

Qual é a primeira? E a segunda? 

Se a primeira coisa da lista for algo diferente de relacionamento ou conexão, pergunte-se por que você atribui tanto valor a essa coisa. É por ela em si, ou porque ela favorece seu relacionamento com as pessoas? 

Por exemplo, você quer uma casa grande pela casa em si, ou porque ela favorece sua reunião com a família e com os amigos? 
Se você colocou no alto da lista algo ligado - direta ou indiretamente - a alguma forma de relacionamento, pergunte-se por quê. 

Imagine-se recebendo notícias particularmente boas, imagine-se recebendo notícias especialmente más. 

Com quem você gostaria de compartilhar as notícias? 

Telefone agora para essas pessoas e diga-lhes simplesmente que as ama! Vamos lá, vença a resistência! Prometo que elas não vão pensar que você enlouqueceu. Pelo contrário, elas vão achar que você nunca esteve tão bem! 

LEVADO 

A palavra hebraica original para "sozinho" é levado. Quando Deus a usa na história da criação, ela pode ser interpretada com mais precisão como "solitário", e não como a solidão física. Basicamente, Deus está nos dizendo: "Não é bom para o ser humano ficar solitário". Enquanto o ser humano estiver solitário, todo o bem da criação não poderá satisfazê-lo. Enquanto o ser humano não tiver ninguém com quem compartilhar suas experiências, enquanto o ser humano se sentir alienado, separado e vazio, todos os bens objetivos do universo serão irrelevantes. Esta é a experiência da solidão - nos sentirmos separados, apartados, alienados e vazios.

O objetivo do universo é o Bem. Com efeito, uma leitura atenta do místico Isaac Luria que essa "bondade" é de fato a meta de Deus. Deus e o Bem são um só. "Experimente e veja que Deus é Bom", clama o epigrama do mito bíblico. Luria considera que a frase "Não é bom para o homem ficar sozinho" se refere não apenas ao ser humano, mas também a Deus, já que, para que o próprio Deus alcance o Bem, ele precisa sair do levado divino - a solidão de Deus - e criar um mundo com o qual se relacione.

O que tudo isso quer dizer é que Deus é a força no universo que cura e transforma a solidão. Deus é a força que nos diz que não precisamos ficar sozinhos para sempre. O universo é amigável! Deus sabe o nosso nome; ele anseia pela nossa alegria e se empenha ativamente para que a alcancemos.

Erguendo-se contra essa meta fundamental da vida está a sombra do Não Bem, uma forma sombria engendrada pela existência solitária do ser humano. Misticamente, a solidão humana é um reflexo da solidão divina. Quando estamos sozinhos, Deus está, de certo modo, mais sozinho. O Zohar, a grande obra da Cabala, afirma que somos menos divinos quando estamos sozinhos. Nossa força vital divina se reduz quando estamos desconectados. Estar desconectados significa estar desligado do manancial de vida do universo. Um grande número de estudos confirma este fato de uma maneira extremamente poderosa e concreta.

Citando apenas uma entre muitas fontes, o pesquisador Skeels realizou uma pesquisa com vinte e quatro crianças de um orfanato. Doze crianças saíam todos os dias e ficavam entregues aos cuidados e ao amor de meninas portadoras de deficiência mental, em uma instituição próxima. As outras não receberam este tratamento. No final de um período de vinte anos, Skeels descobriu que as doze crianças que permaneciam no orfanato estavam mortas ou internadas em instituições para retardados mentais. As crianças que haviam recebido amor e atenção tornaram-se auto-suficientes, a maioria estava casada e quase todas tinham atingido um grau significativo de instrução. Nossa! Sabemos também que a criança que recebe cuidados regulares, mas é desprovida do contato humano, freqüentemente morre.

O impulso fundamental do ser humano é ir além do "Não Bem" da solidão para o "Bem" da conexão. Para que os seres humanos se beneficiem e participem de todo o bem da criação descrito no primeiro capítulo do Gênesis, para que possam viver plenamente, precisamos ir além da solidão e alcançar a conexão, o amor e a união. As marcas da alma se realizam completamente quando imprimem sua essência, deixando sua impressão única na vida.

AS DÁDIVAS DA SOLIDÃO

Antes de avançar em direção à essência das marcas da alma, precisamos, contudo, lembrar que a solidão não é uma condição humana deplorável. Em vez disso, levado encerra para nós um grande valor enraizador. A experiência da solidão é, até onde sabemos, exclusivamente humana. O romancista Thomas Wolfe chama a solidão de "a experiência fundamental e inevitável de todo ser humano". A solidão é uma experiência que deve ser transcendida, mas nunca omitida.

Perdemos de vista a verdade da nossa solidão elementar porque cobrimos o isolamento do nosso ser com a ilusão do ter. Na cultura moderna, ser está muito freqüentemente associado a possuir. Nós nos tornamos compradores e acumuladores, procurando identidade com o consumo, tentando abafar nossa solidão com coisas. Gandhi disse: "Existe o bastante neste mundo para a necessidade de todos, mas não o suficiente para a ganância de todos". Às vezes eu me pergunto se nós, ocidentais, não seríamos mais bem descritos como "possuidores humanos" em vez de seres humanos. Possuir se torna uma maneira de evitar ser. Além disso, usamos o possuir para legitimar nosso ser, nosso mérito e valor pessoal. Freqüentemente acreditamos que ser significa ter sucesso. Um dos sinais mais importantes do sucesso é o status social, que é amplamente determinado pela admiração que recebemos e o poder que exercemos. Mas o status não nos impede de nos sentirmos solitários e de estarmos desconectados.

PRÁTICAS DAS MARCAS DA ALMA

Quando se trata de coisas que você quer ou precisa, estas frases lhe parecem familiares? 
Serei feliz quando me formar. 
Se ao menos eu tivesse mais tempo... 
Se ao menos eu tivesse um emprego de que gostasse... 
Se eu tivesse um relacionamento mais profundo... 

Se for este o caso, transforme o verbo "ter" em "ser": 
Eu posso ser mais esforçado. 
Eu posso ser mais produtivo. 
Eu posso ser mais criativo. 
Eu posso ser mais amoroso. 
Eu posso ser mais atencioso. 
Eu posso ser mais paciente. 
Eu posso ser mais equilibrado. 

As frases com "ter" estão voltadas para o mundo exterior, para circunstâncias externas a você, enquanto as frases com "ser" atuam a partir do seu interior. Elas indicam o caminho para o trabalho que você pode fazer em si mesmo para ser mais. No final das contas, quando você puder ser mais, você terá mais.

Tememos que admitir nossa solidão seria debilitar nossa sensação de sucesso e status. Imagina-se que o sucesso elimina a vulnerabilidade, e que a solidão é a suprema vulnerabilidade. Nossa associação inconsciente é a seguinte: "Se somos bons, temos que ter sucesso, e se somos bem-sucedidos, certamente não seremos solitários". É mais fácil admitir fracassos financeiros, sexuais e éticos do que a verdade nua e crua da nossa solidão. Não ter nada para fazer e ninguém com quem estar num sábado à noite parece pesadelo. A solidão é encarada como uma grande maldição, uma noção que tem o apoio ostensivo da proclamação bíblica: "Não é bom para o ser humano ficar sozinho".

Os cabalistas interpretam o mito bíblico sobre a solidão de uma maneira muito diferente. Sem dúvida, as metas supremas da vida são o amor e a união. No entanto, só conseguimos alcançar estes objetivos se primeiro abraçarmos nossa solidão. A solidão, afirma Hyim de Voloshin, escritor místico do início do século XIX, não é uma expressão da degradação humana. Ao contrário, ela é uma manifestação da grandeza humana.

A solidão nos lembra uma grande verdade: "Você é especial, excepcional e insubstituível", proclama o universo. Não existe absolutamente ninguém como você na face da Terra. Este é o ponto inicial de qualquer relacionamento. A solidão é o traço comum da humanidade. Ela se transforma em um grandioso destino através da decisão autônoma do ser humano de deixar a solidão e avançar em direção ao amor.

A capacidade de penetrar a solidão e transcendê-la é o ousado convite e o desafio da consciência bíblica. Não é bom para nós estarmos sozinhos, mas é preciso primeiro entrar em contato com nossas marcas singulares da alma, para então avançar em direção ao bem, transcender nossa solidão e estabelecer a conexão, o amor e a união.

FIGURAS DE SOLIDÃO

Precisamos ir além da solidão, mas como?

O primeiro passo é tomar corajosamente consciência de que estamos solitários. Raramente você ouve as pessoas admitirem a profunda solidão que sentem. É como se a solidão encerrasse algo repugnante.

Compareci certa vez a um evento de caridade de fim de semana. Tratava-se de uma reunião da nata de jovens profissionais liberais. Quando lhes perguntei o que motivava seu comparecimento a um evento de caridade, compreendi o verdadeiro motivo de sua presença. Eles e elas estavam em busca de companhia, de conhecerem pessoas, de encontrarem possíveis parceiros.

Não estou querendo dizer que não estivessem interesses filantrópicos. Mas a maior preocupação deles, embora oculta ou até mesmo negada, residia na solidão em que se encontravam. Quando compreendi a dinâmica interior do evento, fiquei incrivelmente triste. Porque, embora haja uma ânsia por reunião, são pouquíssimas as pessoas que admitem o profundo desejo da alma de "se entrosar". Muitos de nós somos viciados nas pílulas de negação que se chamam Prozac ou Rivotril. Somos viciados em trabalho, consumo, sexo, diversão ou religião. Fazemos qualquer coisa para não tomar conhecimento da ausência de conexão humana que sentimos. Mas não podemos começar nossa cura enquanto não transcendermos a negação, identificando a doença que sentimos e chamando-a pelo nome.

Tomar consciência das marcas da alma cria uma percepção e um vocabulário que nos leva em direção à cura dessa dor. O primeiro ato do ser humano no Gênesis é dar nome às criaturas do seu mundo. Nós também precisamos dar nome às criaturas do nosso mundo interior. Magicamente, através do simples ato de dar nome, somos capazes de dispersar parte da escuridão que negamos e avançar em direção à luz. Jung declarou: "Não nos tornamos iluminados imaginando figuras de luz, e sim tomando consciência da escuridão". É indispensável identificar a solidão na irritante sensação de preocupação, tristeza e ansiedade, para que possamos transcendê-la. Precisamos fazer uma pausa para descrever - iluminar - algumas das formas mais comuns de solidão da nossa época.

A primeira figura de solidão é aquela que encontramos nas festas, shows, apresentações e em outros tipos de reuniões sociais. Todos sabemos que podemos estar em uma festa com dezenas de pessoas, dizer olá, conversar com quase todos os presentes, e mesmo assim nos sentirmos profundamente solitários. O sentimento de solidão numa festa ou num show pode ser até mais agudo do que se tivéssemos ficado em casa. O fato de nos sentirmos solitários não depende em geral de estarmos sozinhos ou acompanhados. Nietzche escreveu o seguinte: "Na solidão, o homem solitário é consumido por si mesmo; na multidão, pelos outros". Provavelmente todos nós já passamos pela experiência de andar de um lado para o outro em uma sala cheia, procurando dar a impressão de que fazemos parte do grupo e que estamos nos divertindo a valer. Não é uma sensação agradável. Ela provém do fato de estarmos tão desconectados das nossas marcas da alma que o contato social parece ser a única saída.

A segunda figura de solidão é a pessoa sozinha que anseia desesperadamente, em segredo, pela intimidade emocional. Conheço muitas pessoas assim, e durante sete anos, até relativamente pouco tempo, fui uma delas. Muitas pessoas solitárias vão dormir sozinhas hoje à noite, incapazes de usufruir o conforto de um corpo amigo. A dor intensa que senti depois e me divorciei, quando chegava em casa, noite após noite, e encontrava uma cama vazia, é quase indescritível.

Para algumas pessoas, uma vida que abraça a solidão pode ser produtiva e estimulante. A pessoa que está sozinha não é necessariamente solitária. Viver sozinho e não ser solitário pode significar que você fez amizade com você mesmo, o que é uma fantástica conquista espiritual. É maravilhoso quando a auto-afirmação e a autolegitimação satisfazem nossa necessidade de afirmação! No entanto, a ausência do sentimento de solidão em pessoas que vivem sozinhas também pode ser proveniente de algo totalmente diferente, ou seja, do fato de estarem desligadas delas mesmas e, por conseguinte, da falta de consciência da solidão existente dentro delas.

A grande maioria das pessoas sozinhas de todas as idades sente profundamente a solidão. A modernidade praticamente institucionalizou a solidão, promovendo uma nova família de seres psicológicos e sociológicos. Eles são chamados de "solteiros" - pessoa que ainda não encontraram alguém com quem compartilhar sua singularidade. Quer nunca tenham se casado ou sejam divorciados, eles formam um grupo de pessoas que sentem uma dor permanente.

Essas pessoas, em geral, não admitem a própria solidão. Em decorrência disso, quase não existem iniciativas comunitárias que criem oportunidades para que as pessoas solteiras se encontrem. Aos vinte e poucos anos, os jovens adultos são lançados no mundo para exercerem suas aptidões e ganharem dinheiro. Nós lhes dizemos então: "Encontrem um parceiro(a)". É insuportável para a comunidade admitir que seus filhos estão solitários.

A terceira figura de solidão é a pessoa casada solteira. Trata-se de uma pessoa casada há cerca de vinte anos, que compartilha a sala de estar, o banheiro e a cama com um parceiro(a), mas mesmo assim se sente desesperadamente sozinha. Talvez ainda pior do que estar solitária e sozinha seja estar solitária ao lado e nos braços de outra pessoa.

Finalmente, temos aquela que talvez seja a mais terrível solidão: a de nos sentirmos irrelevantes, substituíveis e insignificantes. A quarta figura de solidão é o homem ou mulher "insignificante". A romancista George Eliot capta bem estes sentimentos quando nos convida a imaginar que fazemos uma pedra ricochetear em um lago. Ela forma pequenas ondulações, às vezes até elegantes e belas; talvez ela ricocheteie várias vezes, criando uma série de ondulações. Mas, no final, ela está destinada a parar de ricochetear, a afundar e desaparecer, como se nunca estivesse existido.

Quase todos já experimentamos uma ou mais dessas quatro figuras na nossa vida. O primeiro estágio do processo de deixar para trás a solidão envolve não negar essas figuras e enfrentar suas sombras sorrateiras.

PRÁTICAS DAS MARCAS DA ALMA

Relacione quatro figuras de solidão que você tenha encontrado recentemente na sua vida.

Pense em maneiras pelas quais você poderia "trazê-las à tona".

Por exemplo: sua vizinha, a senhora idosa que mora sozinha.

Procure as marcas da alma dela, faça perguntas a respeito da vida dela.

Ou então, se o que você ler neste livro (ou em qualquer outro) iluminar você de alguma maneira, comprometa-se a compartilhar uma ideia com uma das suas figuras de solidão.

Marc Gafni




Em 23/08/07 eu morava em Belo Horizonte e estava me sentindo sozinha, perdida na cidade grande, cidade fria e indiferente a minha existência. Resolvi sair para comprar um livro. Entre muitos um me chamou a atenção. "As marcas da alma" - Descobrindo sua identidade espiritual' do autor Marc Gafni. Comecei a folheá-lo lendo uma página aqui outra acolá, e parei numa que eu transcrevo abaixo. Senti um toque na alma preenchendo aquele vazio do coração. Esta é a magia de se ler um bom livro.  

Depois de lê-lo resolvi em menos de 01 mês voltar para casa, ou seja, sair do meu exílio, voltar para o meu lugar, aonde estavam minhas raízes, meus amigos, meus amores perdidos. Percebi que "Não é bom estar sozinha" ... e não era mesmo!!! Não gosto de me sentir sozinha, não combina com minha essência. Ficar em Belo Horizonte naquela época para mim era me imputar um sofrimento desnecessário. 

Abrindo um parêntese: (Recordei agora que quando estava internada no Hospital André Luiz - BH, meu pai foi me visitar e me presenteou com o Livro da Zíbia Gaspareto. "Ninguém é de ninguém" e fez uma dedicatória com os seguintes dizeres, mais ou menos assim: "Filha, ninguém é uma ilha, não nascemos para viver só. Abre o seu coração para a vida. Recomece aonde parou, lembre-se que ninguém é de ninguém e esquece seus sofrimentos. Dê uma nova oportunidade para conhecer outra pessoa, você nasceu para ser feliz". 

Naquela época (final de 2002) eu estava muito doente, com depressão pós-parto aguda e sentia falta das minhas filhas e do pai de uma delas. Estava tendo muitas dificuldades em aceitar o término da minha relação amorosa ou da família idealizada por mim. A separação significava muita dor nessa época. Era a morte dos meus ideais e dos vários sonhos acalentados de constituir a minha própria família). 

Roberta Carrilho 

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