Vive-se mais daquilo que se ouve do que daquilo que se vê. Ou seja, vivemos da fé alheia. O ouvido é a segunda porta da verdade e a principal da mentira. Normalmente, a verdade é vista e, excepcionalmente ouvida. Poucas vezes chega de forma pura a nossos ouvidos, mesmo ainda quando vem de longe: sempre traz algo da mistura dos ânimos por onde passou. A paixão colore tudo que toca, a favor ou contra. Tenta sempre nos impressionar, por isso é preciso cuidado com quem elogia e mais ainda com quem critica. É necessária muita atenção para descobrir a intenção do intermediário, conhecendo-se de antemão seus interesses e pontos fracos. A cautela deve servir de contrapeso para detectar o que falta o que é falso.
Baltasar Gracián - A arte da prudência
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