sexta-feira, 6 de novembro de 2009

QUERO SOLIDÃO - Cecilia Meirelles




Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca
estão deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:

quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ?
– me perguntarão.
- Por não ?
Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.

Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação …

Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra …

Quero solidão.

Cecilia Meirelles



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