quinta-feira, 26 de março de 2015

ZYGMUNT BAUMAN: VIVEMOS TEMPOS LÍQUIDOS. NADA É PARA DURAR por Giseli Betsy


Os pensamentos descritos nos textos de Bauman refletem o que vai no meu íntimo como pessoa e mulher. Minhas indagações, meus questionamentos e frustações todos expostos ali tão naturalmente que chega a ser assustador e constrangedor. Parece que ele conseguiu me ler por dentro. Eu não consigo e nem posso ser feliz porque não gosto de viver nestes "tempos líquidos" é o mal-estar que ele cita dos efeitos da pós-modernidade. Sinto falta da concretude nas relações e muitas outras coisas que antes era tão acessíveis. Parece que estou vivendo um vácuo e não encontro um chão. É como se o tempo todo eu estivesse no ar sem rumo ao sabor do vento... Cansaço! Quando começa a ler e a entender o sentido dos pensamentos de Bauman, logo você se identifica e é imediatamente teletransportado pra um lugar muito conhecido e real. Num mundo horrível, instável, descartável com excesso de liberdade e pouco comprometimento. No pior lugar do qual você não quer estar. Não quer vivenciar esses comportamentos e sentimentos vazios de segurança. É o que eu senti e sinto ainda refletindo nesses tempos líquidos. Tomara que eu consiga voltar a gostar-amar e me entregar a outro (com um dia eu fiz). Espero encontrar alguém que esteja tanto quanto eu buscando esta estabilidade, amor-romântico, segurança, ou seja, tenha as mesmas necessidades de concretude que eu tenho. Porque eu busco tempos concretos, fixos, seguros e estáveis.
Roberta Carrilho

Estamos cada vez mais aparelhados com iPhones, tablets, notebooks, etc. Tudo para disfarçar o antigo medo da solidão. O contato via rede social tomou o lugar de boa parte das pessoas, cuja marca principal é a ausência de comprometimento. Este texto tem como base a ideia do "ser líquido", característica presente nas relações humanas atuais. Inspirado na obra "Amor Líquido" - sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman. As relações se misturam e se condensam com laços momentâneos, frágeis e volúveis. Num mundo cada vez mais dinâmico, fluído e veloz. Seja real ou virtual.





O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos intelectuais mais respeitados da atualidade. Aos 87 anos, seus livros venderam mais de 200 mil cópias. Um resultado e tanto para um teórico. Entre eles, “Amor liquido” é talvez o livro mais popular de Bauman no Brasil. É neste livro que o autor expõe sua análise de maneira mais simples e próxima do cotidiano, analisando as relações amorosas e algumas particularidades da “modernidade líquida”. Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.

Bauman tenta mostrar nossa dificuldade de comunicação afetiva, já que todos querem relacionar-se. Entretanto, não conseguem, seja por medo ou insegurança. O autor ainda cita como exemplo um vaso de cristal, o qual à primeira queda quebra. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.

É um mundo de incertezas, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis, pois as relações humanas estão cada vez mais flexíveis. Acostumados com o mundo virtual e com a facilidade de “desconectar-se”, as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo. É um amor criado pela sociedade atual (modernidade líquida) para tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros. Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito descarta-se - ou até mesmo troca-se por "versões mais atualizadas".

O romantismo do amor parece estar fora de moda, o amor verdadeiro foi banalizado, diminuído a vários tipos de experiências vividas pelas pessoas as quais se referem a estas utilizando a palavra amor. Noites descompromissadas de sexo são chamadas “fazer amor”. Não existem mais responsabilidades de se amar, a palavra amor é usada mesmo quando as pessoas não sabem direito o seu real significado.

Ainda para tentar explicar a relações amorosas em “Amor Líquido”, Bauman fala sobre “Afinidade e Parentesco.” O parentesco seria o laço irredutível e inquebrável. É aquilo que não nos dá escolha. A afinidade é ao contrário do parentesco. Voluntária, esta é escolhida. Porém, e isso é importante, o objetivo da afinidade é ser como o parentesco. Entretanto, vivendo numa sociedade de total “descartabilidade”, até as afinidades estão se tornando raras.

Bauman fala também sobre o amor próprio: o filósofo afirma que as pessoas precisam sentir que são amadas, ouvidas e amparadas. Ou precisam saber que fazem falta. Segundo ele, ser digno de amor é algo que só o outro pode nos classificar. O que fazemos é aceitar essa classificação. Mas, com tantas incertezas, relações sem forma - líquidas - nas quais o amor nos é negado, como teremos amor próprio? Os amores e as relações humanas de hoje são todos instáveis, e assim não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada - uma descrição poética da situação.















Para ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis [...] um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Você precisa dos dois. [...] Cada vez que você tem mais segurança, você entrega um pouco da sua liberdade. Cada vez que você tem mais liberdade, você entrega parte da segurança. Então, você ganha algo e você perde algo", afirma o filósofo.

O medo é um fator característico da sociedade líquido-moderna globalizada. Com a globalização e a abertura dos estados para circular o fluxo do capital livre a sociedade se sentiu ameaça, insegura; O fluxo de pessoas em busca de melhores condições de vida é um fator atormentador para a sociedade moderna.
Os tempos são “líquidos” porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser “sólido”. As relações (pessoais, trabalho, e em comunidade, em conjunto) sociais não são mais estáveis, concretas duráveis. Com a globalização e a abertura social, por ser incompleta, tornou-se uma “sociedade impotente como nunca antes”, tem dificuldade em decidir com certeza o caminho a seguir. (BAUMAN, 2007, p. 13)
Super indico este livro - Roberta Carrilho


Outro livro do mesmo autor Zygnunt Bauman

P.s.: ainda não li mas pretendo ler assim que eu tiver tempo 


Começarei a ler hoje 27/03/15


Este outro também Zygmunt Bauman e Leonidas Donskis





Bibliografia:
  1. 44 Cartas do mundo líquido moderno
  2. Amor líquido
  3. Aprendendo a pensar com a sociologia
  4. A arte da vida
  5. Bauman sobre Bauman
  6. Capitalismo parasitário
  7. Comunidade
  8. Confiança e medo na cidade
  9. A cultura no mundo líquido moderno
  10. Danos colaterais
  11. Em busca da política
  12. Ensaios sobre o conceito de cultura
  13. A ética é possível num mundo de consumidores?
  14. Europa
  15. Globalização: as consequências humanas
  16. Identidade
  17. Isto não é um diário
  18. Legisladores e intérpretes
  19. O mal-estar da pós-modernidade
  20. Medo liquído
  21. Modernidade e ambivalência
  22. Modernidade e Holocausto
  23. Modernidade líquida
  24. Sobre a educação e juventude
  25. A sociedade individualizada
  26. Tempos líquidos
  27. Vida a crédito
  28. Vida em fragmentos
  29. Vida líquida
  30. Vida para consumo
  31. Vidas desperdiçadas








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