sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

NADA COMO UM NOVO AMOR, PRA FAZER A ALMA RENASCER por Alessandra Piassarollo

 


Um novo amor não vai apagar as emoções e acontecimentos do antigo. Ele não tem esse papel. Mas sim, ele tem ares de recomeço. É um novo ponto de partida, que sai de onde a vida parou e parte para onde a vida vai ficar colorida de novo.

Não existem limites, quantidades definidas para amar. É engano achar que um primeiro amor foi o único a ser legítimo e intenso. Todo amor, se for amor de verdade, tem poder para ser assim. Basta que haja entrega, sem medos nem reservas absurdas.

Amar de novo tem sabor de novidade; é uma esperança de voltar a ser feliz com intensidade, de sentir o sangue correr apressado, num ritmo que volta a ser ditado por um coração acelerado.

Há quem diga que um novo amor tem ares de renascimento. Que seja! Nada melhor que renascer e escrever novos capítulos nessa vida que fica bem mais bonita quando preenchida de amor. Ou quem sabe não seria esta a oportunidade perfeita para redigir uma história inteira, cujo ponto final não esteja ao alcance da vista?

Deixar no passado o que já foi, aliviar as dores das marcas que ficaram. Elas jamais poderão ser apagadas, mas podem deixar de serem doloridas, saradas pela alegria de ter a quem amar, em quem pousar e fazer um novo abrigo.

Nenhum amor é como o outro, não se ama igual, nem se deve fazer mais nada igual. Nem o caminhar de mãos dadas tem o mesmo significado; tampouco o sentido do caminhar é o mesmo. É para uma outra direção que se vai com um amor novo, um rumo nunca visto antes, com possibilidades totalmente novas.

Voltar a amar é força; é movimento novo em águas que já foram turvas ou revoltas, mas que agora seguem outro curso, feitas transparentes pela calmaria que chega agora. Mas não, não é uma calmaria que faz parar, é apenas um sossego bem-vindo e necessário.

É uma quietude que desinquieta, que provoca frio na espinha e mexe por dentro. Não se pode ser a mesma pessoa depois desse ar de renovo. Mas afinal, quem haveria de querer ser?

É um desafio, que congela e ao mesmo tempo empurra, põe pra frente, faz querer embarcar em um carrossel de emoções, algumas nunca antes experimentadas, que é onde está a maior graça desse novo embarque. Às vezes entontece, mas é de puro prazer. E envaidece também.

Feito de prazo indeterminado e sem garantias de ser eterno, embora isso nem importe tanto. Dure o tempo que durar, fique o tempo que tenha vindo para ficar. Mas que seja o suficiente para se tornar inesquecível e fazer valer a pena o extraordinário risco que é amar de novo.




segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

MULHERES SÃO MOVIDAS A CARINHO, POR QUE É TÃO DIFÍCIL PRA HOMENS ENTENDER?



Às vezes tenho a impressão que precisamos desenhar. Fazer um roteiro, com legendas e afins. Espalhar lembretes por aí. Nós, mulheres, somos movidas a carinho! Não adianta homens, se vocês querem se relacionar bem conosco, tem que entender isso. E, mais do que entender, colocar em prática. Já. E sempre.

No mundo machista, patriarcal e conservador (treva) e “prático” dos homens em que vivemos, não raro as nossas peculiaridades femininas vão passando batidas, a coisa vai “empurrada com a barriga” e negligenciada, num “faz de conta que tá bom assim”… mas não está.

De repente, boom, a coisa estoura e nos vem com aquelas perguntas: “mas como assim?”, “por que não falou nada?”, “estava tudo tão bem!”…

Podemos ser independentes nos mais variados aspectos, emocionalmente estáveis, bem resolvidas e evoluídas, mas isso definitivamente não significa que podemos ser tratadas com desdém, indiferença, desatenção, sem tato, sem olho no olho, palavras e escuta.

Sempre, leiam bem, S E M P R E, independente de qualquer de qualquer coisa, nós, mulheres, precisamos – e merecemos! – ser tratadas com jeitinho, com afeição e com doçura. Somos mulheres, fêmeas, diferentes biologicamente de vocês homens. Necessitamos como ar de afeto e demonstração de amor e reciprocidade.

Temos uma sensibilidade mais aflorada e necessitamos ter as nossas peculiaridades consideradas. Mas isso não significa que vamos ficar o tempo todos os relembrando das nossas particularidades. Não nos cabe – nem nos cai bem – ficar mendigando um tratamento compatível, digno, atencioso.

Portanto, se liguem! Nós lhes damos até algumas chances de acertar, emitimos alguns sinais, oferecemos umas dicas veladas, mas, se percebermos que a coisa não vai funcionar, só lamentamos: quando vocês se derem conta, já não haverá mais tempo. Somos eficientes, além de tudo, não se esqueçam disso! Quando decidimos que o momento do casal passou, passou mesmo que ainda tenha resquícios de sentimentos. Analisamos friamente todas as situações vivenciadas a dois. Temos super memórias.

E não venham com chamegos e afins apenas quando quiserem “algo mais”. “Eu te amo”, “minha linda” e tal só quando se está com segundas intenções não adianta de nada. Pelo contrário, percebemos que sabem o caminho, mas têm preguiça de se dedicar constantemente, só o buscando quando lhes convém. Não é por aí! Vai perder!

No que se refere às relações íntimas, salvo algumas vezes em que resolvermos curtir uma troca mais “concentrada”, precisamos de caprichadas “prévias”, de “durantes” prolongados e muito bem trabalhados e de “posteriores” igualmente consideráveis.

A coisa, para nós, não é tão extintiva – e nem tão automática – quanto pode ser para vocês, homens. A excitação, para nós, começa no emocional antes de ir para o físico. Nos preparativos, na sedução, nos olhares, gestos, palavras, no envolvimento. Por isso, é bom sermos cortejadas, estimuladas e seduzidas, e isso deve começar muito antes de irmos para a cama, bem como continuar depois. Na verdade, deve ser constante.

A intensidade, para nós, tem muito mais a ver com dedicação, profundidade emocional e extensão temporal do que com uma “pegada mais forte”. É verdade que damos valor numa pegada boa naquele homem bom de cama, papo e beijo. Aquele borogodó é diferenciado. Raro! Top! Enlouquecedor. Mas gostamos também de amor quentinho, romântico e singelo. Depende dos hormônios hahahahah preste atenção nos detalhes sempre emitimos, deixamos rastros pra vocês. Quem têm olhos ou inteligência que vejam.

Vocês nos envolverão verdadeiramente e enlaçarão o nosso coração se entenderem essa nossa dinâmica e se dedicarem, efetivamente, a atendê-la. Constantemente.

Ter uma mulher na sua vida, cama requer esforço, trabalho, investimento e precisa querer ser casal. Sem isso nem tente vai fracassar. Melhor é ser um solteirão esquisito, solitário idiota mesmo. Só os idiotas escolhem ser sozinhos nesta vida. Putz é um desperdício de tempo e vida. O homem (mulher também) não foi criado pra viver só é uma declaração que fracassou no objetivo essencial que é ser feliz e se conectar a outra pessoa, evoluir, aprender amar e ser amado. Bingo! Mistério da vida revelado.

O contrário disso é esquisitíssimo, chega ser quase uma aberração escolher conscientemente a opção em ser sozinho a não ser que seja padre ou assexual num é mesmo? Não deixa de ser desperdício kkkk pois a finalidade existencial é a conexão com outra pessoa e evoluir juntos. É uma delícia!

Se não está acontecendo meu amigo e amiga algo está errado. Investigue e tente reverter este problema existencial. Eu só lamento suas péssimas escolhas pois as consequências serão igualmente péssimas. Não tenha dúvidas. Credo! Que escolhas b...tas, socorro! Procure ajuda especializada. Urgente!!!!

Mas se souber escolher e optar em ser um ser pleno e feliz só existe uma via que todos sairemos ganhando – e muito!-, não tenham dúvidas. Advinha?

Roberta Carrilho


sábado, 22 de janeiro de 2022

DEIXE-ME ENVELHECER by Concita Weber


Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças. Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém. Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou.

Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada. Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança. Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam.

Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras. Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem. Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento. Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão. Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir.

Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos. Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos. Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência. Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas. Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.

Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas. Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido.

Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida. Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim. Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver. Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida.

Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade. Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!




Poema: Deixe-me Envelhecer – da escritora Concita Weber – Extraído do livro: O Topo da Montanha (Contos e Poesia)


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

DUAS PREMISSAS BÁSICAS DO VIVER: FRUSTRAÇÃO E ESFORÇO

Eliane Brum fala do despreparo da geração mais preparada




“A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por este mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de serem felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens, no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos grandiosos, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender o fato de que na vida há faltas e isso não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.



(Eliane Brum escreve às segundas-feiras na Revista Época.)