terça-feira, 9 de julho de 2019

POR QUE O PT É 13 E O PSL É 17? TEM UMA LÓGICA POR TRÁS DOS NÚMEROS?




"Meus companheiros e minhas companheiras", "amigas e amigos de todo o Brasil", o PPJ (Pergunta pro Jokura) informa: eu bem que gostaria de encher esta resposta de superstições, simbologia e até de numerologia. Mas, não, o PSDB não é 45 porque é o ano do tucano no horóscopo chinês, o PT não é 13 porque dá azar e o PSL não é 17 por se comportar como um adolescente.

O começo dessa história de numerar os partidos - que já tem quase 40 anos - é puro acaso, Pablito. E devo essa descoberta ao trabalho de registro histórico do cientista político Jairo Nicolau, da UFRJ, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A numeração dos partidos começou nas eleições de 15 de novembro de 1982, ainda sob a ditadura de João Figueiredo. Na ocasião, apenas cinco legendas foram autorizadas a concorrer. E os números de cada uma foram definidos por sorteio, na seguinte ordem: 

  1. PDS (Partido Democrático Social) 
  2. PDT (Partido Democrático Trabalhista) 
  3. PT (Partido dos Trabalhadores) 
  4. PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) 
  5. PMDB (Partido do Movimento Democrático Trabalhista)

A partir de 1985, a Justiça Eleitoral extinguiu a numeração de 0 a 9 e os cinco partidos originais acrescentaram uma dezena aos números do sorteio de 1982. Foi assim que o PT do Lula Livre virou 13, o MDB do Temer virou 15, o PTB fundado por Getúlio Vargas, 14 e o PDT, da deputada federal Tábata Amaral, 12.

Em 1993, o PDS de Paulo Maluf se aliou ao Partido Democrata Cristão (PDC) para criar o Partido Progressista Reformador, que depois de várias mutações virou o que hoje chamamos de Progressistas, herdeiro do número 11.

Já o 17 passou pela mão de muita gente antes de chegar ao partido que elegeu Bolsonaro presidente. Ele não representava o PSL até as eleições de 1996. A primeira vez do 17 foi em 1985, designando o Partido Democrata Cristão (PDC) - e assim seguiu até o fim da agremiação, em 1993.

No pleito de 1994, o 17 pegou carona no aerotrem de Levy Fidelix, fundador do Partido Trabalhista Renovador Brasileiro (PRTB), mas logo desembarcou. Só a partir de 1996 é que o Partido Social Liberal assumiu o número que é do macaco no jogo do bicho, tá ok?

Os demais números surgiram, com poucas exceções, de acordo com a seguinte lógica: nas eleições de 1985, estrearam 23 partidos, assumindo numerações entre 16 (PPB) e 40 (PSB) --a exceção foi o 32 (PNR), que só concorreu no ano seguinte

Em 1988, estrearam do 41 (PSD) ao 49 (PHN). Em 1989 --eleição do Collor (36), lembra?--, debutaram do 51 (PDN) ao 57 (PDC do B) --mas ninguém quis o 53. De 1990 em diante, as dezenas foram aumentando até o limite do 84 (PFS), que estreou em 1992 --e por ali mesmo se aposentou.

Ao longo desse nosso atual e breve período democrático, a maioria dos números foram sorteados, alguns foram herdados de partidos extintos e alguns poucos puderam escolher a numeração preferida, fora da ordem protocolar. É o caso do 10 (PRB) --mínimo permitido pela Justiça Eleitoral-- que só entrou em cena em 2006.

E dentre os 33 partidos na ativa atualmente, o último número inédito a aparecer nas urnas foi o 90 (PROS), em 2014. É tanto partido que daqui a pouco vão cobrar uma reforma do código eleitoral para incorporar três dígitos na representação das siglas.


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