para você!
obrigada por existir e chegar na minha vida ...
RC
PERCEBI COM O PASSAR DO MEU TEMPO... quando nos relacionamos com trocas contínua temos a percepção que existe aí uma boa "receita" da relação afetiva entre homem e mulher ser uma fonte inesgotável de satisfações, pois a relação é construída de forma efetiva com base na reciprocidade e afinidades do casal (gostos, desgostos, ideologias políticas, projetos, entre outras), além da química sexual, óbvio. Sem química sexual não há história como dizem os mais modernos.
A reciprocidade não significa ter um sistema de medição em que cada pessoa da relação faz um julgamento próprio. Reciprocidade é justamente se doar sem esperar algo em troca, mas, ao mesmo tempo, tendo a certeza de que o parceiro entende seus sentimentos e está disposto a entregar algo de mesmo valor ou até superior.
Cada casal deve descobrir em conjunto a sua “receita”, algo particular que pode funcionar muito bem para alguns e fracassar para muitos outros. Alguns casais alegam que o segredo do casamento duradouro e feliz é viver em casas separadas. Outros se contentam em dormir em quartos separados ou simplesmente ter um banheiro privativo.
Sou uma das adeptas que afirmam completamente o contrário: o casal deve fazer tudo junto, como morar na mesma casa, dormir na mesma cama, compartilhar tudo o que existe de bom e de mau em uma relação. Alguns casais viajam ou fazem passeios sozinhos ou com amigos para preservar a individualidade e desta forma se sentir mais inteiro no relacionamento. Outros já optam por se divertir juntos, assumindo os mesmos hobbies como eu. Sou intensa!
Eu por exemplo tenho a necessidade de confiar, admirar meu parceiro, pois gosto de conversar sobre tudo, dialogando sempre, para evitar acúmulo de mágoas que no futuro podem se reverter em uma avalanche grotesca de insultos ou um câncer na tireóide (sic).
Outros preferem colocar os problemas debaixo do tapete fazendo de egípia. Os indiferentes, os mortos-vivos, sem alma... assim eu os chamo. Evito-os. Mas, algo me parece muito semelhante em todas as uniões afetivas: as três afinidades essenciais:
Afinidade emocional - Afinidade intelectual - Afinidade afetiva
A afinidade emocional consiste basicamente no jeito de viver o lado mais romântico da relação: o nosso senso de belo e de prazer; como reagimos aos apelos sensuais; como desfrutamos do sexo; como apreciamos passar o nosso tempo livre; o que consideramos divertido e elegante. Enfim, é o nosso amante interior. Normalmente, pessoas com afinidade emocional tendem a se entender melhor na cama e apresentam conceitos semelhantes de romantismo.
A afinidade intelectual é como raciocinamos, como processamos as informações e traduzimos as experiências em ensinamentos e aprendizados. Diz respeito ao nosso jeito de aprender, de ensinar, de se comunicar, de analisar e entender o mundo que nos cerca. Algumas pessoas veem nas experiências negativas uma oportunidade de crescimento pessoal. Outras se tornam rancorosas quando algo sai errado. Algumas pessoas são mais assertivas. Outras nem tanto. Algumas pessoas aprendem melhor por tentativa e erro e métodos mais lúdicos. Outras preferem métodos mais tradicionais.
A afinidade afetiva diz respeito às nossas necessidades psicológicas mais essenciais e profundas. Diz respeito a tudo aquilo que precisamos para nos sentirmos equilibrados, seguros e confortáveis. Por exemplo: uma mulher com extremo senso de liberdade terá dificuldade para se relacionar eroticamente com um homem ciumento e que gosta de ter o controle da situação. O inverso também ocorrerá. Quando duas pessoas possessivas se relacionam, elas entendem que despertar o ciúme do outro é algo perigoso pois provoca muito sofrimento. Apenas o ciumento pode entender o quanto é doloroso sentir-se inseguro. Por outro lado, o faminto por liberdade entenderá o parceiro que também anseia por espaço na relação. Ele ou ela entenderá que a parceira/parceiro precisa fazer passeios sozinha/sozinho e que isso não desmerece em nada o amor de ambos. Algumas pessoas precisam de segurança material para se sentirem bem e equilibradas. Outros gostam de aventuras, de correr riscos, tentar coisas novas a cada instante.
Por mais que haja boa afinidade emocional e intelectual entre o casal, pode ser muito complicado lidar com expectativas e objetivos de vida tão díspares. Em resumo: enquanto um economiza dinheiro para comprar uma casa e se sentir seguro, o outro quer utilizar boa parte do orçamento do casal para fazer viagens e ganhar experiências de vida.
A afinidade emocional é muito importante na fase inicial da relação. Na maioria das vezes nos aproximamos das pessoas que apresentam afinidade emocional pois no começo da relação não nos preocupamos muito com questões mais profundas e práticas. Muitas vezes, deixamos de conhecer melhor uma pessoa com extrema afinidade afetiva pois emocionalmente ela não nos parece tão similar ou atraente.
Acredito que a maioria das paixões avassaladoras que viram nada passado o fogo inicial se deve à existência única da afinidade emocional. Sem um mínimo de afinidade intelectual e uma boa dose de afinidade afetiva fica muito complicado uma relação durar de forma harmônica. No namoro, muitas vezes, se dar bem emocionalmente é o bastante. Mas num casamento a coisa muda de figura. Por isso, vemos todos os dias casais que pareciam lindos e afinados se desmancharem. Apesar de todo o romantismo que circundava o casal, de todos os gestos de carinho trocados, no dia a dia as pessoas apresentavam necessidades psicológicas diferentes. Uma pessoa passional pode se apaixonar por alguém de temperamento tranquilo, que anseia por segurança acima de tudo. Mas dificilmente com o passar do tempo a relação vai se manter estável. Os opostos se atraem, mas são os semelhantes que dão certo.
Sabemos que encontrar alguém completamente afinado com a gente não é impossível. Diferenças sempre existirão e uma boa dose de paciência, respeito, decisão de dar certo apesar de... e flexibilidade são essenciais para a consolidação de um relacionamento. Por outro lado, conviver bastante com o parceiro antes de oficializar a relação me parece uma atitude prudente.
Conviver com sinceridade, com assertividade. Como assim? Sem usar máscaras e encobrir opiniões e defeitos para não desagradar ao outro. Muita gente aparenta um "lado A" no namoro e depois do casamento mostra que é " lado B" pois, lá no fundo, acreditamos ingenuamente que o parceiro aguentará todas as nossas manias depois do casamento e que todas as incompatibilidades se resolverão num passe de mágica. Ninguém muda ninguém. O casamento não transforma ninguém. O máximo que podemos fazer é nos adaptar ao outro e o outro se adaptar a nós por meio de muito diálogo, carinho, respeito, esforço para dar certo, compreensão mútua e flexibilidade para fazer dar certo.
O amor une as pessoas e o egoísmo e a indiferença separam as pessoas, mas o que garante a continuidade das relações são suas afinidades. Uma relação amorosa de qualidade não depende tão somente da parte afetiva, mas também de todas as afinidades do casal no convívio do dia a dia.
Gostos musicais, comidas, meio social e até horários de dormir e acordar… Quanto mais parecidos forem os hábitos, gostos e afinidades, mais a chance desse casal ter uma relação duradoura e de qualidade.
O ideal para uma relação não é viver fazendo concessões, pois o indivíduo que ceder tem que agir de forma diferente do que ele pensa. A concessão deve ser mínima para não aprisionar um ou o outro dentro de uma dinâmica que o impeça de ser quem ele é. Quanto você abre mão de você mesmo para que sua relação exista? Aí está a vantagem de ter um parceiro parecido, pois, não havendo desentendimentos, o número de vezes que será necessário fazer concessões será pequeno e ambos terão conforto na relação.
A imagem do amor pintada pelo ideal romântico é de um amor imaturo e que se torna cada vez mais difícil e insustentável. Quem busca realmente um amor de qualidade com o outro deve aprender, primeiro, sobre si mesmo.
Então... fique com alguém parecido com você!
... ou que lhe admire por você ser quem é e que queira muito que esse relacionamento dê certo. Dificuldades muito provavél que terá, ... eu quem o diga rsrs, várias barreiras, traumas do passado, mas quem não luta pelo que quer, não merece o que deseja.
Roberta Carrilho
Sugestão: Uma sugestão de pesquisa e leitura para quem gosta do tema é o psiquiatra Flávio Gikovate e seu livo O Mal, o Bem e Mais Além, ele já faleceu mas deixou uma rica obra no estudo sobre as relações entre homens e mulheres.
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