domingo, 16 de março de 2014

ENTREVISTA COM O MARCOLA LÍDER DO PCC - ESTAMOS TODOS NO INFERNO. NÃO HÁ SOLUÇÃO, POIS NÃO CONHECEMOS NEM O PROBLEMA

É aterrador ! ! !
Sua verdade é para se pensar. 
Temos que reagir. 
É preciso rever muitas coisas no nosso país.
Ele disse algumas verdades 
sociológicas absolutas - Infelizmente.
Roberta Carrilho
 




Leia a entrevista com o líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola , ao jornal O Globo

O GLOBO: Você é do PCC?
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…

O GLOBO: – Mas… a solução seria…
- Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

O GLOBO: – Você não têm medo de morrer?
- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba… Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem.Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

O GLOBO: – O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório… Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Você s, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

O GLOBO: – Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já tem até foguete anti-tanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema radioativa?

O GLOBO: – Mas… não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco…na boa… na moral… Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês… não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi cheentrate!” Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.


Fonte: O GLOBO

CAROS LEITORES PEÇO DESCULPAS POR TER PUBLICADO ESTA ENTREVISTA FALSA COMO VERDADEIRA. FUI ENGANADA! Roberta Carrilho

Entrevista do líder do PCC à Globo que circula internet é, na verdade, um texto fictício criado pelo jornalista Arnaldo Jabor, em 2006


(Ilustração: Pragmatismo Politico)


Texto que circula pelas redes sociais mostra entrevista que o traficante de drogas teria concedido ao jornal O Globo, mas será que isso é verdade? 

A transcrição de uma entrevista que o traficante Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, deu ao jornal O Globo deixou muita gente preocupada. Marcola diz, segundo o texto, que o Brasil não tem mais jeito, que estamos vivendo num inferno e que até parlamentares estariam envolvidos com o tráfico de drogas. 

Afinal, o líder do PCC teria mesmo dado essa entrevista bombástica?  

A história já foi desmentida mais de uma centena de vezes, como você pode ler aqui, em texto de 2006, mas foi ressuscitada em 2014 com origem e propósito ainda desconhecidos. 

A FALSA ENTREVISTA DE MARCOLA E O CUIDADO QUE SE DEVE TER COM A INTERNET

Desde há mais de um mês circula pela internet, em correntes de e-mail, uma suposta entrevista do tristemente famoso traficante Marcola, líder do PCC. Na verdade, trata-se de um texto de ficção intitulado “Estamos Todos no Inferno” escrito por Arnaldo Jabor em sua coluna de 23.05.2006 no jornal O Globo. Muita gente passou batida, não percebeu o engano e ajudou a aumentar a corrente do texto apócrifo.

“Eu escrevi nos jornais uma coluna em que inventei uma entrevista imaginária com um traficante preso do PCC. Na entrevista o personagem de ficção critica o Brasil de hoje e denuncia os erros das polícias e da sociedade. É um texto do qual eu me orgulho. É legal o texto. E todo mundo gosta, mas não acreditam que fui eu que fiz. Acham que é real a lucidez do bandido.”

Arnaldo Jabor, Rádio CBN, 07.07.06

O próprio Jabor é um dos autores aos quais são atribuídos inúmeros textos falsos que circulam pela internet e terminam se tornando “clássicos”, como outros de Millôr Fernandes, Luís Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso, Jorge Luis Borges, Carlos Drummond de Andrade, Gabriel Garcia Márquez entre inúmeros autores. Até livro já foi escrito sobre o assunto. Trata-se de “Caiu na Rede” da jornalista Cora Rónai, editora Agir.

“A internet pela facilidade e rapidez de divulgação de e-mails, massificou a rapinagem.”

Martha Medeiros, escritora, no livro “Caiu na Rede”

O episódio da pseudo entrevista de Marcola já tem até nome para identificar esse tipo de fenômeno, cada vez mais freqüente na internet. Trata-se de um hoax que tem definição na enciclopédia virtual Wikipedia.

“Um hoax, uma mensagem alarmante, um ‘vírus social, que utiliza a boa fé das pessoas para se reproduzir’, como define a Wikipedia.”

Ricardo Anderáos 
(blog.estadao.com.br/blog/anderaos)

No livro, a autora Cora Rónai identifica aquele que teria sido o primeiro texto com autoria trocada na internet: “Filtro Solar”, atribuído ao escritor Kurt Vonnegut, em 1997. A verdadeira autora, jornalista do Chicago Tribune, Mary Schmich, que virou web-celebridade por conta da falsificação de que foi vítima, escreveu sobre o assunto:

“Qualquer coisa, escrita por qualquer um, com qualquer nome na etiqueta, pode ser lançado no ciberespaço e, em questão de horas, ser lido por multidões ao redor do mundo. A palavra escrita sempre foi poderosa. Mas quando o poder da palavra junta-se ao poder da web, cria-se uma força maior do que tudo o que já vimos.”

Mary Schmich, em “Caiu na Rede” Com o ressurgimento do conteúdo, o site e-farsas, portal especialista em verificar a veracidade do que é publicado na internet, resolveu criar um esclarecimento definitivo para a questão que pode ser lido aqui

O caso acende uma vez mais o alerta para os perigos da rede de “boataria” na internet: um veneno corrosivo que afeta, principalmente, os mal informados.  

A entrevista de Marcola na Globo é uma farsa



Um comentário:

  1. Infelizmente há um grupo que pensa o seguinte: É preciso ter em vista que os homens de maus instintos são mais numerosos que os de bons instintos. Por isso se obtém melhores resultados governando os homens pela violência e o terror do que com discussões acadêmicas. Cada homem aspira ao poder, cada qual, se pudesse se tornaria ditador; ao mesmo tempo, poucos são os que não estão prontos a sacrificar o bem geral para conseguir o próprio bem.
    Quem conteve as feras chamadas homens? Quem os guiou até agora? No princípio da ordem social, submeteram-se à força bruta e cega, e mais tarde, à lei, que é essa força mascarada. Concluo, pois, de acordo com a lei da natureza, que o direito reside na força.

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