segunda-feira, 20 de outubro de 2014

CRUELDADE: ORIGEM, DESENVOLVIMENTO E TERAPIA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis



Foto by Brett Walker - link: https://www.flickr.com/photos/brettwalker/

Psicogênese (origem) da crueldade

Na raiz da crueldade existe um transtorno profundo da personalidade. Essa alienação perversa origina-se em conduta criminosa vivenciada em existência pretérita, quando o Espírito, sentindo-se injustiçado por não entender as leis de equilíbrio que vigem no Cosmo, tomou a adaga da falsa justiça e desforçou-se de quem acreditou ser responsável pela sua desdita.


Possivelmente o crime não foi desvelado, ficando, no agressor, as marcas do sentimento perverso que ora ressumam em crueldade.


Também é provável que a Justiça haja descoberto o homicida e tenha-o levado ao tribunal para prestar contas à sociedade, após o que lhe foi aplicada a punição compatí­vel, conforme os cânones legais. Nada obstante, em vez de o calceta utilizar-se da corrigenda para o refazimento emocional, descambou pelos sombrios corredores da revolta e, na convivência com outros companheiros igualmente desditosos, introjetou o veneno do ódio, mais infelicitando-se. Na atualidade, encontram-se-lhe assinaladas na conduta as reações de mágoa e de vingança contra a Humanidade, que passou a detestar.


Convidado ao renascimento, imprimiu nos tecidos sutis do cérebro as impressões grotescas que lhe influen­ciam as conexões neuroniais, dando lugar a uma personali­dade alienada, insensível, hedionda.


Em face da Lei de Causa e Efeito, renasceu em um lar desagregado, a fim de experimentar os efeitos infelizes das suas ações nefastas, padecendo a injunção de sofrimentos impostos pela mãe enferma ou alcoólica, do pai desarvorado e destituído de compaixão, que lhe aplicaram injus­tificadas punições ou o expulsaram do lar, atirando-o na voragem das ruas infectas e sombrias da criminalidade.


Sob outro aspecto, num ambiente mais róseo (mais agradável, ameno), econô­mica e moralmente (bem de vida e com familiares fraternos), desenvolveu a inveja e a amargura, não conseguindo superar a inferioridade espiritual que o precipitou novamente nos desvãos da perversidade, cultivando desdém contra as demais criaturas, desejando crivá-las de espículos dolorosos


Em alguns quadros da esquizofrenia, encontramos o paciente perverso, que é totalmente destituído de senti­mento de culpa ou de consciência de dever, mantendo-se impassível diante do mais tenebroso comportamento que se permite. 


Com imensa capacidade de dissimular os sentimen­tos, pode manter-se e conduzir-se de maneira afável quan­to gentil - assumindo uma personificação saudável - para logo expressar-se na sua realidade cruel, quando maltrata e predispõe-se a dizimar aquele contra quem volta o temperamento doentio


A ausência de amor real, especialmente procedente da genitora, produziu-lhe desvios emocionais, em face de o cérebro padecer a escassez de progesterona e serotonina, que lhe alteram a formação saudável, desarmonizando-lhe as sinapses


Eis por que, normalmente, o criminoso rude e cruel é fruto de uma convivência infeliz com a mãe desnaturada, que não teve condições de amar ou atender o filho, aplicando-lhe sovas contínuas, agredindo-o com expressões danosas, desenvolvendo nele a capacidade de odiá-la, que se refletiu na sociedade, que ao enfermo emocional tam­bém parece culpada pelos sofrimentos experimentados. Toda vez quando agride ou fere, mata ou estupra, no seu inconsciente está fazendo-o à mãe ou ao pai detestados, que pretende destruir. 


De alguma forma, essa é a história de criminosos se­riais, de bandidos profissionais remunerados para o crime, que apresentam altíssimo índice de crueldade, sem que se deem conta do estado em que se encontram. 


As punições legais que lhes são aplicadas, infelizmen­te, nada conseguem no que diz respeito à sua modificação emocional. Mais correto seriam as tentativas de tratamento psiquiátrico, para torná-los úteis, no cerceamento à liberdade, pelo menos a si mesmos e, mais remotamente, à so­ciedade, à qual não se sentem vinculados. 


Em pessoas de comportamento normal, porém, sem resistências emocionais nem espirituais, a ingestão do ódio, em face de preconceitos e injustiças que lhes são impostos, pode desenvolver a crueldade sobrecarregada com o peso da culpa e da autocompaixão, que lhes tornam o fardo ain­da mais afligente. Na amargura que as domina, surgem crises de arrependimento e, muitas vezes, formulam propósitos de reno­vação, que se podem fixar quando encontram apoio, afeti­vidade e compreensão fraternal. 


A crueldade é morbo terrível que ainda assola muitas emoções. 



Desenvolvimento da crueldade


Em face dos conflitos que se generalizam nas criatu­ras humanas, o enfermo emocional quase nunca encontra entendimento ou fator que lhe desperte os sentimentos embotados (tênues).

Conseguindo captar simpatias, aparenta ser portador de comportamento normal, não deixando transparecer o que se lhe passa no íntimo. Pequeno incidente, porém, no trato com os demais, pode atear a labareda que o incendeia, irrompendo o de­sejo de punir quem lhe criou qualquer embaraço real ou imaginário. Nossa é o HK! Eu sei o que é isto! RC

Dissimula, então, o impulso infeliz e planeja, não poucas vezes, com riqueza de detalhes, a melhor maneira de infligir-lhe sofrimentos, experimentando bem-estar an­tecipado ante a perspectiva do êxito que o transforma em sadista.

Naturalmente, essa conduta cruel teve manifestações na infância, quando cominou padecimentos a aves e ani­mais outros, a crianças que maltratou, desenvolvendo uma indiferença por tudo e por todos, que o imunizou à emo­ção e à piedade.

Diferindo de outros psicopatas, não foge ao convívio social, que no íntimo despreza, para poder estar mais próxi­mo das futuras presas que elege, motivado pela inveja, pelo despeito ou simplesmente porque se encontra ao lado de al­guém, que está no momento errado, no lugar equivocado...

Quanto mais se aplica à crueldade, o doente mais adquire habilidade para ocultá-la e torná-la pior, ela alcan­çando níveis perversos impensáveis pela mente saudável.

Surpreendido, nos primeiros tentames, não tem ex­plicação plausível para a morbidez, nem justificativa coe­rente para a ação nefária (abominável).

O prazer decorrente do crime oculto estimula-o ao prosseguimento da ação doentia, não se detendo diante de novos cometimentos infelizes.

Portador de vida interior muito ativa, em face da conduta que se permite, é sagaz e rápido no raciocínio, escamoteando a verdade e comprazendo-se em iludir até tombar nas armadilhas que programa para os demais.

Não experimenta qualquer arrependimento pelos atos praticados, o que o leva a destruir auto imagem ou emocional de pessoas próximas, ceifar a vida de pessoas que deveriam ser queridas: genitores, familiares outros, amigos, com a mesma indiferença com que interromperia a existência de um ser abjeto.

Nem todos, porém, são induzidos ao homicídio, po­dendo permanecer na periferia da prática hedionda, mal­tratando, de maneiras outras, aqueles que se lhes acercam, mediante indiferença real ou bem-trabalhada, desdenhan­do os valores morais e sociais que dignificam a Humanida­de, fazendo-se hábeis na arte de ironizar e mentir, colocan­do-se acima do Bem e do Mal, como se fossem inatingíveis no ignóbil procedimento a que se entregam.

Allan Kardec, na questão de n° 752, interrogou as Entidades venerandas:

"Podemos ligar o sentimento de crueldade ao instin­to de destruição?"
É o próprio instinto de destruição no que ele tem de pior, porque se a destruição é, às vezes, necessária, a crueldade jamais o é. 

Ela é sempre a consequência de uma natureza má?
Os indivíduos cruéis são sonâmbulos emocionais que torpedeiam quanto podem os objetivos nobres e dignificadores da espécie humana.


Terapia para a crueldade

Diante desses infelizes infelicitadores são necessárias condutas de segurança moral, a fim de que as suas provocações bem-urdidas não se transformem em razão de sofri­mento ou de angústia geral e/ou pessoal.

Credores de compaixão, mais necessitados se en­contram de tratamento cuidadoso, mediante psicoterapias especializadas, nas quais o psicoterapeuta pode recorrer à regressão de memória, para diminuir-lhes o fluxo dos sentimentos contraditórios que ressumam do inconsciente, alterando-lhes as fixações de perversidade como mecanismo de vingança infeliz.

Praxiterapias valiosas, bem aplicadas, conseguem gerar interesse por atividades dantes desconsideradas, des­viando a mente da obstinação cruel.

Conflitos Existenciais: Conversações pacientes e contínuas, músicas relaxantes, danças e todo o arsenal psicoterapêutico ao alcance dos nobres psicólogos, conforme a Escola a que se vinculem, são recursos valiosos para auxiliar o paciente cruel.

Em casos especiais, a terapia psiquiátrica auxiliará na regularização das neurocomunicações, restabelecendo, a longo prazo, o correspondente equilíbrio.

Ao mesmo tempo, a terapêutica espírita da bioenergia consegue efeitos salutares, por alcançar os delicados campos de energia no Espírito reencarnado, renovando-lhe o raciocínio e orientando-o.

Muito provavelmente, nos casos de crueldade, en­contram-se vinculados os Espíritos que foram vítimas do paciente e dele se utilizam para o comércio doentio da vampirização, roubando-lhe forças preciosas e vingando-se, dessa forma, do padecimento que lhes foi imposto.

Nesse caso, as atividades de desobsessão constituem recurso inabordável, rico de valiosos processos libertado­res, em face dos diálogos que podem ser mantidos com os enfermos desencarnados, auxiliando-os no entendimento das Leis Divinas e quanto à necessidade de também alcançarem a felicidade que lhes está reservada.

Unindo-se, portanto, os recursos terapêuticos das doutrinas psicológicas com aqueles do Espiritismo, o pa­ciente torna-se o campo experimental positivo, no qual o amor e a caridade dão-se as mãos para auxiliar, rompendo as algemas do passado e delineando a paisagem feliz do futuro.

Todos os indivíduos, compreensivelmente com as suas exceções inevitáveis, experimentam, uma que outra vez ou com certa insistência, repentinas crises de cruelda­de, quando são agredidos, maltratados ou discriminados...

Conveniente a manutenção da terapia preventiva, mediante a reflexão ponderada, a meditação, a oração e a prática incessante da caridade, que robustecem os senti­mentos e aumentam a capacidade de resistência pessoal à invasão dos agentes destrutivos da saúde e da paz. 





Divaldo Pereira Franco ditado pelo 
Espírito Joanna de Ângelis



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