Se quem age suspeita que está cometendo um equívoco, quem observa terá certeza do erro, principalmente se for um rival. Se, no calor da paixão, toma-se uma decisão apressadamente e com dúvidas, depois a tolice feita será condenada. É perigoso fazer algo de que a própria prudência duvida. Nesses casos, é mais seguro não fazer nada. A sensatez não joga com as probabilidades, anda sempre à luz da razão. Como pode dar certo uma idéia que logo depois de concebida já desperta receios? E se a decisão tomada sem dúvida interior costuma sair mal, o que esperar da que começou com dúvidas razoáveis e justificados maus prognósticos?
Baltasar Gracián - A arte da prudência
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