quarta-feira, 26 de maio de 2010

TENHA AUTORIDADE - Livro: Amar sem Mimar



É trabalho dos pais impor limites. Mas a meta dos filhos é tentar escapar deles em qualquer oportunidade. Nós devemos fornecer estrutura; eles querem liberdade. Nós precisamos garantir a sua segurança; eles são atraídos pela aventura e o perigo. Nós temos consciência das consequências; eles são impulsivos e completamente imersos no aqui e agora.

Não podemos forçar as crianças a verem as coisas a partir do nosso ponto de vista, apesar de essa ser uma idéia tentadora, porque tornaria nossa vida muito mais fácil. Imagine seu filho dizendo: "Você tem razão, mamãe. Eu não devo assistir à TV enquanto não terminar minha lição de casa. Agradeço muito por me lembrar". Isso é irreal. Mesmo assim, muito pais tentam desesperadamente persuardir suas crianças a uma obediência idealizada. Ou então vão para o outro extremo, assumindo uma postura de "executores da lei" e se tornando rígidos e controladores.

Felizmente, a escolha não tem de estar entre ser muito permissivo ou muito rígido. Há outro caminho que se chama autoridade. Vamos analisar os três estilos: permissivo demais, rígido demais e autoridade.


PERMISSIVO DEMAIS

Ser permissivo significa ter de subornar, pleitear e ceder freqüentemente. Significa que sua criança tem de ser feliz com os limites que você impõe. Significa dizer não, mas querendo dizer "provavelmente não" ou "não tenho certeza". É como o pai que me falou: "Nós estabelecemos regras muito claras quanto à hora de dormir ... Eu acho".

A permissividade pode parecer adorável hoje, mas cria insegurança. A criança não aprende a lidar com muito poder. Não importa o quanto ela proteste ou discuta, ela precisa de você no comando de modo amoroso.

Aqui está uma situação típica que demonstra a maternidade permissiva em ação. Kevin, de seis anos, tem permissão para brincar no quintal depois do jantar. Às oito horas, a mãe o chama para entrar:

Mãe: Kevin, querido, está escurecendo. Que tal entrar?
Kevin: Não, eu não quero.
Mãe: Por favor, querido.
Kevin: Não. Eu quero brincar mais meia hora.
Mãe: Está ficando tarde. Seja um bom menino e entre, está bemmmmm?
Kevin: Não!
Kevin corre pelo quintal, enquanto sua mãe reclama: "Eu não consigo nada com esse menino". Mas, ao permitir que Kevin defina as condições, a mãe perdeu a batalha. Se as crianças têm escolha, raramente escolherão a opção que não seja a mais divertida.

Recentemente eu observei o exemplo de um pai que pedia permissão à filha. Eu vi esse pai almoçando com sua filha, que parecia ter cerca de três anos. Ele não tinha terminado, mas notou que ela estava ficando um pouco inquieta. Eu o ouvi dizer: "Está bem para você se eu terminar meu café antes de irmos?" Fiquei chocada pelo desejo dele de deixar que ela comandasse. Se ele tivesse tido mais autoridade, teria dito algo, como: "Assim que eu terminar meu café, partiremos".

QUAL É O SEU ESTILO DE PATERNIDADE/MATERNIDADE?

SITUAÇÃO
Seu filho em fase pré-escolar chora porque quer um doce no supermercado.

MUITO PERMISSIVO
"Tudo bem. Eu estou muito cansada para discutir. Mas só desta vez".

MUITO RÍGIDO
"Eu disse não, e quero dizer isso! Se me pedir de novo, não terá doces por um mês!"

SIMPLESMENTE TENDO AUTORIDADE
"Esse doce realmente parece bom, mas doces não estão na nossa lista de hoje".

SITUAÇÃO
Seus filhos estão brigando por causa da programação da TV.

MUITO PERMISSIVO
"Por favor, crianças, vocês não podem ser legais um com o outro? Vocês não conseguem ficar sozinhos?".

MUITO RÍGIDO
"É isso! Já chega! Sem TV pelo resto da semana. Isso irá ensinar vocês a se comportarem!'.

SIMPLESMENTE TENDO AUTORIDADE
"Garotos, se vocês conseguirem definir o programa a que assistirão, são bem-vindos à nossa hora de TV. Caso contrário, a TV será desligada".

SITUAÇÃO
Sua filha deixou a bicicleta nova do lado de fora da casa, embora você já tivesse dito a ela para não fazer isso, e a bicicleta foi roubada.

MUITO PERMISSIVO
"Oh, querida. Sinto muito que uma pessoa má tenha roubado sua bicicleta. Não se preocupe, eu prometo qe a substituitemos".

MUITO RÍGIDO
"Eu disse a você para não deixar a bicicleta lá fora, mas você não me ouviu. Agora é tarde! Bem-feito!".

SIMPLESMENTE TENDO AUTORIDADE
"Sinto muito que sua bicicleta tenha sido roubada, mas você ficará sem outra por algum tempo. Nós já discutimos isso anteriormente e concordamos que bicicletas deixadas no quintal correm o risco de ser roubadas".

SITUAÇÃO
Seu filho está implorando um brinquedo caro: "Por favor, pai, compre o Nitendo. Eu preciso dele!"

MUITO PERMISSIVO
"Você sabe que estamos sem dinheiro, mas eu prometo comprá-lo assim que puder".

MUITO RÍGIDO
"Olhe para todos os brinquedos que você tem e veja que nunca está satisfeito. Pense nas crianças pobres que não têm nada".

SIMPLESMENTE TENDO AUTORIDADE
"Esse brinquedo parecer ser um brinquedo e tanto. Posso ver por que você o quer. Mas, neste momento, terá de colocá-lo na sua lista de desejos".


MUITO RÍGIDO

A abordagem autoritária não é muito melhor. Os pais excessivamente rígidos assumem o controle e esperam obediência inquestionável. Ser muito autoritório significa obter obediência total das crianças a qualque custo. As crianças nem sempre precisam de uma explicação nem têm que gostar de suas regras. Mas, quando você diz: "a resposta é não e acabou", não é igual a dizer: "Como você desafia (ou questiona) minha autoridade? Quem você pensa que é?". Esse é um roteiro familiar que faz com que lembremos, sem nenhuma saudade, de nossa própria infância.

Criar filhos de forma autoritária gera rebeldia e mesquinhez. O exemplo a seguir ilustra uma abordagem autoritária para a situação anterior, quando Kevin foi chamado para a cama:
Mãe: Kevin, é melhor você entrar agora mesmo!
Kevin: Só meia hora mais.
Mãe: Não! Você vai entrar agora, senão...
Kevin: (resmungando);Eu quero ficar aqui fora ...
Mãe: Quando eu digo agora, quero dizer agora.
A mãe começa a se proximar de Kevin furiosamente. Quando ela alcança o braço dele e o puxa para casa, ele se livra do braço dela. A mãe adverte: "Se você não entrar, eu não o deixarei sair depois do jantar pelo resto do mês!".


MELHOR: TENHA AUTORIDADE

Pais que têm autoridade entendem a necessidade de definir limites e fornecer estrutura para seus filhos; além disso, durante o processo, eles tratam as crianças do modo como eles gostariam de ser tratados: com respeito e dignidade.

A cena entre Kevin e sua mãe se torna muito diferente quando ela assume uma abordagem com autoridade. Antes de Kevin sair, ele e sua mãe concordaram que ele entraria às oito horas. Esse acordo forma a base para chamá-lo a entrar em casa:

Mãe: "Kevin, são oito horas".
Kevin: "Já? Eu fiquei fora tão pouco tempo".
Mãe: "Eu sei. Mas o relógio indica oito horas".
Kevin entra relutantemente e reclama um pouco, mas a mãe não leva isso para o lado pessoal. Ela não se mostra insegura quanto a sua decisão. Em vez disso, ela diz: "Eu não o culpo por estar desapontado, mas esse foi o nosso acordo". Sabendo que não tem argumentos para discutir, Kevin encontra qualquer outra coisa para fazer.

Eu gosto do modo como Bárbara Coloroso, em seu livro Kids are worth it, Crianças valem a pena (Avon Books, 1995), descreve esses três estilos de educar. Ela os chama de "água-viva" (permissivo demais), "parede de tijolo" (rígido demais) e "coluna vertebral" (tendo autoridade).


Nancy Samalin e Catherine Whitney

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