sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DESCONSTRUÇÕES - Martha Medeiros


Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma. É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real. 

Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo. Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico. Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme. Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições. Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito. 

Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa. 

A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.

Martha Medeiros

Isto aconteceu comigo, infelizmente ...
Como eu gostaria de ter percebido o que estava por detrás daquela dissimulação. Ele foi, é e sempre será uma farsa. É muito difícil aceitar e assumir tal fracasso. Reconhecer que não fui suficientemente competente para desmarcará-lo antes de causar tantos danos na minha vida. Hoje, eu o desprezo. É muito difícil aceitar isto. Tenho que resolver muitas coisas antes de voltar acreditar que existem pessoas boas, honestas, dignas de serem amadas e recomeçar... Só me restaram feridas, traumas e mágoas profundas. E pensar que eu acreditei e amei verdadeiramente esse ser: 

- dissimulado; - covarde; - cruel; 
- injusto; - avarento; - insensível; 
- pífio; - amoral; - inconveniente; 
- idiota; - medroso; - instável; 
- grosseiro; - egoísta; - orgulhoso; 
- patife; - mesquinho; - arrogante; 
- pedante; - mau-caráter; - mentiroso; 
- interesseiro e etc. 

Ufa!!! Que fôlego!rsrsrs... estava precisando desabafar. 

Infelizmente! Não têm nenhum adjetivo que não seja real e verdadeiro.Não estou sendo injusta e nem exagerando. Eu só descrevi o seu retrato íntimo... quem conhece de verdade esta pessoa (HK), sabe que eu estou dizendo a verdade, mas terá que conhecê-lo sem a máscara ou papel que adora interpretar: de ser bonzinho, tímido, introspectivo, intelectual... Ele engana qualquer desavisado, pois é um 'expert' na dissumulação. Sinceramente, hoje tenho pena de quem o conhece e se envolve em suas mentiras e passa ser mais uma vítima como eu fui. 

Mudando de assunto, Martha escreve tudo que eu gostaria escrever ou dizer.
Roberta Carrilho



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