terça-feira, 21 de outubro de 2014

FOBIAS: ORIGEM, DESENVOLVIMENTO FÓBICO E TERAPIA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis

Foto by Brett Walker - link:  https://www.flickr.com/photos/brettwalker/


Psicogênese (origem) das fobias

Os transtornos fóbicos, ou medos exagerados, cons­tituem sintomas neuróticos compulsivos, nos quais surgem esses pavores destituídos de motivos reais, em relação a determinados objetos ou situações, encarregando-se de restringir ou perturbar o comportamento do indivíduo.

Certamente, agem como fatores causais ou desdobra­mentos das fixações em vivências reais já experimentadas, quais a que diz respeito à angústia do peito.

Noutras circunstâncias, podem decorrer de medos infantis não superados, em relação a roedores, a aracnídeos, a répteis ou à escuridão com os seus fantasmas...

Do ponto de vista psicanalítico, decorre de um peri­go interno pulsional ou medo da explosão da pulsão e sua plenificação no objeto que se fixa. Trata-se de uma atitude de deslocamento da pulsão do objeto originário para um outro ou de qualquer situação que o substitua.

Como decorrência da teoria da aprendizagem, qual­quer forma, objeto ou situação, pode transformar-se em fator de medo, dando lugar a inumeráveis estados fóbicos, cujos nomes correspondem àqueles mecanismos pulsionais que os geram. Por exemplo: claustrofobia, em relação a lu­gares fechados; agorafobia, a espaços abertos; isoptrofobia, a espelhos; oclofobia, a multidão; acarofobia, a insetos; necrofobia, a cadáveres; zoofobia, a animais; alurofobia, a ga­tos; antropofobia, a gente; fotofobia, a luz solar; autofobia, a si mesmo...

Aprofundando-se, porém, a sonda investigativa em torno da psicogênese dos transtornos fóbicos, encontrar-se-ão, no Espírito, os fatores causais, quando houve comprometimentos morais e emocionais, decorrentes de situações lamentáveis e ações deploráveis contra o próximo ou a so­ciedade, mediante atos criminosos ou odientos experienciados.

As circunstâncias e ocorrências do momento inscul­piram-se nos painéis delicados do inconsciente profundo do revel, porque rechaçados pela consciência, que desejava bloquear as reminiscências dolorosas, apagando as imagens infelizes e perturbadoras.

Por fenômeno natural, em face da Lei de Causa e Efeito, as ações hediondas praticadas sempre ressumam dos depósitos da memória inconsciente, graças ao períspirito, convidando o calceta à reparação.

Essa recuperação apresenta-se sob vários aspectos. Inicialmente, é o arrependimento que se impõe, fazendo que as lembranças sejam evocadas e revivenciadas, de forma que os sentimentos morais deem-se conta da gravidade do ato ignóbil, tomando consciência do dislate e predispondo-se à mudança de atitude em relação à vítima e à vida. Logo depois, de maneira inevitável, a mesma consciência estabelece o sofrimento defluente dos resultados malsãos que foram impostos a outrem e do despertamento para os valores dignificantes que nunca podem ficar olvidados pelo ser em processo de evolução.

Essa expiação do erro é indispensável ao reequilíbrio da emoção. Apesar desses fatores, impõe-se ainda a necessidade urgente de reparação dos males produzidos, e logo despertam os sentimentos dignificantes do amor, da cari­dade, da compaixão e da solidariedade, facultando o anular dos efeitos danosos que ainda perduram.

Nem sempre, porém, o processo apresenta-se fácil, em razão dos sentimentos daquele que foi ofendido, e que não desejando desculpar, e menos perdoar, desencadeia a ação obsessiva, gerando angústia no antagonista que, despreparado para a renovação moral, tomba nas malhas do sofrimento ultor.

A simples visão de qualquer fator que esteve presente na ação nefasta do passado desencadeia as lembranças inconscientes que se transformam em medo, logo depois em pavor, sob a ação da mente vingadora.

O mesmo acontece, não raro, na vida infantil, quan­do são detectados esses animais ou circunstâncias que desencadeiam as reminiscências nocivas, insculpindo-se na memória presente e dando lugar aos medos injustificáveis do ponto de vista atual, porém, filhos do remorso dos erros cometidos.

Assim sendo, as angústias defluentes do medo de si­tuações, de animais e insetos, absolutamente destituídos de perigo, são efeito da consciência de culpa dos gravames praticados e não resolvidos pelo Self, que desperta para a necessária recuperação.

Automaticamente evitando as situações afligentes, o enfermo parece negar-se ao enfrentamento com a consciência, procurando manter obnubilada a razão, dessa ma­neira evadindo-se da reabilitação.

Mesmo os fatores atuais que desencadeiam os trans­tornos fóbicos, são resultantes dos impositivos divinos que geram circunstâncias nas quais o infrator das leis é convi­dado ao refazimento da ordem e do equilíbrio que foram perturbados pela sua inépcia ou perversidade nos trânsitos evolutivos pretéritos.

A saúde real decorre do Espírito em si mesmo, destituí­do de compromissos negativos e de condutas reprocháveis.

Como ninguém alcança as cumeadas sem que se lhe faça necessário passar pelas baixadas e sofrê-las, é natural que, no desafio da ascensão moral e espiritual, muitos tor­mentos sejam desencadeados em razão de condutas impró­prias ou esdrúxulas, que serviram de recurso para a vivência individual.

Cometido o abuso, nova oportunidade surge com a carga das suas consequências, exigindo reparação.

Cada ser é, portanto, o somatório das suas existências anteriores, nas quais desenvolveu os valores sublimes que lhe dormiam ínsitos, desabrochando na vestidura carnal, qual semente que, para transformar-se em árvore frondosa, necessita do generoso acolhimento do solo, onde se entumece, cresce e atinge a sua fatalidade vegetal.

O destino do Espírito é a plenitude que lhe está re­servada e que alcançará mediante passos seguros no rumo do dever e da paz.


Desenvolvimento fóbico

A fobia é uma perturbação de ansiedade relativa­mente comum, apresentando-se totalmente irracional.

Se alguém reside em uma floresta, é natural que lhe possa acometer o receio de encontrar uma fera, um animal perigoso. No entanto, encontrando-se numa cidade civilizada, a probabilidade quase desaparece. Entretanto, em face de na cidade existir um jardim zoológico, o medo injustificado transfere-se para aquele local e, por extensão, para a zona onde se localiza, passando o paciente a recear toda a área, generalizando o estado fóbico.

Esse medo assume proporções graves, passando a es­tar presente em todos os momentos e aspectos da vida, em face da preocupação que desencadeia...

Não há uma lógica motivadora desse estado, em face de o paciente que tem esse medo, podendo evitar os lugares nos quais poderia sofrer o perigo de ser vítima daquilo que o aflige, isto é, de multidões ou de animais ferozes, preferir estar onde isso não ocorra. Mesmo assim, permanece o pavor, que pode ser brando ou não.

John Locke supunha que as fobias estariam associa­das fortuitamente a idéias perturbadoras, qual a que ocorre na infância, quando se lhe narram histórias atemorizantes, produzindo o medo do escuro para sempre. Na atualida­de, igualmente, diversos autores concordam que as fobias podem ter como causa o condicionamento clássico, isto é, o medo de determinado fator temeroso, que desencadeia a resposta na ativação autonômica - alteração cardíaca, sudorese, frio... -, que tipificam o estado mórbido.

Podem algumas fobias ser resultados desse condicionamento, quando alguém foi vítima de uma picada de in­seto ou mordida de animal, e passou a temê-los, tornando-se uma fobia adquirida e gerando o condicionamento que se amplia ante estímulos novos.

Estuda-se, também, a possibilidade de ser aceita a teoria da prontidão das fobias, que seria resultado da he­rança dos nossos antepassados — os primatas - que foram vítimas de outros animais e insetos perigosos e, graças à seleção natural, desenvolveram o medo espontâneo a es­ses estímulos, havendo-os transmitido às futuras gerações. Como confirmação pode-se citar o medo em indivíduos normais, não fóbicos, de determinados estímulos produ­zidos por animais e semelhantes. No entanto, surgem crí­ticas à teoria, em face da impossibilidade de estabelecer-se correlacionamentos entre o estímulo original e o efeito representativo. Justifica-se, ainda, que nas experiências em laboratório os sujeitos podem ter sido contaminados mediante contato com outros cultivadores desses receios, ou serem vítimas das tradições culturais, com as suas lendas e mitos, que geraram no inconsciente o medo injustificável.

Diferentemente do que ocorre nas fobias específicas, outras existem mais amplas e comuns, como a de natureza social.

Nesse capítulo, o paciente receia ser vítima de circunstâncias ou ocorrências que o levem a um constrangimento público, a uma humilhação indesejada, assim evi­tando qualquer possibilidade de ocorrência, isolando-se quanto possível da convivência social e afligindo-se dema­siadamente sempre que se encontra exposto a esse perigo.

A vida, no entanto, é constituída por desafios que convidam o indivíduo ao amadurecimento psicológico, à vivência de experiências que o assinalam com sabedoria, fortalecendo-lhe os valores éticos e morais, as conquistas culturais e religiosas, a evolução espiritual.

Uma vida normal é rica de sucessos e insucessos. Quando sucedem os últimos, aprende-se corno não mais os repetir, adquirindo-se métodos eficazes para vivenciar as lutas de maneira equilibrada e enriquecedora.

Vitimados pela fobia social, os indivíduos receiam qualquer tipo de conduta pública, sempre temerosos de que lhes aconteça algo que os deprecie, como falar em pú­blico e gaguejar, alimentar-se diante de outros e ser vítima de engasgos, que são perfeitamente normais e acontecem com as demais pessoas.

Invariavelmente, quando se sentem obrigados a comparecer a essas reuniões profissionais, culturais e so­ciais, que não podem evitar de maneira alguma, buscam estímulos no álcool, amparo no cigarro ou nas drogas, por cujo uso perdem momentaneamente o medo, encontrando coragem para o enfrentamento.

Como consequência, tornam-se dependentes pela re­petição, adicionando mais essa aflição à fobia de que são portadores.

Numa análise mais profunda do Self, encontrar-se-ão registros de causas do transtorno em existências passadas, quando foi feito mau uso do comportamento ou se vivenciaram ações perturbadoras desagradáveis que deixaram re­gistros nos tecidos sutis do períspirito, tão graves foram as ocorrências infelizes.

Indivíduos que foram convidados ao destaque social e dele somente se aproveitaram para o enriquecimento ilí­cito, para o gozo pessoal, perdulários em relação aos valores da vida, que geraram culpa, e ora se apresenta em forma do medo de serem surpreendidos e desmascarados.

Sob outro aspecto, que padeceram situações penosas e não puderam digeri-las, superando-as, o que se transfor­mou em fobia toda vez que algum estímulo desencadeia a associação inconsciente. Por exemplo, a desencarnação durante um desabamento, que produziu a asfixia até o momento final, e a presença em um ambiente fechado, que logo produz dificuldade respiratória; o sepultamento du­rante uma crise de catalepsia com o posterior despertamento no túmulo e a morte dolorosa por falta de oxigênio sob a terra ou no mausoléu.

Naturalmente, nem todas as formas fóbicas proce­dem de existências transatas, mas um grande número delas tem sua origem nessas malogradas reencarnações de cujos efeitos o Espírito ainda não conseguiu libertar-se.

Ainda nesse capítulo afligente, as obsessões desem­penham papel primacial, em razão dos sentimentos hostis daqueles que foram prejudicados e não conseguiram supe­rar a mágoa e o ódio, permanecendo ávidos de desforço e aproveitando-se das ocorrências naturais que são impostas aos infratores de uma para outra existência, ampliando--lhes os sofrimentos.

A princípio telepaticamente, enviando mensagens e sensações perturbadoras, mediante ressonância ou indução mental, ampliando o cerco à medida que o paciente aceita a imposição deletéria.

Por fim, num conúbio emocional e psíquico mais es­treito entre o desencarnado e o encarnado que lhe passa a sofrer a injunção penosa.

Os clichês mentais que perduraram através do tem­po nos arquivos do inconsciente profundo ressuscitam o pavor, abrindo espaço para o acossamento do perseguidor inclemente que se compraz com a ocorrência perversa.

Quanto mais o paciente deixa-se atemorizar pelos es­tímulos que produzem os fenômenos fóbicos, mais esses ampliam a sua área, tornando-se insuportáveis, dando en­sejo a novos temores que antes não existiam.


Terapia para os transtornos fóbicos

Os processos psicoterápicos são de grande eficiência para restabelecer a saúde emocional do paciente fóbico, trabalhando-lhe o inconsciente de forma a demonstrar-lhe a inutilidade do receio que jamais se transforma em acontecimento prejudicial à sua saúde, à sua vida.

Novas associações podem auxiliar na representatividade que faculte o equilíbrio, proporcionando bem-estar e autoconfiança.

O paciente, por sua vez, deve trabalhar-se interior­mente, procurando introjetar a coragem e o bom senso, vencendo, a pouco e pouco, os medos mais simples e avan­çando no rumo das fobias perturbadoras.

Sejam adicionados os recursos terapêuticos espíritas, como o esclarecimento em torno da realidade espiritual que cada um é, a justiça das reencarnações, a bioenergia, como também através dos passes e da água fluidificada, das leituras iluminativas, das sessões de desobsessão, quando o paciente preparou-se pelo estudo e pela conduta para delas participar.

Uma atitude positiva e de confiança em Deus ante as ocorrências fóbicas é de valor insuperável, oferecendo resistência para quaisquer tipos de enfrentamentos emocionais, entre os quais as perturbações dessa ordem.



Divaldo Pereira Franco ditado pelo 
Espírito Joanna de Ângelis

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