sábado, 27 de julho de 2019

PARABÉNS MINHA FILHA AMADA por mamãe (Maria Eduarda Carrilho Clebicar #17anos)




Filha, quando olho para você, me sinto realizada, pois vejo o quanto você cresceu, o quanto você conquistou ao longo anos, graças a Deus.

Você soube querer e conseguir seus próprios sonhos, os seus ideais, isso destaca você, uma filha dedicada, amiga e às vezes amável outras vezes dura demais. Mas como uma boa leonina no final sabe ser amorosa comigo.

Através desta mensagem, quero falar a você, tudo o que eu não digo por palavras, que não são ditas, as vezes, por falta de não saber como expressá-las.

Só não quero é falar da forma mais difícil, pois quero que entenda dos meus sentimentos que são puros e verdadeiros, do meu carinho e do meu amor por você, filha.

Peço muito a Deus, que guie os seus passos sempre, e eu sigo você, com o pensamento e coração para que o meu amor de mãe lhe proteja a todo instante, a todo momento, e as vezes quando sinto que algum perigo lhe ronda, ou mesmo alguma tristeza, eu quero ter a misericórdia de Deus para estar perto de você para lhe acolher para que tudo se resolva, e você volte a sorrir e a caminhar tranquila.

Que você filha, continue sendo iluminada pelo amor de Deus. Eu estarei sempre aqui, torcendo muito por você e para você, auxiliando os seus dias no que for preciso, mostrando o caminho certo para pisar e seguir.

Eu te amo muito, Bebein.
Feliz Aniversário!
Maria Eduarda Carrilho Clebicar

Mamãe.


sexta-feira, 26 de julho de 2019

BRASILEIRO ABANDONOU 'MÁSCARA' DE CORDIAL E ASSUMIU SUA INTOLERÂNCIA, DIZ ANTROPÓLOGA LILIA SCHWARCZ




As manifestações em 2013 e o impeachment da presidente Dilma Rousseff "abriram a tampa da democracia no Brasil e permitiram aflorar sentimentos que andavam um pouco reclusos", diz a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz.

Para ela, até então o brasileiro zelava por uma imagem "de muito receptivo, muito aberto" que servia de verniz para uma intolerância e um autoritarismo que ficavam escondidos e que estavam enraizados na própria história do país - a característica mais marcante do "homem cordial" descrito em 1936 pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda. 

O conceito, que dá nome ao capítulo mais célebre do livro Raízes do Brasil, foi muitas vezes mal interpretado como um elogio - quando queria expor, na verdade, "uma representação do que queríamos ser", explica a historiadora. 

A "cordialidade" que se manifesta, por exemplo, no uso de diminutivos ou na informalidade que marca a nossa cultura seria o expediente usado para misturar as relações públicas e privadas e guardar uma proximidade que, na verdade, disfarça as distâncias sociais. Algo que "evita as hierarquias para, no silêncio, reafirmá-las". 

Quase 80 anos depois, em um contexto de avanço do conservadorismo no mundo e de crise das democracias, esse homem "tira a máscara". 

"Com a crise, a recessão, o impeachment, acho que nós avalizamos pessoas que não tinham a coragem de dizer coisas do tipo: 'eu sou contra negro mesmo', 'acho que lugar de mulher é no fogão', 'acho que os trans são uma vergonha'", diz ela. 

Uma mudança que transformou a percepção que o mundo tinha sobre o país, diz a historiadora, que dá aulas na Universidade de São Paulo (USP) e na universidade americana de Princeton. 


No recém-lançado Sobre o Autoritarismo Brasileiro (Companhia das Letras), escrito entre outubro de 2018 e março deste ano, ela traça um longo histórico da violência, da corrupção, das desigualdades sociais, da intolerância e das questões de raça e gênero no país para discutir o momento atual, que caracteriza como uma "guinada conservadora e reacionária". 

Para ela, a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 marca uma nova fase do autoritarismo brasileiro, referendado pelas urnas. 

"Por mais que (o livro) tenha endereço certo, acho que de nada adianta apontar só para o Bolsonaro, senão eu também faria o jogo do personalismo que eu quero evitar." 

O livro é uma tentativa de abrir mão dos rigores da academia para buscar um público maior e debater temas atuais, à semelhança de autores americanos como Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, ambos da Universidade Harvard e autores de Como as Democracias Morrem, e Timothy Snyder, da Universidade Yale, que escreveu A Tirania e Na Contramão da Liberdade: A Guinada Autoritária nas Democracias Contemporâneas. 

Nesse sentido, ela foi além: mantém uma conta no Instagram e um canal no YouTube em que aborda temas que vão de violência e racismo a ditadura e corrupção. 

Se há alguns meses a antropóloga não sabia ainda que as respostas aos comentários no YouTube eram públicas ou que o Instagram não era lugar de "textão", hoje ela admite que quer usar o espaço das redes sociais para "cutucar" aqueles que discordam de seus pontos de vista a fim de discutir "com argumentos". 

Leia, a seguir, trechos da entrevista à BBC News Brasil. 

BBC News Brasil - Muita gente defende que Bolsonaro só existe como presidente por causa do PT. Em que medida corrupção e crise formam o alicerce desse, como a senhora classifica, novo período autoritário referendado nas urnas? 

Lilia Schwarcz - O primeiro eleito nas urnas e o primeiro que usa as redes sociais, isso é muito importante. Eu acho que a gente tem que ser um pouco mais sério com o Bolsonaro. Fazer esse jogo do tipo "ele só ganhou porque"... Ele também ganhou. Mas dizer que só ganhou (por causa do PT) é minimizar um fenômeno que eu tento mostrar no livro que é de mais longo curso. 

Ou seja, não é que os brasileiros viraram autoritários, eles sempre foram autoritários. 

Acho que a gente também tem que entender o fenômeno Bolsonaro à luz do fenômeno do autoritarismo no mundo. 

Porque se você pensar em EUA, Hungria, Polônia, Filipinas, Israel, Venezuela, estamos falando de governos populistas e autoritários. 

Diferentes, mas governos, sobretudo os populistas autoritários mais à direita, que têm uma fórmula muito comum: esse repúdio à imprensa - você deve estar sentindo isso -, essa desautorização do discurso das minorias, essa tremenda desautorização do discurso da academia, o uso muito inteligente das redes. 


Esse é o modelo internacional, grosso modo. Mas cada país carrega sua própria especificidade. 

A do Brasil é essa que eu tentei tratar nesse livro: o fato de ter sido o último país a abolir a escravidão, de ter recebido quase metade dos africanos e africanas que saíram compulsoriamente de seu continente, de ter sido uma colônia de exploração, administrada por meio de mandonismos localizados, um país tremendamente violento, muito corrupto. 

E eu tento mostrar como a corrupção é longa entre nós. A gente atribuir tudo ao PT... 

O PT teve uma parte fundamental, e acho que meu capítulo da corrupção mostra o quão independente eu sou... 

BBC News Brasil - Vou aproveitar então para emendar uma pergunta. Em alguns trechos, ainda que com ressalva, a sra. coloca argumentos que fazem parte do discurso do PT, especialmente o da perseguição política, como no trecho em que fala que "jogar todas as baterias contra apenas uma pessoa - e, assim, personalizar a questão ou transformar um único partido em bode expiatório - não dá conta do problema". Não teme que seja interpretado como partidarismo e abra um flanco para críticas? 

Schwarcz - Eu penso que o livro tem flanco pra todos os lados. Acho que os meus colegas do PT não vão gostar da análise que eu faço do Mensalão e da Lava Jato - e é esse mesmo capítulo. 

Esse é o capítulo mais longo, salvo engano, e o mais difícil justamente porque eu tinha uma questão de mostrar a minha independência e a minha autonomia aí muito claras. 

Quando você vai tratar da questão da corrupção, ninguém é favor da corrupção e ninguém é corrupto. Eu sou uma pessoa da academia que chego lá e digo com todas as palavras que a corrupção criou uma máquina de governar, não eximo o PT, não eximo o PSDB. 

Essa sua pergunta poderia ser "Você não tá dando argumento pros 'bolsominions'?". Tô também - "até ela está mostrando como o PT foi corrupto". Acho que, se a gente for pegar o livro nesse momento de polarizações afetivas que nós vivemos, a cada página você vai ter alguém de carteirinha contra ou a favor. 

O que eu tentei fazer foi me valer muito dos dados, contar a história inteira, para só depois me dar ao luxo de opinar. 


BBC News Brasil - O livro está recheado de ironias e provocações. Há um momento em que a sra. se refere de forma indireta à ministra Damares Alves, quando diz, ao falar dos feminicídios, que "a princesa não casa com o príncipe", há também uma crítica velada ao ministro Sergio Moro no trecho: "juízes que combateram a corrupção vigente, mas igualmente, usaram de seu poder de formas muitas vezes subjetiva e ao sabor dos afetos políticos". Com que emoção a sra. escreveu? 

Schwarcz - Eu fiz em pouco tempo, mas fiz muitas versões desse livro. Tive momentos claramente destemperados, né, e meus editores aqui falavam: "Beleza, mas agora vamos ponderar isso, aquilo". 

Eu tentei de alguma forma contrabalançar as opiniões, tentei bravamente. 

Tem um lado que você pode falar que é muito meu, a parte dos feminicídios. Claro, vai ter que me aguentar. Pediu para uma mulher escrever, então vamos lá, né? 

Essas são todas questões que me afetam no sentido de "afetar" da antropologia, porque o afeto é produtor. Porque, quando você se afeta, isso quer dizer que você se contamina do outro.

BBC News Brasil - Voltando ao seu comentário sobre o fato de o fenômeno de ascensão da direita ser global. Em que medida ela não se deve também a uma crise global das democracias liberais, que não estão conseguindo mais dar conta dos efeitos da globalização, aumento da desigualdade, da violência? 

Schwarcz - Com certeza, eu digo no livro que corrupção, violência, insegurança não são sentimentos inventados por Bolsonaro. 

Costumo dizer que a minha geração falhou. Colocou todas as fichas na democracia e não lidou muito bem com o que fazer com a nossa recessão, o que fazer com as populações que vão ascendendo e que não se espelham exatamente nesse momento. 

Como é que a gente pode valorizar a nossa Constituição, mas também mostrar as suas falácias? Quais são os nós que resolvemos não enfrentar e que vão aparecendo agora? 

Você tem toda razão. Houve uma soberba, sobretudo no consórcio criado entre PT e PSDB. Uma cegueira. Nós não atendemos a uma parte da população que se sentiu atendida por Bolsonaro. 

E não é possível caricaturar essa população. Eu, por exemplo, tenho como projeto entender mais as igrejas evangélicas. E no plural. Porque a gente ataca tanto as pessoas que fazem de nós um só... 

Esse é um fenômeno fundamental para entender o Brasil, e eu nunca parei para estudar. 

BBC News Brasil - Fazem sentido então críticas como a do cientista político Mark Lilla, de que a esquerda vem perdendo espaço porque se prende a pautas identitárias e não privilegia, por exemplo, pautas econômicas ou temas que falem com um público mais amplo? 

Schwarcz - Eu gosto muito do Lilla, mas discordo que o discurso identitário seja só ruim. Há uma tese lá de que o discurso identitário enrijeceu esses famosos lugares de fala e jogou para fora parte da população que não sentia de modo algum representada por esses discursos.

Eu penso que o discurso dos direitos civis produziu esse discurso de identidade, um discurso que vai ter que se transformar em algo menos enrijecido, mas que tem um papel fundamental para pressionar para que o mundo mude. 

Nós vivemos em um mundo muito branco, muito "europocêntrico", muito colonial, que só vai mudar se for questionado. 

BBC News Brasil - E a sra. vê a esquerda brasileira fazendo isso, se reinventando para abordar essas pautas de forma diferente, não se isolar? 

Schwarcz - Eu digo no livro - e vai desagradar as esquerdas também - que a polarização é uma relação. Você só polariza de um lado se o outro lado polarizar também. 

Acho que as esquerdas brasileiras são muitas. E vão ter que vivenciar esse luto, vão ter que se haver com o que aconteceu com o Partido dos Trabalhadores. Mas não só: também com o que aconteceu com esse projeto das esquerdas. Vão ter que se reinventar. 

É difícil falar de todos, senão eu vou estar caricaturando, mas acho que uma parte das esquerdas tem ficado mais alerta e mais ciente sobre o que foi esse processo das eleições de 2018. Acho que a gente não tem que só demonizar o que foi, mas fazer um esforço de compreensão, até para fundar uma nova República. 

BBC News Brasil - A sra. se refere a quais figuras, à corrente mais jovem, representada, por exemplo, pela deputada Tabata Amaral? 

Schwarcz - Acho que houve um projeto de uma geração que se mostrou insuficiente. 

E acho que existe aí um outro discurso, não só o discurso dos jovens, mas que carrega outros marcadores, um discurso feminista, negro, trans. Pessoas que vêm de outros locais. Um discurso religioso progressista. 

Penso que a saída virá da formação de novas figuras. Não só de novas figuras, porque eu não gosto de "essencializar" a juventude. Juventude não é uma qualidade em si, é uma situação. Mas eu acho que a gente tem que encontrar novas saídas e novos repertórios. Nós estamos carentes de repertório mesmo.

BBC News Brasil - E consegue enxergar essa mudança? 

Schwarcz - Eu penso que sim. Outro dia falei que era otimista e fui quase morta. Nós não estamos em um momento bom, estamos em uma crise de desemprego, temos essa questão pela frente da reforma, senão o Estado vai falir, estamos vivendo momento de grande intolerância. 

Por todos os lados que você olhar não há motivo para otimismo. Mas, por exemplo: uma manifestação como a do dia 15 (contra os contingenciamentos na Educação) me faz otimista, porque você vê na rua que tem mais pessoas clamando por um Brasil mais justo, mais generoso. 


BBC News Brasil - Como vê as manifestações do último domingo, a favor do presidente? 

Schwarcz - Foi um ato democrático como aquela do dia 15. Mas o esforço do governo de, ao mesmo tempo, afirmar que tudo era "espontâneo", mas também "convocar a manifestação" representa mais um gesto populista. 

Esse tipo de palavra de ordem serve mais para candidatura do que para mandato. 

BBC News Brasil - A sra. não cita nominalmente o presidente em nenhum momento do livro. Foi proposital?

Schwarcz - Foi. E foi um esforço. Porque, por mais que tenha endereço certo, eu acho que de nada adianta apontar só para o Bolsonaro. Isso aí é, de alguma forma, perder a figura e o fundo. 

A família aparece claramente no capítulo dos mandonismos, né. 

Mas foi proposital, porque senão eu também vou fazer o jogo do personalismo que eu quero evitar. O meu problema não é pessoal, é com aquele que ocupa a chefia do Estado. 

BBC News Brasil - Em mais de um trecho a senhora afirma que o "homem cordial" de Sérgio Buarque de Holanda não é um elogio ao brasileiro, pelo contrário. Próximo ao fim, parece chegar à conclusão de que essa figura não existe mais e tem dado lugar ao "homem da intransigência e da aversão à diferença". Esse seria, então, um momento de inflexão? 

Schwarcz - Eu tento mostrar aqui que nunca foi (cordial), né, que é uma representação do que queríamos ser. 

BBC News Brasil - Isso, mas a tese do Sérgio Buarque é de que a gente ainda disfarçava...

Schwarcz - Eu penso que o tempo provou que o processo do impeachment da presidente Dilma de alguma maneira abriu a tampa da democracia e permitiu aflorar uma série de afetos e sentimentos que andavam um pouco reclusos porque "não ficavam bem", porque o que era bom era dar sempre essa face - como nós brasileiros somos muito cordiais, muito receptivos, muito abertos. 


O livro tenta provar que nunca fomos isso. 
Mas eu acho que, a partir de 2013, com a crise, a recessão, o impeachment, nós avalizamos pessoas que não tinham a coragem de dizer coisas do tipo: "eu sou contra negro mesmo", "acho que lugar de mulher é atrás do fogão", "acho que os trans são uma vergonha". 

BBC News Brasil - Então o "homem cordial" agora tira de vez a máscara, é isso? 

Schwarcz - Por isso um episódio como o da Marielle é pra mim muito significativo, porque nós tiramos a máscara não só nacionalmente, mas também internacionalmente. 

Internacionalmente o Brasil não é mais visto (como um país receptivo e tolerante)... e isso eu sei porque há dez anos dou aula em Princeton e os meus cursos foram mudando sistematicamente. E não porque eu mudei. 

As pessoas vinham em busca do Zé Carioca, do futebol, da capoeira, dessa "exotização" dos trópicos como paraíso dos costumes, dos hábitos. E cada vez mais as pessoas vêm pra falar de contravenção, violência, falta de lei, intolerância. 

Você tem um governo como esse, ministros como esses, da Educação, das Relações Exteriores, da Agricultura. São ministros que não têm a mínima preocupação em professar valores que nós acreditávamos que eram nossos. Esse foi o tombo grande que as esquerdas tomaram também. 

Fonte: 




terça-feira, 9 de julho de 2019

POR QUE O PT É 13 E O PSL É 17? TEM UMA LÓGICA POR TRÁS DOS NÚMEROS?




"Meus companheiros e minhas companheiras", "amigas e amigos de todo o Brasil", o PPJ (Pergunta pro Jokura) informa: eu bem que gostaria de encher esta resposta de superstições, simbologia e até de numerologia. Mas, não, o PSDB não é 45 porque é o ano do tucano no horóscopo chinês, o PT não é 13 porque dá azar e o PSL não é 17 por se comportar como um adolescente.

O começo dessa história de numerar os partidos - que já tem quase 40 anos - é puro acaso, Pablito. E devo essa descoberta ao trabalho de registro histórico do cientista político Jairo Nicolau, da UFRJ, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A numeração dos partidos começou nas eleições de 15 de novembro de 1982, ainda sob a ditadura de João Figueiredo. Na ocasião, apenas cinco legendas foram autorizadas a concorrer. E os números de cada uma foram definidos por sorteio, na seguinte ordem: 

  1. PDS (Partido Democrático Social) 
  2. PDT (Partido Democrático Trabalhista) 
  3. PT (Partido dos Trabalhadores) 
  4. PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) 
  5. PMDB (Partido do Movimento Democrático Trabalhista)

A partir de 1985, a Justiça Eleitoral extinguiu a numeração de 0 a 9 e os cinco partidos originais acrescentaram uma dezena aos números do sorteio de 1982. Foi assim que o PT do Lula Livre virou 13, o MDB do Temer virou 15, o PTB fundado por Getúlio Vargas, 14 e o PDT, da deputada federal Tábata Amaral, 12.

Em 1993, o PDS de Paulo Maluf se aliou ao Partido Democrata Cristão (PDC) para criar o Partido Progressista Reformador, que depois de várias mutações virou o que hoje chamamos de Progressistas, herdeiro do número 11.

Já o 17 passou pela mão de muita gente antes de chegar ao partido que elegeu Bolsonaro presidente. Ele não representava o PSL até as eleições de 1996. A primeira vez do 17 foi em 1985, designando o Partido Democrata Cristão (PDC) - e assim seguiu até o fim da agremiação, em 1993.

No pleito de 1994, o 17 pegou carona no aerotrem de Levy Fidelix, fundador do Partido Trabalhista Renovador Brasileiro (PRTB), mas logo desembarcou. Só a partir de 1996 é que o Partido Social Liberal assumiu o número que é do macaco no jogo do bicho, tá ok?

Os demais números surgiram, com poucas exceções, de acordo com a seguinte lógica: nas eleições de 1985, estrearam 23 partidos, assumindo numerações entre 16 (PPB) e 40 (PSB) --a exceção foi o 32 (PNR), que só concorreu no ano seguinte

Em 1988, estrearam do 41 (PSD) ao 49 (PHN). Em 1989 --eleição do Collor (36), lembra?--, debutaram do 51 (PDN) ao 57 (PDC do B) --mas ninguém quis o 53. De 1990 em diante, as dezenas foram aumentando até o limite do 84 (PFS), que estreou em 1992 --e por ali mesmo se aposentou.

Ao longo desse nosso atual e breve período democrático, a maioria dos números foram sorteados, alguns foram herdados de partidos extintos e alguns poucos puderam escolher a numeração preferida, fora da ordem protocolar. É o caso do 10 (PRB) --mínimo permitido pela Justiça Eleitoral-- que só entrou em cena em 2006.

E dentre os 33 partidos na ativa atualmente, o último número inédito a aparecer nas urnas foi o 90 (PROS), em 2014. É tanto partido que daqui a pouco vão cobrar uma reforma do código eleitoral para incorporar três dígitos na representação das siglas.


segunda-feira, 8 de julho de 2019

RECOMECE E FAÇA VALER A LEITURA DA SUA ESTÓRIA DE VIDA



Quando a vida bater forte
E a sua alma sangrar
Quando esse mundo pesado
Lhe ferir lhe esmagar
É hora do recomeço
Recomece a Lutar

Quando tudo for escuro
E nada iluminar
Quando tudo for incerto
E você só duvidar
É hora do recomeço
Recomece a Acreditar

Quando a estrada for longa
E seu corpo fraquejar
Quando não houver caminho
Nenhum lugar pra chegar
É hora do recomeço
Recomece a Caminhar

Quando o mal for evidente
E o amor se ocultar
Quando o peito for vazio
E o abraço faltar
E hora do recomeço
Recomece a Amar

Quando você cair e ninguém
Lhe amparar
Quando a força do que é ruim
conseguir lhe derrubar
É hora do recomeço
Comece a Levantar

E quando a falta de esperança
decidir lhe açoitar
Se tudo que for real
For difícil suportar
Mais uma vez é hora do recomeço
Recomece a Sonhar

Enfim meu povo…
É preciso de um final
Pra poder Recomeçar
Como é preciso cair
Pra poder se Levantar

Nem sempre engatar a Ré
Significa voltar…

Remarque aquele encontro
Reconquiste um amor
Reúna quem lhe quer bem
Reconforte um sofredor
Reanime quem tá triste
E Reaprenda na dor

Recomece, se refaça
Relembre o que foi bom
Reconstrua cada sonho
Redescubra algum dom
Reaprenda, quando errar
Rebole quando dançar

E se um dia,
E se um dia lá na frente
A vida der uma ré
Recupere sua Fé
E Recomece Novamente.



Você só têm alguns anos para
Encerrar seus capítulos 
Na grande estória da sua vida
Faça o seu final feliz
Viva intensamente feliz
Ame mais
Seja amado(a) 
... o resto é perda de tempo 
e vida ou estória








NELSON JOBIM DIZ QUE STF ERROU AO TOLERAR ABUSOS DA LAVA JATO E CRÊ NA INOCÊNCIA DE LULA Por Wellington Ramalhoso



Nelson Jobim é uma figura raríssima no país. Conhece por dentro os Três Poderes porque teve passagens expressivas por todos eles. Indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ficou nove anos no STF (Supremo Tribunal Federal) e chegou a presidi-lo. Em sua opinião a corte máxima da justiça brasileira falhou ao não conter excessos da Lava Jato no início da operação.

Os diálogos revelados pelo "The Intercept Brasil" comprovam, na avaliação de Jobim, que a operação cometeu abusos e que o ministro da Justiça, Sergio Moro, teve uma conduta inadequada como juiz federal no Paraná. 

Antes de chegar ao Supremo, Jobim, que é advogado, teve participação relevante como deputado federal pelo PMDB (hoje MDB) na elaboração da Constituição de 1988 e foi ministro da Justiça no governo FHC. Depois da passagem pelo Judiciário, foi ministro da Defesa nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT). 

Para ele, os processos da Lava Jato contra Lula "são controversos em termos de prova". O ex-presidente do STF diz acreditar na inocência do petista. Por outro lado, seu trânsito nas Forças Armadas o faz dizer que os militares ficaram ressentidos com setores do PT por causa do trabalho da Comissão da Verdade durante o governo Dilma.

Aos 73 anos, o gaúcho de Santa Maria vem de uma família de políticos conservadores e é homem de diálogo. Continua filiado ao MDB, mas diz que não volta à política. Atualmente, é sócio do banco BTG Pactual, onde entrou como diretor para reorganizar a área de compliance -- ferramenta de governança corporativa para que uma empresa cumpra regras internas e a legislação -- da instituição financeira. 

Confira abaixo os principais trechos de sua entrevista ao UOL em que ele também comenta o governo Jair Bolsonaro (PSL). 

UOL - Onde o ex-presidente Lula errou para ser alvo de tantos processos e ser condenado?

Nelson Jobim - Os processos dele são controversos em termos de prova. Eu, particularmente, não creio que ele tenha participado efetivamente dessas coisas [casos de corrupção]. Houve uma onda em relação ao problema do PT. E mudou o quadro. Hoje caminhamos para uma posição de centro-direita, de direita. 

Eles [o PT] tinham que ter reconhecido os problemas que foram criados. Não reconheceram e acabaram entrando numa fase difícil. Agora tem esses processos todos e essa decisão que tem que ser tomada pelo Supremo Tribunal no segundo semestre, quer em relação ao habeas corpus [em que a defesa pede a anulação do julgamento no caso do apartamento de Guarujá alegando que Sergio Moro atuou com parcialidade] quer em relação ao problema da prisão em segunda instância ou prisão em trânsito em julgado. É possível que ele [Lula] venha a ser beneficiado com isso. Além do mais, ele já tem aquela redução da pena

O fato é que se introduziu na política, no final do governo Dilma, uma variável nova que foi o ódio. A capacidade de diálogo, de entendimento, de construção de soluções acabou sendo inviabilizada por essa situação de ódio e rancor. Você não constrói o futuro retaliando o passado.

O resultado final foi a eleição do presidente Bolsonaro dentro desse vendaval contra a atividade política, a criminalização da política que veio do discurso básico da Lava Jato.

O sr. entende que Sergio Moro foi imparcial ao julgar Lula?

É difícil afirmar. Examinando isto que aparece nessas notícias do Intercept, que ao que tudo indica são corretas e verdadeiras, ele teve uma conduta não adequada para um juiz de direito. Em hipótese alguma, poderia um juiz de direito ter contatos com o Ministério Público ou mesmo com a defesa para orientar procedimentos. Isso não é nada bom. 

Seja qual for a solução que se dê para o processo judicial, fica a pecha do envolvimento do juiz no sentido de orientar e comandar a acusação. O que vem a ratificar aquilo que havia interiormente, ou seja, a suspeita de que havia uma grande interação entre o juiz de direito comandando o processo e o Ministério Público, coisa que os advogados de defesa afirmavam há muito tempo. 

O habeas corpus que a defesa levou ao STF alegando a parcialidade de Moro vem de antes da revelação dos diálogos do ex-juiz. Como você prova a parcialidade? 

Se fica demonstrado claramente de que na base de tudo isso tiveram contatos e relações do juiz julgador com o agente acusador, discutindo estratégias de condução do processo, evidentemente que é parcialidade.

Essas mensagens reveladas podem ser usadas contra Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato? Acho difícil que elas tenham efeitos para trás no sentido de anular processo, mas isto mostra claramente a inconveniência de você criar grupos específicos para operar determinadas áreas porque esses grupos querem se manter sempre. Acaba criando uma necessidade da sobrevivência ou a reprodução da força-tarefa.


Jobim entende que Moro teve conduta inadequada, mas que a anulação de processos é difícil 

O sr. acha que o STF cometeu algum erro em relação à Lava Jato?

No início, foi leniente. Ou seja, tolerou os exageros, os abusos que foram cometidos e agora estão ficando muito claros com essa história do Intercept. Houve casos de erros crassos, que depois acabaram se resolvendo. Agora o tribunal está começando a ter uma posição, digamos, mais garantista.

Todo mundo acha que as correntes garantistas são conservadoras. Todo mundo é contrário ao garantismo desde que a decisão lhe convenha. O dia em que estoura o raio nos pés ele vai adorar um garantista. E a posição do tribunal é ser garantista, garantir os direitos que estão na Constituição. 

Lembro, por exemplo, daqueles casos que eram aplaudidos e que eram, digamos, coisa de mídia, das conduções coercitivas. É uma invenção. O sujeito queria ouvir a parte, então mandava conduzir para ser ouvido. E o sujeito não tinha sido intimado nem se negado a ir. Mas aquilo criava um ambiente de pressão psicológica contra o depoente. Porque as conduções coercitivas se davam às 6h, estava toda mídia lá, assistindo àquilo e criando aquele ambiente. 

O fato também de o Ministério Público ter aquelas exposições com Power Point das acusações, como se aquilo já estivesse definido, criou um ambiente muito ruim, que agora aos poucos vai se compondo.

O sr. entrou no BTG Pactual depois da Lava Jato [André Esteves, fundador do banco, chegou a ser preso na operação sob a suspeita de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, mas o Ministério Público não encontrou provas para incriminá-lo]? O que o sr. tem feito no banco?

O convite que recebi foi integrar o conselho do banco e ao mesmo tempo fazer uma montagem da questão de compliance do banco. O compliance já existia no banco e funcionava bem. Só que a estrutura era diferente. Alterei a estrutura. O compliance era um braço do departamento jurídico do banco. Então, criei uma diretoria de compliance no mesmo nível da diretoria jurídica e com contato direto com o conselho.

Qual sua avaliação sobre o governo Bolsonaro?

Falta rumo. O governo Bolsonaro tem uma certa de disfuncionalidade.

Tem o núcleo econômico, cujo personagem é o Paulo Guedes. Alguns podem concordar ou discordar, mas é questão de mérito. O fato é que tem uma agenda econômica consistente e tem gente competente junto a ele. 

Tem o núcleo militar, que sofreu algumas avarias agora em relação a um personagem que era o Santos Cruz, mas é um grupo consistente, disciplinado. Embora fiquei muito surpreso quando vi a presença do general Heleno nesses movimentos de rua, fazendo discurso, que não é um modelo próprio tendo em vista a origem militar.

O terceiro núcleo é o político, que estava sendo comandando pelo [ministro-chefe da Casa Civil] Onyx Lorenzoni, mas sem organização, sem articulação visível competente. Tanto que agora transfere-se essa função para o general [Luiz Eduardo] Ramos [novo secretário de Governo]. 

Há um discurso antipolítica, que é vocalizado pelo próprio presidente, com altos e baixos nesse sentido, e que leva a um certo tipo de conflito com o Congresso. O processo de reforma da Previdência está sendo mais conduzido pelo presidente da Câmara e do Senado do que pelo próprio governo. 

E por último tem ainda o núcleo da família. Esse é complicado. Principalmente um deles [referência ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro] cria o conflito. Então, não há necessidade, por enquanto, de oposição. A oposição está dentro da própria desestruturação do governo.


Para ex-ministro, governo Bolsonaro precisa de rumo e de agenda para combater desemprego

Creio que não. O próprio Ramos tem condição de manter essa coisa mais estável. Mais radicalizado do que está é impossível. O problema é a eficácia dessa radicalização, o que isso tem de discurso e o que tem de realidade. Algumas das posturas dos ministros da Educação e das Relações Exteriores são caricatas.

O que o sr. espera do governo na economia?

As pessoas podem não gostar do presidente, mas Bolsonaro foi eleito. Em política tem uma regra: você não escolhe interlocutor. O interlocutor é o que está aí. E o país precisa enfrentar as suas questões com esse governo que está aí e com os governos estaduais que estão aí. 

Creio que a reforma da Previdência acaba sendo aprovada, mas o problema é que ela é uma solução de longo prazo. É um sinal de que a situação fiscal vai melhorar. Não significa que você tenha um deslanche da economia desde logo. 

É preciso que o governo, junto com a Câmara e o Senado, possa montar uma agenda econômica de curto e médio prazo. Fala-se que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem lá algumas coisas para o pós-Previdência. Precisa ter algo depois da Previdência. Precisa ter algumas medidas de curto prazo que resolvam o crescimento econômico para resolver o problema do desemprego. Você não pode ficar muito tempo com 13 milhões de pessoas por muito tempo desempregadas. Isso é um vulcão.

Seria necessário que houvesse uma lucidez política, não só dentro do governo, mas também no Congresso porque o partido do governo é muito errático, o apoio do governo no Congresso é errático. 

Militares dizem que ficaram insatisfeitos com a forma como o governo da ex-presidente Dilma conduziu a Comissão de Verdade [que tratou de crimes cometidos durante a ditadura militar]. Qual foi erro de Dilma?

O grande conflito que tinha, e participei disso fortemente porque era ministro da Defesa do Lula, era que o grande discurso para alguns setores do governo era a revisão da lei da Anistia [de 1979]. Eu disse o seguinte: "essa lei não tem como mexer mais, esse assunto é encerrado". Teve um pacto político na época com o governo [do general João] Figueiredo. O PMDB, na época, participou desse pacto. Acertaram isso de que a anistia era bilateral, ou seja, abrangia os militares e todos. 

Como a eventual revisão da lei da Anistia foi tentada no Supremo -- entraram com ação para julgar a inconstitucionalidade da lei da Anistia e perderam --, aí tentou-se a revisão da lei da Anistia de forma indireta, via a criação da Comissão da Verdade. 

Resolveu-se fazer a Comissão da Verdade para tentar trazer notícias em relação aos militares, mas não trazer notícias em relação aos atos que teriam sido praticados pela oposição à época. 

Começou a parcialidade. E essa parcialidade ficou mais clara ainda quando houve o relatório final da Comissão da Verdade. Aí exageraram, entrou um delírio. Eles resolveram colocar o brigadeiro Eduardo Gomes como torturador. O argumento era: "ele era o ministro da Aeronáutica, a Aeronáutica praticou torturas, logo ele era torturador". 

Curiosamente, é o mesmo discurso que foi feito no caso do Lula: "houve corrupção na Petrobras, Lula era o presidente, logo ele também estava anuindo com a corrupção". O raciocínio é o mesmo.


Comissão da Verdade deixou militares ressentidos com setores do PT, afirma ex-ministro da Defesa

Que sentimento as Forças Armadas passaram a ter em relação ao PT?

O sentimento é que eles estavam tentando fazer uma retaliação do passado. O Lula era contra, não queria saber com essa história de mexer com lei de Anistia. Ela achava que coçar ferida não cicatriza. Era inclusive a linguagem que ele usava. 

Na época, segurei esses ímpetos que vinham do setor de direitos humanos do governo Lula, com o apoio do presidente, mas ficava aquela desconfiança. Os militares sabiam que houve um acordo político com a lei da Anistia, que o assunto estava encerrado. Aí vinham exemplos internacionais, criou-se um discurso de direito de transição política.Isso criou um ressentimento. Mas não um ressentimento em relação ao presidente Lula, se respeitava muito o presidente, mas [em relação] àqueles setores específicos que estavam tentando fazer esse discurso. Coisa que ficou superada depois. Hoje não tem mais nada. 

Foi superado? 

Foi superado. 

O sr. continua filiado ao MDB. Pretende voltar à política? 

Não, estou com 73 anos. Passou.

Como partidos mais antigos poderiam recuperar a credibilidade junto à população? 

Só alterando o sistema eleitoral porque os partidos antigos estão mortos. Partidos mais novos vão ter que se consolidar. O PSL não é um partido no sentido de ter um programa. 

Em uma reforma política mais profunda, que mudança o sr. considera importante?

Sou favorável ao sistema distrital misto [em eleições proporcionais, como as de deputados federais, parte das vagas fica com os mais votados em cada região, a outra parte é preenchida pelos partidos mais votados] porque no modelo atual quem pode me prejudicar numa eleição não é o candidato do outro partido, é o candidato do meu partido. Eu disputo a vaga com o candidato do meu partido. Então você não tem consistência partidária nenhuma, você tem individualidades. 

Com isso você atende um problema que é a redução do custo da campanha eleitoral. Se você reduzir o distrito eleitoral, você dá maior proximidade desses candidatos aos eleitores e reduz o ímpeto da despesa.

O sr. teve participação reconhecida na elaboração da Constituição de 1988, mas ela é alvo de críticas, principalmente por parte da direita, que fala em excesso de direitos. O que o sr. pensa sobre essas críticas? 

A Constituição é correta. Ali tu tens um rol de direitos e garantias individuais, absolutamente moderno, que funciona. Você tem um desenho institucional importante. O que você não tinha em 1988 era a capacidade da construção de uma modernidade econômica. Tu estavas em um período com desconfiança do Poder Executivo. Com isso, se fortaleceu o Congresso. O problema na ordem econômica é que quando se votou a Constituição ainda havia aquela visão antiga. Então, acabou sendo um modelo estatizante, claramente estatizante, o que veio a ser reformado com o Fernando Henrique em 1995 [com as privatizações]



Do UOL, em São Paulo