sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

DEPRESSÃO OU FALTA DE EMPATIA ... QUAL É A PIOR DOENÇA DESTE SÉCULO?



Ser indiferente sobre alguém em depressão ou não dá a devida atenção quem precisa é um dos atos mais cruéis que alguém pode praticar. Debochar, pré-julgar essa doença, como se não passasse de uma noite mal dormida ou, sei lá, de uma frescurinha boba é demonstrar ignorância absoluta sobre um assunto tão sério.

O Brasil é o país mais depressivo da América Latina. Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será até 2020, o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo.

Não sinta vergonha de ter depressão. Não deixe os julgamentos de pessoas que não entendem o seu estado, aumentarem uma dor emocional que já é grande o suficiente para a sua alma. 

A pior coisa da depressão é que ela é uma disfunção afetiva, psíquica que acontece dentro da gente. Por isso, muitas vezes, ninguém consegue vê-la e muito menos ajudar. Não é um osso quebrado que vemos no raio x ou um corte que a enfermeira costura e logo cicatriza. 

Depressão é um rasgo na alma que ninguém tem acesso. É uma ferida aberta e inflamada na nossa alegria de viver, que ninguém pode desinfetar porque não há como alcançá-la fisicamente.

Quando nos afogamos no mar, buscamos a superfície incessantemente no desespero pelo ar. Na depressão é o contrário. Afogamo-nos na dor e quando tentamos buscar ar no lado de fora, podemos sufocar ainda mais, porque é mergulhando dentro da gente que conseguimos respirar melhor.

Por isso, não entendemos porque as pessoas nos julgam tanto. Porque ninguém nos ajuda enquanto a angústia esmaga nosso peito e tira todo nosso fôlego, deixando-nos jogados na cama.

Então, a gente escuta que estamos nos fazendo de vítima. Que é bobagem, frescura. As pessoas nos ignoram justamente no momento em que mais precisamos, deixando-nos, sem se darem conta, à beira de um precipício, porque a nossa depressão pode ser imperceptível aos olhos do coração de quem não sabe o que é passar por essa dolorosa experiência.

Quantas vezes nos sentimos mal sem um motivo aparente? A tensões que acumulamos no interior de nós mesmos se refletem em nosso exterior. Pesquisas recentes constataram que a tensão psicológica pode dar a origem a doenças corporais (mais comum enxaqueca, insônia e fibromialgia). Para curar o de fora, precisamos primeiro controlar o de dentro, nossos conflitos internos.

A tensão emocional machuca lenta e inexoravelmente o corpo, se expressando por meio da depressão, ansiedade ou estresse. A canalização incorreta dos conflitos emocionais pode desencadear um amplo leque de doenças, como a diabetes mellitus, o lúpus e a leucemia.


Quando as emoções nos machucam

Em muitos casos, as pessoas pensam uma coisa e dizem outra, sentem uma coisa e fazem outra, não são coerentes com elas mesmos por medo da rejeição, do abandono, da crítica, de perder prestígio e de ser julgado pelos outros. De tanto pensar na valorização alheia nos esquecemos de nosso próprio julgamento, e isso causa inúmeros conflitos interpessoais.




As emoções que não expressamos afetam nossa saúde e se expressam no corpo através da dor e da doença. Nosso corpo nos envia sinais para chamar nossa atenção sobre a existência de algo que é preciso mudar, sejam pensamentos negativos ou crenças distorcidas enraizadas que limitam nossa vida. As distorções ocupam um papel predominante ao serem produzidas pela perturbação emocional.

Essa percepções e pensamentos distorcidos que o sujeito realiza sobre si mesmo, o mundo e o futuro, o levam a desenvolver estados de ânimo disfuncionais como: fobias, depressão, ansiedade, problemas de autoestima e transtornos obsessivos. A distorções cognitivas são falhas do pensamento que o ser humano utiliza constantemente para interpretar a realidade de forma irreal.

Essas percepções originam-se em falhas no processamento da informação e nos processos emocionais ao invés de racionais. Podem basear-se em crenças irreais firmes, mas as distorções na verdade não são crenças, e sim hábitos de pensamento que nos levam às emoções negativas.


Controle emocional para cicatrizar o exterior

As emoções influenciam o pensamento e a conduta, por isso seu controle é de fundamental importância. Qualquer acontecimento, por mais simples que seja, desperta emoções bem distintas. Isso se deve ao Sistema Límbico, o encarregado de que possamos considerar que as emoções formam parte de nós e de nossa maneira de reagir ao mundo.

A técnica mais simples de controle emocional é aprender a evitar o que gera emoções negativas em nós, sejam pessoas ou situações. 

Temos que tomar cuidado ao evitar as situações, já que podem reforçar um estilo de enfrentamento baseado na preservação de si mesmo, que é pouco efetivo na resolução de problemas. No entanto, controlar as emoções negativas é necessário.

Outras técnicas mais naturais e úteis para controlar as emoções antes, durante e depois de enfrentarmos situações emocionalmente intensas é o relaxamento. Ao relaxarmos, conseguimos um efeito de calma que nos faz visualizar a situação de forma mais nítida.


As técnicas mais úteis para controlar nossas emoções são as técnicas cognitivas. Para mudar as emoções temos que mudar os pensamentos, já que a emoção e o pensamento andam juntos, e se mudamos o pensamento podemos regular tanto nossas emoções quanto nossas ações. Técnicas cognitivas como o ensaio mental, a percepção do pensamento e a mudança de perspectiva nos ajudarão a curar o interior para poder cicatrizar o exterior.

São 5:30 da manhã e eu não consigo dormir, mas faz parte, às vezes, eu não prego os olhos durante a noite toda; outras, eu me fecho em casa e passo o dia todo dormindo, literalmente, sem falar com ninguém, sem beber ou comer, só dormindo. E se eu acordar, eu vou dormir outra vez.

Eu não como nada, ou como tudo a minha volta, às vezes, uma salada, às vezes, uma torta inteira. O conceito de valor nutricional foi pelo ralo; não se contam calorias a essa altura do campeonato, o que vier é lucro. Pode ser que eu só me lembre de comer porque já cheguei ao extremo e estou passando mal. Se eu tiver compromisso, eu acordo e desejo mais 5 minutos, esses 5 minutos duram mais tempo que minha última soneca. 

Tudo na minha vida passou a ser feito com um esforço surreal, seja do mais básico, como higiene, até as obrigações.

Depressão não é preguiça e nem desculpa, depressão é luta!






Já ouvi várias coisas a respeito da depressão. Já a nomearam como “frescura” e dizem ser coisa de quem não tem o que fazer. Já falaram para eu ocupar minha cabeça e parar de pensar besteira. Falaram que eu deveria trabalhar mais, estudar mais e deixar de pensar em todas essas loucuras.



Já falaram, também, que só reclamo e que uso o termo depressão porque me convém, para que as pessoas acabam tendo pena de mim.



Outros já se incomodaram com o meu choro e falaram que eu precisava ir ao psiquiatra com urgência.


O que ninguém entendia, porém, era o medo que eu sentia de falar das minhas dores, era o peso da angústia em me manter acordada, era o fato de eu buscar o refúgio dormindo para me esquecer da dor e fazer o tempo passar mais rápido. Era a luta de todos os dias de ter de enfrentar o seu “eu” em pedaços e, depois, juntá-lo novamente.

Ninguém entendia o quanto eu queria sair daquilo: era uma como uma prisão. Eu era prisioneira de medos, fracassos, mágoas e angústia.

Ninguém entendia que eu não via mais graça em nada e isso não tinha nada a ver com antipatia. Não entendiam que a força que me puxava para cama era bem maior do que a que me encorajava a levantar dela e sair para o mundo para ver e conhecer pessoas. Eu não tinha forças para falar, saudar alguém ou mesmo me arrumar. Eu me olhava no espelho e gostava do meu pijama velho, rasgado e do meu cabelo bagunçado. Eu não me preocupava com isso, pois a bagunça e os rasgos eram bem maiores dentro de mim.


Depressão não é fraqueza e está bem longe disso.

Ah, como eu queria que fosse frescura, como eu queria que fosse uma fase, como eu queria que fosse preguiça e que só a vontade bastasse para mudar tudo aquilo. O que ninguém entendia era a autoestima perdida e o desencanto que se fazia presente.

Ninguém conseguia ver a minha luta diária para virar a página, como eu me sentia impotente demais diante de tanta dor e, quantas vezes, eu não pensei em entregar os pontos.

Quantas vezes eu chorei sozinha no banheiro para ninguém ver, quantas vezes eu quis dormir e acordar leve. Nunca chame algo assim de falta de fé ou de falta de Deus. Depressão não tem a ver com falta de religiosidade. Depressão tem a ver com conflitos, com situações que muitas vezes nos jogam no buraco. Depressão não é fraqueza e está bem longe disso.

É como estar no meio da maré e ela querer te levar: você tenta, com todas as suas forças, mas uma hora cansa.

A tal da depressão quase me levou e ela pode levar muita gente, se continuarem acreditando ser frescura, se continuarem achando que o outro precisa de motivos para as suas dores, que é falta de vontade ou que, sei lá, a pessoa é muito sentimental. Pode levar muita gente, como já tem levado, porque muitos continuam acreditando que remédios bastam e que ”é fase e vai passar”.

Sabe, as pessoas querem ser ouvidas, elas têm sede de ver as suas dores acolhidas. Mas, em meio a tantos julgamentos e conceitos errados, eu preferia me calar, mesmo que isso não parecesse tão simpático. Era mais fácil dizer que estava tudo bem e depois chorar, do que ter que contar sobre mim e ter de ouvir uma resposta desagradável. Era mais fácil inventar desculpa para não sair, do que ter que enfrentar a mim mesma e a todos. Qualquer coisa era mais fácil do que ter que parecer bem.

Ninguém parou para ver a tempestade que havia em mim. Ninguém entendia o quanto eu lutava pra não chorar quando estava rodeada de pessoas e que, cansada de tanto lutar contra esses sentimentos que me sufocavam, na maioria das vezes preferia o meu quarto.


Não é do dia para a noite que você se liberta, é com apoio, é com ajuda, é com acolhimento e muito esforço. É um processo, é um leão que você mata todos os dias dentro de você, é sentir o seu dia tomando cor novamente devagarinho, é aprender a apreciar aqueles filmes velhos de que você tanto gostava e parou de assistir, é ler um livro novo e sentir prazer com cada frase terminada. É conseguir sorrir sem ter que fazer esforço, é olhar no relógio e querer parar o tempo ao invés de acelerá-lo. É ver a graça chegando aos poucos e a alegria fazendo morada. 

Não sou melhor do que ninguém por não ter me rendido totalmente, só eu sei o quanto é doloroso conviver com aquela dor e a imensa falta de força que um depressivo sente todos os dias. No entanto, posso ser melhor do que muita gente que não entende que depressão não é e está bem longe de ser frescura. Todas as noites ao deitar eu agradeço por não ter tirado minha própria morte em vida. Eu me sinto morta há décadas. Parece que nada faz sentido, nem pessoas, nem qualquer outra coisa. Como se ao acordar depois de tomar dois rivotril de 2mg ligasse o corpo morto sem vida na tomada recarregasse um dia de vida. Todos os dias são iguais. 

O não ter mais prazer em fazer nada, que a vida voltasse a soprar novamente no meu rosto, senti viva outra vez é um  sonho surreal para um depressivo. 
Eu frequentemente me tranco no quarto, não vejo TV. Fico deitada pensando, lembrando de coisas que eu não quero, tento não pensar ou relembrar, mas insistem esses pensamentos que machucam por não terem tido fim, respostas, explicações. Sinto raiva!

Eu me tornei do tamanho da minha dor. Invisível. Às vezes, eu tento manter as atividades, mas sempre parece que estou com uma tonelada nas costas, e é superdifícil para mim. Às vezes, no meio da atividade, o sufoco vira um alívio e acabo saindo melhor do que entrei. Eu agradeço por esses dias de excesso de trabalho, esqueço que eu existo. O corpo que suporte o esforço talvez assim ele se desgaste mais rápido do que o natural. Suicidar é pra os corajosos! Ateus! Eu não sou nem uma coisa nem outra. 

Não choro mais e nem consigo ver alguém chorando. Me traz angústia e estado de ira.


Criamos estratégias para disfarçar a dor, não devíamos, mas nos acostumamos com a indiferença. Ah! A indiferença!!!!  Talvez o mal do século não seja a depressão, mas a falta de empatia.



Acredito que, de todos os enfrentamentos que uma pessoa passa, nesse período, a depressão vem a ser o mais difícil deles, por conta da incompreensão.

Nesses momentos, tenho a sensação de que surgem pessoas com aquela necessidade incrível de rotular quem está passando por um momento de luta, no caso, a depressão. Quando eu passei por essa fase, escutei o discurso cansado de que eu precisava ocupar a minha cabeça; também ouvi o tal “isso aí é falta de fé” e que, de certa forma, eu não estava confiando em Deus. Outras vezes, ouvia que eu não estava me ajudando e que “ah, você precisa se levantar dessa cama”, como se isso fosse tão simples.


Quantas e quantas vezes escutei falas que mais me afundaram do que propriamente me ajudaram. Eu já estava me amando de menos e todas essas frases, em tom de “ajuda”, na verdade faziam com que eu me achasse ainda mais o problema, afinal, tudo era tão simples aos olhos dos outros, mas tão doloroso e complicado aos meus olhos. Então, eu chegava à conclusão de que o problema estava comigo.


Cansei-me de tanto escutar a frase:Existem pessoas em condições tão piores que a sua e você aí, com problemas pequenos e se entregando por tão pouco.” Claro, isso certamente me ajudou bastante (ironia). A verdade é que ninguém entendia o quanto era difícil sair do meu quarto, o quanto eu queria dormir para aliviar aquela dor e ver o tempo passar depressa. Aliás, eu sentia que o tempo não passava e a angústia fazia cada vez mais morada em mim.


E, embora isso tudo tenha acontecido um bom tempo atrás, é triste ver que esses discursos permeiam ainda os dias de hoje. Até quando as pessoas vão acreditar que ir ao psicólogo é coisa de louco? Sabe, eu tenho visto muita gente deixando de procurar ajuda por vergonha, por achar que quem precisa de um psicólogo é realmente louco – ideia totalmente errônea. Mas, que atire a primeira pedra quem não tem nada a melhorar, quem não tem angústias, conflitos e quem não precisa de mudança. Todos nós precisamos, o erro está em procurar ajuda apenas quando adoecemos.


Então, eu percebo que se fala tanto em depressão, mas pouco em empatia. Damos muita atenção às doenças do corpo, mas nos esquecemos da alma e da mente, como se não ter disposição para ir ao trabalho por conta da depressão fosse de fato encarado como preguiça. Não se leva em conta as noites sem dormir por conta da insônia, ou o excesso de sono causado pelos remédios, ou até mesmo a falta de energia.

De uma vez por todas, que fique bem claro que depressão não é frescura, depressão não é preguiça, não é desculpa, não é falta de fé e não tem nada a ver com religiosidade. Depressão é luta.

É a incompreensão de pessoas que soltam suas falas que mais doem do que curam, que mais machucam do que saram, que mais pesam do que aliviam, que mais empurram para o buraco do que ajudam alguém a sair dele. Afinal, incompreensão também mata.


Às vezes, eu consigo sorrir. Dizem que depressivos não sorriem. Enganam-se. É um vazio, uma angústia tão grande que a gente não sabe de onde veio, mas a gente sorri, e muito; às vezes, fazemos rir. A gente ri quando vocês perguntam: “Está tudo bem?”, quando a gente ouve que é frescura, falta de Deus ou que a pessoa é mal-amada, pois está há muito tempo solteira, etc. e tal. A gente ri para tudo isso.
Então a gente sente vergonha do nosso estado. Já nos achamos inúteis, os julgamentos só nos pioram mais.

Por isso nos questionamos se esse afogamento na dor é real, se faz sentido. E como a depressão é uma doença e não uma birra infantil, a gente disfarça porque não quer parecer tolo, mimado ou dramático.

Então, finge nadar enquanto se afoga. Sorri quando mesmo quando fica impossível respirar. Escondemos o desespero porque dói menos fingir e enganar as pessoas do que mostrar toda nossa dor e não ser compreendido, pior, ser julgado.

E tudo que precisamos é de apenas alguém para segurar nossa mão, enquanto buscamos a linha e a agulha para costurar essa ferida da alma.


Tudo é tão grande na depressão exatamente pelo nada ser maior ainda. Achava que era tristeza, mas é um nada exacerbado. E nada é pior que tudo. O silêncio. mistérios, falta de explicações, de detalhes da mente é perturbador, mata e nos faz nos perdermos. E sair desse labirinto é difícil e doloroso. Perdemos coisas, oportunidades e principalmente pessoas, essas últimas saem com sangue. Talvez não fosse tão ruim essa parte, olhando para o outro lado.

Quem não vê nosso choro não merece ver nosso sorriso. Por mais que doa, por mais que percamos mil pessoas, precisamos acreditar: aquele um que ficou é o que vai fazer a diferença. Aquele preparado para ouvir: “Eu matei alguém” ou “Eu sinto vontade de morrer”.

E, se sente tudo isso, por que não pede ajuda? Por que você não me falou? É difícil pedir ajuda, muitas vezes até pedimos direta ou indiretamente e somos ignorados, julgados, rotulados de vitimistas e outros rótulos pesados que machucam... e essas pessoas seguem suas vidas sem olhar para traz e enxergarem o mal que fizeram aquela que já estava doente com depressão.

Sem qualquer tipo de remorsos seguem suas vidas desfrutando alegria sem entender que isso não é possível para uma pessoa deprimida. Acostumaram a ver o deprimido como algo natural, ou seja:
  • ... "ele ou ela é assim mesmo desde que eu me conheço por gente", 
  • ..."desde que eu a conheço, nunca muda. Até parece que gosta de passar de louca(o) para todos sentirem peninha, coitadinha";
  • ... "se vira, não vou cuidar de ninguém porque tenho minha vida";
  • ... "Você não cuidou de mim porque eu tenho que cuidar de você?"
  • ... "Ele ou ela quer moleza, de mim nem precisa esperar nada"; 
  • ... "Faz de boba! Gosta de ficar assim, deprimida sem fazer esforço e quer ter tudo de mão beijada, para cima de mim não, esperta(o)!";
  • ... não entendeu que a vida é assim para todos e que não existe almoço grátis. 
... acostumam com a dor do outro como se fosse parte dela. Não se importam e nem tentam resgá-la daquilo sofrimento inarrável que não é natural, não é normal! Mas essa demanda esforço, tempo, dedicação, paciência e muita empatia ao se colocar no lugar da pessoa que esta doente e nem sabe se curar e não consegue sozinha sem apoio. 


Além disso, para pedir ajuda, os próximos do depressivo devem reconhecer o problema. É muito difícil reconhecer porque 'se' reconhece automaticamente 'se' sentem comprometidos ou repelidos na consciência que precisam ajudar, mas não querem deixar suas próprias vidas pra cuidar de outra pessoa ainda mais problemática e doente. Vai demandar, tempo, dedicação e dinheiro que será investido em outra pessoa além dela mesma. É difícil ser generoso em um mundo cada vez mais egoísta, individualista e sem amor verdadeiro. Não existe mais isso... se vai me desgastar eu não quero seja quem for. Nasci para ser feliz, diverti, viajar, curtir a vida e não para cuidar de alguém. 

É aí que entram em ação os sorrisos amarelos e vazios, mas que só quem se importa conosco vai perceber:
– Está tudo bem?
– Está! – com um sorriso amarelo.
Está tudo bem! Porque é mais fácil falar “Está” do que: 

“Não, não está tudo bem, eu estou surtando, a minha cabeça está queimando, eu não sinto nada, só dor. Estou há dias sem dormir direito, e na última semana eu passei mais tempo na cama do que em qualquer outro cômodo, faltei ao trabalho, compromissos, não fui ver o filho da minha amiga que nasceu… Cada osso do meu corpo dói, cada músculo do meu corpo está tenso, e isso me causa uma dor insuportável onde nem o mais potente dos analgésicos alivia. Então, meu único remédio é que Deus me dê a misericórdia de me tirar a vida. Quero morrer não gosto de viver.”

O que mais dói é a indiferença, aos poucos as pessoas deixam de ligar para a gente, de procurar, de abraçar, e vão partindo como se fosse um brinquedo velho que já não serve mais, sem ao menos perguntar: “Tudo bem?” Algumas vão perceber e vão partir vendo a gente como problema; umas nem vão se importar; outras vão ficar já no início. Raríssimas vão ser aquelas que ficarão até o fim, estarão presentes nas nossas quedas e recaídas.

Dói ter medo de tudo ao nosso redor, dói ter medo de si. Porque sozinho ninguém aguenta essa dor por muito tempo. Eu não me lembro do dia em que eu acordei e tudo desabou na minha cabeça, o dia em que as pessoas que eu amava foram embora. Eu daria a vida para escrever outra história, mas eu não posso, a única coisa que eu posso é colocar uma vírgula e seguir em frente, com outro final, uns personagens a menos e um sorriso verdadeiro. Porque ninguém precisa passar por isso sozinho. Peça ajuda!


Sobre o direito de sentir tristeza…

Eu serei objetiva aqui, só quero lhe fazer um pedido, com muita gentileza:

Quando uma pessoa o escolher para compartilhar uma angústia, uma dor, um medo, uma fragilidade ou algo do gênero, por favor, adote os seguintes cuidados…

1. Não diga “você não tem motivos para se sentir assim”. Entenda, o sofrimento da pessoa é real, mesmo que não faça sentido para você. Cada um tem uma forma de perceber a vida e os acontecimentos.


2. Evite dizer “muitas pessoas gostariam de estar no seu lugar”. Isso só vai piorar o estado da pessoa, pois ela, além de triste, vai se sentir culpada também. Dinheiro, beleza, juventude, casamento, etc. não blindam ninguém contra dores emocionais.


3. Esqueça o lembrete: “você precisa ser forte, muitas pessoas dependem de você”. A pessoa precisa de um suporte, por isso ela o procurou. Ela não quer ser cobrada sobre a força dela. Ao invés disso, diga: “você é humano e sempre arcou com muitas responsabilidades, é natural se sentir assim, isso não o faz fraco.”


4. Evite expressões que sinalizem julgamento ou questionamento. Ainda que seja a pessoa mais forte que você conheça, não insinue que ela não tem o direito de sentir aquele desconforto, medo ou fragilidade. Ofereça a sua audição interessada, olhe nos olhos, demonstre que se importa.


5. Lembre-se, a depressão é uma desordem química, isso significa que o milionário, o bonitão, a mulher capa de revista, o seu vizinho bem-sucedido, todos estão sujeitos a tê-la. É lógico que os acontecimentos tristes, os lutos e as perdas no geral favorecem o desencadeamento das doenças emocionais, mas isso não significa que esses fatores sejam obrigatórios para “justificar” o diagnóstico delas.


6. Talvez, essa pessoa tenha feito um grande esforço até tomar coragem de se expor, e se ela o escolheu, é porque o percebeu como merecedor da confiança dela. Não faça com que ela saia de perto de você pior do que chegou. Talvez, ela só queira ser ouvida. Pode ser que esteja cansada de ouvir que é forte. Ela só quer se sentir no direito de sentir-se triste.


Porque, sim, a depressão é um salto do fundo do poço que só nós somos capazes de dar. São as nossas pernas que nos impulsionam não a dos outros. Podemos estar cercados de amigos, procurar uma terapia, seja com um profissional seja com uma atividade, opções que são um suporte e amenizam a angústia, são máscaras de oxigênio diante desse afogamento na dor, mas somente nós mesmos podemos decidir buscar o ar lá no fundo e respirar para sair dessa.


As pessoas podem nos falar as melhores coisas, estender o braço para nos puxar dessa lama da alma, mas se a gente não levantar a mão e segurar firme, permaneceremos imersos em um mundo escuro, onde ninguém nos vê, de uma doença que é o mal do mundo e que somente a coragem de quem a tem é capaz de salvar.


Por isso, peça ajuda, sim, sem vergonha de estar deprimido, e o mais importante: aceite orientação, pois, no fim das contas, somos nossos próprios salva-vidas na depressão. Somos o motorista do nosso caminhão de dor.

Então, quando alguém o julgar, não desanime, apenas lembre-se de que: os caminhos mais difíceis nos levam aos melhore destinos. E se no meio da trilha o tempo virar, em vez de esperar a tempestade passar, dance na chuva!



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