Normalmente, o sistema nervoso central consegue suportar altas cargas emocionais, diluindo-as ou transferindo-as de localização. Em face dos estímulos que proporciona ao sistema endocrínico, o formidando laboratório glandular responde mediante os hormônios específicos que são produzidos e distribuídos em rede segura por todo o organismo. Embora seja o Self desencadeador das emoções, a maquinaria orgânica tem a finalidade de expressá-las.
Ocorre, no entanto, que as sucessivas descargas emocionais perturbadoras de tal forma sobrecarregam os nervos que, invariavelmente, transferem aquelas mais difíceis de contornadas e aceitas para os arquivos do inconsciente, dando lugar às fugas psicológicas em que se comprazem muitos pacientes.
Em vez dos enfrentamentos dos problemas com naturalidade, determinadas predisposições emocionais impedem a aceitação das ocorrências mais exaustivas, produzindo um mecanismo automático escapista, mediante o qual parece livrar-se da dificuldade, quando apenas a posterga. Tão natural e repetitivo se faz esse fenômeno, que o paciente deixa-se mascarar por fatores opressivos que terminam por vencê-lo.
Departamentos seletivos da mente bloqueiam automaticamente muitas ações desagradáveis, que são arquivadas em setores especiais, mesmo antes de analisadas devidamente, conforme seria de esperar-se. Em face dessa conduta escamoteadora, surgem os mecanismos de transferência de responsabilidade, de ausência de discernimento, de fugas variadas na área psicológica.
Na vida infantil, porque não compreende a gravidade dos atos, a criança escapa da responsabilidade apelando para a mentira, fruto natural da sua imaginação criadora, que bem-orientada encontrará o correto caminho para dar largas ao seu campo de inspiração e de ação, sem esquecimento da verdade. No entanto, em razão da falta de orientação no lar, que procura castigar o mentiroso, em si mesmo vítima de insegurança e inquietação emocional, elucidando-o quanto à maneira como deve conduzir-se, o ser cresce fisicamente, mantendo-se, porém, no estágio de infância psicológica, o que é muito lamentável.
Não poucas vezes, diante dos grandes desafios para os quais o indivíduo não se sente equipado, por lhe faltarem os recursos hábeis para os arrostar, foge para atitudes levianas e irresponsáveis, como se estivesse agindo de forma correta. Mais grave torna-se o fenômeno quando a necessidade da evasão faz-se mais premente, levando-o a um estágio de esquecimento dos compromissos difíceis, dando a impressão de conduta incompatível com a dignidade e o bom-tom.
É comum ver-se agressão verbal contra outrem, motivada pela inveja, que é a sua causa real, porém disfarçada de defesa deste ou daquele ideal, de uma ou de outra forma de comportamento. Nessa atitude está embutida uma fuga psicológica ocultando a causa real do desapontamento, transformado em rebeldia e mágoa.
Alguns estados pré-depressivos igualmente decorrem da incapacidade de serem resolvidos os desafios existenciais, facultando ao indivíduo esconder-se no medo que o leva ao mutismo, ao afastamento do convívio social e familial, em uma forma de poupar-se a qualquer tipo de sofrimento.
Muito curioso tal mecanismo de fuga, tendo-se em vista que o enfermo vai defrontar-se com aquilo que gostaria de evitar, desde que se torna infeliz, inseguro, no refúgio perigoso em que se homizia. Evidentemente, com o transcorrer do tempo aumenta a insatisfação com a existência e desce ao abismo da depressão psicológica, ensejando ao organismo, pelo impacto contínuo da mente receosa, perturbação nas neurotransmissões, em decorrência da ausência de serotonina e noradrenalina.
O ser humano encontra-se equipado de recursos preciosos que devem ser aplicados no quotidiano, de forma que se ampliem as possibilidades nele latentes, expressando a potencialidade divina de que se encontra constituído. Toda vez que se tenta evitar esforço e luta, opera-se em sentido contrário às leis da vida, que impõem movimento e ação como recursos de crescimento psicológico, moral, intelectual, espiritual.
Ninguém cresce ou se desenvolve em estado de paralisia.
De igual modo, o ser pensante, quanto mais estímulos produz ao impacto dos ideais, das aspirações, dos programas iluminativos, mais inapreciáveis possibilidades se lhe desdobram convidativas. Constata-se que os lidadores, em qualquer área existencial, mais se aprimoram quanto mais produzem e mais se afadigam. Resistências morais desconhecidas são acionadas e recursos ignorados aparecem, tornando cada vez mais fáceis os empreendimentos programados.
Sob outro aspecto, as heranças espirituais de experiências transatas permanecem comandando o inconsciente profundo e gerando automatismos de bloqueio para todas as experiências que se apresentam na condição de ameaças à paz. Quando se tornam mais vigorosas e ressumam com maior facilidade dos depósitos onde se encontram arquivadas, induzem ao suicídio, em mecanismo de transferência de responsabilidade para aquele a quem atribui as razões do que impropriamente considera como fracasso.
Muitas vezes são paixões incontroláveis, caprichos derivados de condutas equivocadas que se deseja impor a outrem, que tem o direito de recusá-las, não lhe aceitando a postura independente, que sempre deve prevalecer no indivíduo.
Todas as empresas experimentam períodos de progresso e de queda em face das razões sociais, econômicas, políticas, humanas. O mesmo ocorre com a existência física, por tratar-se de um empreendimento de alta magnitude e sujeito às mais diversas circunstâncias, especialmente as emocionais, que, de alguma forma, constituem fatores de segurança e de equilíbrio.
A indiferença, que muitas vezes aflige aqueles que lhe padecem a postura, é um recurso de fuga psicológica de quem se sente incapaz de competir ou de aceitar o insucesso da pretensão anelada. Não se considerando em condições de compensar a perda, diminui a intensidade do sentimento afetivo e revida ao que considera como ofensa, em forma de morte da emoção.
É normal que ocorram algumas fugas psicológicas no dia a dia da existência humana, em forma de recurso neutralizador do excessivo volume de informações que bombardeiam o indivíduo, através dos diversos veículos de comunicação de massa, das conversações raramente edificantes, das convivências enfermiças. Ante a impossibilidade de proceder-se a uma catarse que liberaria da carga adicional afugente, a consciência apaga momentaneamente as informações e foge para comportamentos que lhe parecem mais saudáveis e compatíveis com as suas aspirações.
Saúde mental e emocional, por extensão, física também, será sempre o resultado desse equilíbrio psicofísico que deve viger nos indivíduos que se trabalham interiormente, cultivando o otimismo e a confiança irrestrita em Deus e na vida.
Danos imediatos e remotos decorrentes
O hábito de evitar-se responsabilidades e deveres que parecem insuportáveis, conduz o indivíduo a uma falsa comodidade, assinalada pela conduta leviana e infantil.
Todos os seres humanos existem para realizar o crescimento interior, a sua individuação. Inutilmente se busca burlar o impositivo do progresso, que é o recurso hábil para a conquista do Si profundo e de todas as suas potencialidades. Quando, por uma ou outra razão, resolve-se pela acomodação ao já feito, ao já conhecido, deperece-se a energia vitalizadora e empobrece-se a existência, que tem por finalidade precípua o enriquecimento pela sabedoria.
Desse modo, os mecanismos de fuga psicológica quase sempre candidatam o paciente a um estado de inconsequências morais, frutos da constante evasão da realidade para um universo de fantasia, onde tudo se realiza magicamente, utopicamente. Essa imaturidade emocional faz que se perca o interesse pelos nobres ideais, aqueles que exigem postura adequada e luta contínua, não dando abrigo a comportamentos alienantes ou desculpistas.
A culpa ancestral, fixada no inconsciente do indivíduo, exerce uma grande pressão sobre sua conduta atual, estimulando às evasões da realidade, ao esquivar-se dos compromissos vigorosos, mantendo atormentada a sua vítima, sempre à espera de algo perturbador. Ignorar a responsabilidade de forma alguma a anula. Pelo contrário, apenas transfere-a em tempo e lugar, para futuros enfrentamentos inevitáveis, em situações aflitivas pelo impositivo da reencarnação.
Do ponto de vista psicológico, o próprio indivíduo perde a autoestima e considera-se incapacitado para quaisquer realizações que lhe exijam esforço, acostumado conforme se encontra a desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais ou intelectuais.
Com o tempo, torna-se desagradável, acreditando-se não amado, sempre traído pelos amigos, deixado à margem nos empreendimentos que se realizam a sua volta, acumulando mágoas e dissabores injustificáveis.
Certamente, as demais pessoas não têm capacidade para uma convivência fraternal com aqueles que se fazem omissos, com quem não se pode contar nos momentos difíceis, que sempre estão adiando decisões... Após algum período de tolerância, as pessoas afastam-se, procurando seus pares em Espíritos combativos, corajosos e empreendedores, aos quais se afeiçoam.
Os primeiros são considerados como enfermos, mais necessitados de compaixão do que de amizade, enquanto os segundos são tidos como companheiros, porque são participantes de tarefas e de convivências de variado teor.
A busca da harmonia é inevitável no ser humano. Lográ-la, no entanto, constitui-lhe uma empresa na qual se deve empenhar com as veras do sentimento. Sabendo-se que trata de um logro de largo porte, o empenho de forças e de emoções constitui, sem dúvida, um fenômeno natural, que não pode ser considerado como sacrifício.
Todo herói, mesmo quando tomba no campo de batalha, em realidade não deve ser categorizado como vitimado pelo sacrifício. O seu gesto de doar a existência é-lhe motivo de alegria, de confirmação da nobreza do ideal que vibra em seu mundo íntimo.
Conta-se que Sólon, o maior sábio da Grécia no seu tempo, em um banquete que lhe foi oferecido pelo rei Creso, em Sardes, capital da Lídia, teria sido interrogado pelo monarca, tido como o homem mais rico do mundo naquela ocasião, para que informasse quem, na sua opinião de viajante ilustre, seria a pessoa mais feliz da Terra.
Sem perturbar-se, o pensador, após ter estado na sala dos tesouros reais, referiu-se que houvera conhecido em Atenas um jovem de nome Telus, que, após cuidar da genitora enferma, acompanhando-a até a morte, entregou o restante da existência à defesa da sua cidade. Algo frustrado, o rei vaidoso retornou à carga, indagando-lhe, então, quem seria a segunda pessoa mais feliz do planeta, recebendo outra resposta desanimadora, quando foi afirmado por Sólon que ele houvera conhecido dois jovens, em Atenas, cuja existência fora notabilizada pela elevação moral e pela grandeza de sentimentos, que se imolaram para defender a cidade...
Sentindo-se subestimado, o rei Creso, que confundia poder com harmonia interna propiciadora de felicidade, não escondeu a desconsideração com que passou a tratar o convidado, dele havendo escutado que nunca se olvidasse do castigo do tempo, isto é, da fatalidade da própria vida, que altera comportamentos, ocorrências e circunstâncias de maneira tão prodigiosa quanto inesperada.
(...) E Creso, na sua guerra trágica contra Ciro, rei dos persas, viu a sua cidade incendiada, seus tesouros roubados, sendo preso e levado à fogueira, quando se referiu a Sólon, no justo momento em que passava o conquistador, que simpatizava com o filósofo, e indagou-lhe a causa pela qual enunciara que o sábio tinha razão.
Explicando-lhe o que houvera acontecido, Ciro foi tomado de compaixão pelo vencido, libertando-o, enquanto exclamava a respeito da possibilidade de em algum dia cair na mesma situação de Creso, esperando receber complacência do seu triunfador. Nomeou-o seu auxiliar, que lhe prestou relevantes serviços e continuou a trabalho na corte persa após a morte de Ciro, quando foi substituído pelo seu filho Cambises...
O castigo do tempo é a inexorabilidade do progresso, das transformações incessantes a que tudo e todos estão submetidos.
Os mecanismos, portanto, de fuga da responsabilidade e do dever somente atormentam aqueles que se lhes entregam inermes, quando seria mais factível e próprio lutar com tenacidade, vencendo os limites e impondo a vontade aos temores e conflitos, por cuja conduta encontraria a autorrealização, a paz.
SOLUÇÕES
O ser humano possui tesouros íntimos inigualáveis, ainda não explorados conscientemente. Diante dos impositivos existenciais, cumpre-lhe recorrer a esses valores grandiosos, empenhando-se pela superação dos impedimentos que lhe surgem como fenômeno perfeitamente normal e comum a todas as demais criaturas.
A necessidade dos enfrentamentos faz parte da existência humana, sem os quais o processo de crescimento interior ficaria interrompido, dando lugar a transtornos profundos de comportamento que se transformariam em patologias de difícil solução.
O ego que teme o denominado fracasso, que é sempre um insucesso previsível e reparável, resolve evitar os processos desafiadores, mascarando a realidade e fugindo para o mundo de fantasia, constituído de sonhos utópicos e irrealizáveis gerados pelas frustrações.
Pequenos exercícios de afirmação da personalidade e de autodescobrimento dos valores adormecidos funcionam como terapia valiosa, por estimular o paciente a novos e contínuos tentames, que vão se coroando de resultados favoráveis, eliminando o sutil complexo de inferioridade e mesmo diluindo, a pouco e pouco, a culpa perturbadora.
Cada vitória, por mais insignificante que se apresente, serve de base para futuros cometimentos, que facultarão a autoconfiança, o reconhecimento das potencialidades ignoradas que respondem pelas forças morais de que é possuidor o Self.
Quanto mais se transfere o encontro com a realidade elaborada pelo Eu consciente atual, mais difícil torna-se a construção da identidade pessoal, que se apresenta como destituída de significados elevados, ocultando as imperfeições que, afinal, fazem parte de todo processo evolutivo.
À medida que se alcançam patamares mais elevados, outros surgem convidativos, demonstrando que não existe pouso definitivo para quem deseja a plenitude, sem novas metas a serem conquistadas. Adicionando-se realizações, umas sobre as outras, ocorrerá um somatório de experiências que impulsionam o indivíduo com segurança no rumo certo da realidade.
Ninguém atinge o acume de um monte sem haver superado as dificuldades iniciais das baixadas. Vencida uma etapa, mais fácil torna-se o avanço na direção de outra até ser conseguido o objetivo buscado.
A verdadeira saúde psicológica não anui com a precipitação nem com o destemor, que pode parecer heroísmo. Quase todos triunfadores viveram momentos de medo e de perplexidade antes de alcançarem o êxito que ora coroa as suas existências.
Nesse sentido, a prática das boas ações oferece encorajamento para realizações mais amplas nos relacionamentos interpessoais, na convivência social e no amadurecimento da realidade pessoal.
Sempre quando alguém se predispõe a auxiliar, experimenta forte empatia, que resulta de contínuas descargas de adrenalina estimuladora que encoraja para novas realizações e bloqueia os temores infundados. Quando surge essa disposição real para superar as fugas psicológicas, conscientes ou não, automaticamente desenvolvem-se os sentimentos íntimos, proporcionando bem-estar e alegria de viver.
Torna-se um tormento a manutenção das fugas emocionais, o escamoteamento da própria realidade, mascarando o ser de júbilos que não existem e de satisfações que são irreais.
Assumir, portanto, as próprias dificuldades constitui um dos passos necessários para superá-las. Como todos os indivíduos são seres humanos em processo de crescimento, em conserto, na trajetória carnal, porque ainda portadores de imperfeições de vários tipos, a aceitação de si mesmo conforme se encontra é recurso valioso para a compreensão dos limites que caracterizam os demais, tornando-os tolerantes em relação às faltas alheias, em face das próprias condições agora conhecidas.
A culpa transforma-se em autoperdão, o medo faz-se estímulo para o avanço contínuo e as incertezas convertem-se em convicções em torno da própria vitória: a saúde integral!
Ocorre, no entanto, que as sucessivas descargas emocionais perturbadoras de tal forma sobrecarregam os nervos que, invariavelmente, transferem aquelas mais difíceis de contornadas e aceitas para os arquivos do inconsciente, dando lugar às fugas psicológicas em que se comprazem muitos pacientes.
Em vez dos enfrentamentos dos problemas com naturalidade, determinadas predisposições emocionais impedem a aceitação das ocorrências mais exaustivas, produzindo um mecanismo automático escapista, mediante o qual parece livrar-se da dificuldade, quando apenas a posterga. Tão natural e repetitivo se faz esse fenômeno, que o paciente deixa-se mascarar por fatores opressivos que terminam por vencê-lo.
Departamentos seletivos da mente bloqueiam automaticamente muitas ações desagradáveis, que são arquivadas em setores especiais, mesmo antes de analisadas devidamente, conforme seria de esperar-se. Em face dessa conduta escamoteadora, surgem os mecanismos de transferência de responsabilidade, de ausência de discernimento, de fugas variadas na área psicológica.
Na vida infantil, porque não compreende a gravidade dos atos, a criança escapa da responsabilidade apelando para a mentira, fruto natural da sua imaginação criadora, que bem-orientada encontrará o correto caminho para dar largas ao seu campo de inspiração e de ação, sem esquecimento da verdade. No entanto, em razão da falta de orientação no lar, que procura castigar o mentiroso, em si mesmo vítima de insegurança e inquietação emocional, elucidando-o quanto à maneira como deve conduzir-se, o ser cresce fisicamente, mantendo-se, porém, no estágio de infância psicológica, o que é muito lamentável.
Não poucas vezes, diante dos grandes desafios para os quais o indivíduo não se sente equipado, por lhe faltarem os recursos hábeis para os arrostar, foge para atitudes levianas e irresponsáveis, como se estivesse agindo de forma correta. Mais grave torna-se o fenômeno quando a necessidade da evasão faz-se mais premente, levando-o a um estágio de esquecimento dos compromissos difíceis, dando a impressão de conduta incompatível com a dignidade e o bom-tom.
É comum ver-se agressão verbal contra outrem, motivada pela inveja, que é a sua causa real, porém disfarçada de defesa deste ou daquele ideal, de uma ou de outra forma de comportamento. Nessa atitude está embutida uma fuga psicológica ocultando a causa real do desapontamento, transformado em rebeldia e mágoa.
Alguns estados pré-depressivos igualmente decorrem da incapacidade de serem resolvidos os desafios existenciais, facultando ao indivíduo esconder-se no medo que o leva ao mutismo, ao afastamento do convívio social e familial, em uma forma de poupar-se a qualquer tipo de sofrimento.
Muito curioso tal mecanismo de fuga, tendo-se em vista que o enfermo vai defrontar-se com aquilo que gostaria de evitar, desde que se torna infeliz, inseguro, no refúgio perigoso em que se homizia. Evidentemente, com o transcorrer do tempo aumenta a insatisfação com a existência e desce ao abismo da depressão psicológica, ensejando ao organismo, pelo impacto contínuo da mente receosa, perturbação nas neurotransmissões, em decorrência da ausência de serotonina e noradrenalina.
O ser humano encontra-se equipado de recursos preciosos que devem ser aplicados no quotidiano, de forma que se ampliem as possibilidades nele latentes, expressando a potencialidade divina de que se encontra constituído. Toda vez que se tenta evitar esforço e luta, opera-se em sentido contrário às leis da vida, que impõem movimento e ação como recursos de crescimento psicológico, moral, intelectual, espiritual.
Ninguém cresce ou se desenvolve em estado de paralisia.
De igual modo, o ser pensante, quanto mais estímulos produz ao impacto dos ideais, das aspirações, dos programas iluminativos, mais inapreciáveis possibilidades se lhe desdobram convidativas. Constata-se que os lidadores, em qualquer área existencial, mais se aprimoram quanto mais produzem e mais se afadigam. Resistências morais desconhecidas são acionadas e recursos ignorados aparecem, tornando cada vez mais fáceis os empreendimentos programados.
Sob outro aspecto, as heranças espirituais de experiências transatas permanecem comandando o inconsciente profundo e gerando automatismos de bloqueio para todas as experiências que se apresentam na condição de ameaças à paz. Quando se tornam mais vigorosas e ressumam com maior facilidade dos depósitos onde se encontram arquivadas, induzem ao suicídio, em mecanismo de transferência de responsabilidade para aquele a quem atribui as razões do que impropriamente considera como fracasso.
Muitas vezes são paixões incontroláveis, caprichos derivados de condutas equivocadas que se deseja impor a outrem, que tem o direito de recusá-las, não lhe aceitando a postura independente, que sempre deve prevalecer no indivíduo.
Todas as empresas experimentam períodos de progresso e de queda em face das razões sociais, econômicas, políticas, humanas. O mesmo ocorre com a existência física, por tratar-se de um empreendimento de alta magnitude e sujeito às mais diversas circunstâncias, especialmente as emocionais, que, de alguma forma, constituem fatores de segurança e de equilíbrio.
A indiferença, que muitas vezes aflige aqueles que lhe padecem a postura, é um recurso de fuga psicológica de quem se sente incapaz de competir ou de aceitar o insucesso da pretensão anelada. Não se considerando em condições de compensar a perda, diminui a intensidade do sentimento afetivo e revida ao que considera como ofensa, em forma de morte da emoção.
É normal que ocorram algumas fugas psicológicas no dia a dia da existência humana, em forma de recurso neutralizador do excessivo volume de informações que bombardeiam o indivíduo, através dos diversos veículos de comunicação de massa, das conversações raramente edificantes, das convivências enfermiças. Ante a impossibilidade de proceder-se a uma catarse que liberaria da carga adicional afugente, a consciência apaga momentaneamente as informações e foge para comportamentos que lhe parecem mais saudáveis e compatíveis com as suas aspirações.
Saúde mental e emocional, por extensão, física também, será sempre o resultado desse equilíbrio psicofísico que deve viger nos indivíduos que se trabalham interiormente, cultivando o otimismo e a confiança irrestrita em Deus e na vida.
Danos imediatos e remotos decorrentes
O hábito de evitar-se responsabilidades e deveres que parecem insuportáveis, conduz o indivíduo a uma falsa comodidade, assinalada pela conduta leviana e infantil.
Todos os seres humanos existem para realizar o crescimento interior, a sua individuação. Inutilmente se busca burlar o impositivo do progresso, que é o recurso hábil para a conquista do Si profundo e de todas as suas potencialidades. Quando, por uma ou outra razão, resolve-se pela acomodação ao já feito, ao já conhecido, deperece-se a energia vitalizadora e empobrece-se a existência, que tem por finalidade precípua o enriquecimento pela sabedoria.
Desse modo, os mecanismos de fuga psicológica quase sempre candidatam o paciente a um estado de inconsequências morais, frutos da constante evasão da realidade para um universo de fantasia, onde tudo se realiza magicamente, utopicamente. Essa imaturidade emocional faz que se perca o interesse pelos nobres ideais, aqueles que exigem postura adequada e luta contínua, não dando abrigo a comportamentos alienantes ou desculpistas.
A culpa ancestral, fixada no inconsciente do indivíduo, exerce uma grande pressão sobre sua conduta atual, estimulando às evasões da realidade, ao esquivar-se dos compromissos vigorosos, mantendo atormentada a sua vítima, sempre à espera de algo perturbador. Ignorar a responsabilidade de forma alguma a anula. Pelo contrário, apenas transfere-a em tempo e lugar, para futuros enfrentamentos inevitáveis, em situações aflitivas pelo impositivo da reencarnação.
Do ponto de vista psicológico, o próprio indivíduo perde a autoestima e considera-se incapacitado para quaisquer realizações que lhe exijam esforço, acostumado conforme se encontra a desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais ou intelectuais.
Com o tempo, torna-se desagradável, acreditando-se não amado, sempre traído pelos amigos, deixado à margem nos empreendimentos que se realizam a sua volta, acumulando mágoas e dissabores injustificáveis.
Certamente, as demais pessoas não têm capacidade para uma convivência fraternal com aqueles que se fazem omissos, com quem não se pode contar nos momentos difíceis, que sempre estão adiando decisões... Após algum período de tolerância, as pessoas afastam-se, procurando seus pares em Espíritos combativos, corajosos e empreendedores, aos quais se afeiçoam.
Os primeiros são considerados como enfermos, mais necessitados de compaixão do que de amizade, enquanto os segundos são tidos como companheiros, porque são participantes de tarefas e de convivências de variado teor.
A busca da harmonia é inevitável no ser humano. Lográ-la, no entanto, constitui-lhe uma empresa na qual se deve empenhar com as veras do sentimento. Sabendo-se que trata de um logro de largo porte, o empenho de forças e de emoções constitui, sem dúvida, um fenômeno natural, que não pode ser considerado como sacrifício.
Todo herói, mesmo quando tomba no campo de batalha, em realidade não deve ser categorizado como vitimado pelo sacrifício. O seu gesto de doar a existência é-lhe motivo de alegria, de confirmação da nobreza do ideal que vibra em seu mundo íntimo.
Conta-se que Sólon, o maior sábio da Grécia no seu tempo, em um banquete que lhe foi oferecido pelo rei Creso, em Sardes, capital da Lídia, teria sido interrogado pelo monarca, tido como o homem mais rico do mundo naquela ocasião, para que informasse quem, na sua opinião de viajante ilustre, seria a pessoa mais feliz da Terra.
Sem perturbar-se, o pensador, após ter estado na sala dos tesouros reais, referiu-se que houvera conhecido em Atenas um jovem de nome Telus, que, após cuidar da genitora enferma, acompanhando-a até a morte, entregou o restante da existência à defesa da sua cidade. Algo frustrado, o rei vaidoso retornou à carga, indagando-lhe, então, quem seria a segunda pessoa mais feliz do planeta, recebendo outra resposta desanimadora, quando foi afirmado por Sólon que ele houvera conhecido dois jovens, em Atenas, cuja existência fora notabilizada pela elevação moral e pela grandeza de sentimentos, que se imolaram para defender a cidade...
Sentindo-se subestimado, o rei Creso, que confundia poder com harmonia interna propiciadora de felicidade, não escondeu a desconsideração com que passou a tratar o convidado, dele havendo escutado que nunca se olvidasse do castigo do tempo, isto é, da fatalidade da própria vida, que altera comportamentos, ocorrências e circunstâncias de maneira tão prodigiosa quanto inesperada.
(...) E Creso, na sua guerra trágica contra Ciro, rei dos persas, viu a sua cidade incendiada, seus tesouros roubados, sendo preso e levado à fogueira, quando se referiu a Sólon, no justo momento em que passava o conquistador, que simpatizava com o filósofo, e indagou-lhe a causa pela qual enunciara que o sábio tinha razão.
Explicando-lhe o que houvera acontecido, Ciro foi tomado de compaixão pelo vencido, libertando-o, enquanto exclamava a respeito da possibilidade de em algum dia cair na mesma situação de Creso, esperando receber complacência do seu triunfador. Nomeou-o seu auxiliar, que lhe prestou relevantes serviços e continuou a trabalho na corte persa após a morte de Ciro, quando foi substituído pelo seu filho Cambises...
O castigo do tempo é a inexorabilidade do progresso, das transformações incessantes a que tudo e todos estão submetidos.
Os mecanismos, portanto, de fuga da responsabilidade e do dever somente atormentam aqueles que se lhes entregam inermes, quando seria mais factível e próprio lutar com tenacidade, vencendo os limites e impondo a vontade aos temores e conflitos, por cuja conduta encontraria a autorrealização, a paz.
SOLUÇÕES
O ser humano possui tesouros íntimos inigualáveis, ainda não explorados conscientemente. Diante dos impositivos existenciais, cumpre-lhe recorrer a esses valores grandiosos, empenhando-se pela superação dos impedimentos que lhe surgem como fenômeno perfeitamente normal e comum a todas as demais criaturas.
A necessidade dos enfrentamentos faz parte da existência humana, sem os quais o processo de crescimento interior ficaria interrompido, dando lugar a transtornos profundos de comportamento que se transformariam em patologias de difícil solução.
O ego que teme o denominado fracasso, que é sempre um insucesso previsível e reparável, resolve evitar os processos desafiadores, mascarando a realidade e fugindo para o mundo de fantasia, constituído de sonhos utópicos e irrealizáveis gerados pelas frustrações.
Pequenos exercícios de afirmação da personalidade e de autodescobrimento dos valores adormecidos funcionam como terapia valiosa, por estimular o paciente a novos e contínuos tentames, que vão se coroando de resultados favoráveis, eliminando o sutil complexo de inferioridade e mesmo diluindo, a pouco e pouco, a culpa perturbadora.
Cada vitória, por mais insignificante que se apresente, serve de base para futuros cometimentos, que facultarão a autoconfiança, o reconhecimento das potencialidades ignoradas que respondem pelas forças morais de que é possuidor o Self.
Quanto mais se transfere o encontro com a realidade elaborada pelo Eu consciente atual, mais difícil torna-se a construção da identidade pessoal, que se apresenta como destituída de significados elevados, ocultando as imperfeições que, afinal, fazem parte de todo processo evolutivo.
À medida que se alcançam patamares mais elevados, outros surgem convidativos, demonstrando que não existe pouso definitivo para quem deseja a plenitude, sem novas metas a serem conquistadas. Adicionando-se realizações, umas sobre as outras, ocorrerá um somatório de experiências que impulsionam o indivíduo com segurança no rumo certo da realidade.
Ninguém atinge o acume de um monte sem haver superado as dificuldades iniciais das baixadas. Vencida uma etapa, mais fácil torna-se o avanço na direção de outra até ser conseguido o objetivo buscado.
A verdadeira saúde psicológica não anui com a precipitação nem com o destemor, que pode parecer heroísmo. Quase todos triunfadores viveram momentos de medo e de perplexidade antes de alcançarem o êxito que ora coroa as suas existências.
Nesse sentido, a prática das boas ações oferece encorajamento para realizações mais amplas nos relacionamentos interpessoais, na convivência social e no amadurecimento da realidade pessoal.
Sempre quando alguém se predispõe a auxiliar, experimenta forte empatia, que resulta de contínuas descargas de adrenalina estimuladora que encoraja para novas realizações e bloqueia os temores infundados. Quando surge essa disposição real para superar as fugas psicológicas, conscientes ou não, automaticamente desenvolvem-se os sentimentos íntimos, proporcionando bem-estar e alegria de viver.
Torna-se um tormento a manutenção das fugas emocionais, o escamoteamento da própria realidade, mascarando o ser de júbilos que não existem e de satisfações que são irreais.
Assumir, portanto, as próprias dificuldades constitui um dos passos necessários para superá-las. Como todos os indivíduos são seres humanos em processo de crescimento, em conserto, na trajetória carnal, porque ainda portadores de imperfeições de vários tipos, a aceitação de si mesmo conforme se encontra é recurso valioso para a compreensão dos limites que caracterizam os demais, tornando-os tolerantes em relação às faltas alheias, em face das próprias condições agora conhecidas.
A culpa transforma-se em autoperdão, o medo faz-se estímulo para o avanço contínuo e as incertezas convertem-se em convicções em torno da própria vitória: a saúde integral!
ESTE TÓPICO PERTENCE AO LIVRO:
CONFLITOS EXISTENCIAIS
Conflitos Existenciais
No seu estilo inconfundível, o Nobre Espírito Joanna de Angelis apresenta-nos a sua mais nova obra, Conflitos Existenciais, resumindo "vários comportamentos perturbadores que se apresentam como testes de resistência para o indivíduo humano", enfocados à luz da psicologia, da psicanálise e da psiquiatria, sob o prisma, porém, da Doutrina Espírita.
Esta grande obra psicografada por Divaldo Franco constitui uma excelente oportunidade para refletirmos em torno da problemática da existência, analisando-a criteriosamente.
Aqui, desfilam os mais graves e palpitantes assuntos, sobre os quais discorre com grande saber e perícia a nossa Veneranda Mentora.
O medo, a raiva, a preguiça, o ciúme, a violência, o amor, a morte, as fugas psicológicas e tantos outros conflitos fazem parte do universo desta joia que nos é oferecida pela Espiritualidade Maior.
Assim... melhor para nós, para a nossa evolução.
Divaldo Pereira Franco é um dos mais consagrados oradores e médiuns da atualidade, fiel mensageiro da palavra de Cristo pelas consoladoras e esperançosas lições da Doutrina Espírita.
Com a orientação de Joanna de Ângelis, sua mentora, tem psicografado mais de 250 obras, de vários Espíritos, muitas já traduzidas para outros idiomas, levando a luz do Evangelho a todos os continentes sedentos de paz e de amor. Divaldo Franco tem sido também o pregador da Paz, em contato com o povo simples e humilde que vai ouvir a sua palavra nas praças públicas, conclamando todos ao combate à violência, a partir da auto pacificação.
Há 60 anos, em parceria com seu fiel amigo Nilson de Souza Pereira, fundou a Mansão do Caminho, cujo trabalho de assistência social a milhares de pessoas carentes da cidade do Salvador tem conquistado a admiração e o respeito da Bahia, do Brasil e do mundo.
Divaldo Pereira Franco ditado pelo
Espírito Joanna de Ângelis
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ANSIEDADE: ORIGEM, DESDOBRAMENTO E TERAPIA
CIÚME: ORIGEM, COMPORTAMENTOS DOENTIOS E TERAPIA
CULPA: PSICOLOGIA DA CULPA, CONSEQUÊNCIAS E LIBERTAÇÃO
RESSENTIMENTO: CAUSAS PSICOLÓGICAS, EFEITOS PERNICIOSOS, TRANSTORNOS EMOCIONAIS E TERAPIA
RAIVA: PRIMARISMO, TRANSTORNO EMOCIONAL E TERAPIA
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MEDO: PSICOPATOLOGIA, DIFERENTES MANIFESTAÇÕES E ERRADICAÇÃO
MEDO: PSICOPATOLOGIA, DIFERENTES MANIFESTAÇÕES E ERRADICAÇÃO
FUGAS PSICOLÓGICAS - CAUSA, DANOS E SOLUÇÕES
http://robertacarrilho-div.blogspot.com.br/2014/10/fugas-psicologicas-causa-danos-e.html
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