No texto “O amor: sofremos porque queremos”, escrevi sobre como criamos a necessidade de uma relação praticamente impossível. Hoje, escrevo sobre o ponto de equilíbrio, aquilo que faz a relação permanecer por mais tempo, o tal preço que todo mundo tem.
Relacionamento: amor incondicional, só o de mãe
Só as mães têm amor incondicional pelos seus filhos, e olhe lá. Todas as outras esferas amorosas tem característica de troca. Via de regra ninguém gosta apenas de dar amor e não receber algo como contrapartida. Óbvio, não acha?
Se é óbvio, qual o problema com esse ponto? O problema, caro leitor ou cara leitora, é que quase ninguém dá a atenção devida para a contrapartida. A rotina ou a facilidade de ter uma pessoa ao lado que nos ama, pelo menos em teoria, faz com que fiquemos confiantes demais no amor de graça e, consequentemente, acabamos não dando a importância para o que a outra parte deseja.
Outro ponto problemático na questão é que cada um tem o seu jeito de demonstrar o amor e, conforme ficamos mais velhos, achamos que o “nosso” jeito deve bastar.
Por outro lado, cada pessoa recebe a reafirmação do amor de uma forma diferente e acha estranho que o seu par não saiba disso. Em questões de relacionamento, cada um tem seu preço para sentir-se retribuído. Você já se perguntou o que, para você, realmente importa quando se relaciona com outra pessoa, o que espera dela e o que tem para oferecer? Recomendo que o casal faça esse exercício, onde cada um responde essas três questões em um papel e troque-o depois com o seu par.
Dependendo de como os dois são abertos ao diálogo muitas surpresas podem aparecer. As vezes, coisas que parecem banais como uma escova de cabelo deixada no lugar errado, para a outra pessoa tem dimensões relevantes.
Confesso que nem sempre dediquei minha atenção para essas pequenas/grandes coisas que circulam uma relação, o que foi um erro meu. Na comunicação temos um conceito de que comunicação não é o que você expressa, mas sim o que o outro entende. Isso também serve para o amor. Muita coisa pode estar passando debaixo do seu nariz e você não está notando o mal que isso está fazendo para o seu relacionamento. Não importa se a pessoa que está com você quer um sanduíche, um sexo oral caprichado ou apenas deitar no seu colo e assistir televisão. O que importa é você estar disposto a atender o que ela quer, do jeito que ela quer.
O meio termo soa negativo
Nessas questões não pode haver meio termo. Você entrega a qualidade ou não. Satisfaz ou não. Vou exemplificar para ficar mais claro, vamos dizer que você mataria alguém por uma Banana Split, aquele sorvete que vem com uma banana. Qual seria a sua satisfação se eu te servisse apenas a banana? Ou ainda, o sorvete com um kiwi, que é a fruta que eu gosto?
Por mais gostoso que o meu kiwi esteja, não era o que você queria. Com pouca intimidade você me retribuiria apenas um sorriso amarelo. Conforme o tempo fosse passando provavelmente jogaria o sorvete e o kiwi em mim. Quer dizer então que, se não fizermos tudo o que o outro quer, ficaremos sozinhos? Não. Nessa pergunta há muitas generalizações.
Não precisamos fazer tudo o que o outro quer, precisamos cuidar daquilo que o outro diz ser importante, por mais besta que a coisa pareça ser. Caso contrário, mais dia ou menos dia a pessoa se cansa de esperar e vai embora cantarolando algum clássico como Trocando em Miúdos .
Ah… Não deixe para amanhã, para semana que vem ou para a próxima lua cheia. Tome o controle da situação expondo suas necessidades e atendendo as expectativas da outra parte.
Até mais!
Marcelo Vitorino - Blog "Mais de trinta"
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