quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AGORA É CIENTÍFICO: PESSOAS MAL AMADAS SENTEM MENOS EMPATIA por Pâmela Carbonari



Cientistas descobrem a relação entre o “hormônio do amor” e a falta de sensibilidade aos problemas dos outros

Quando estamos apaixonados tudo é mil maravilhas. Não interessa se faz frio, calor ou se você perdeu o ônibus – o importante é estar com a pessoa amada. Não que seu parceiro ou parceira não tenha parte nessa sensação de plenitude, mas a grande responsável é a oxitocina, conhecida como hormônio do amor. A oxitocina é aquele sentimento de bem-estar quando abraçamos uma pessoa querida. Ela é produzida no hipotálamo e liberada quando nos ligamos emocionalmente a alguém – podem ser laços familiares, românticos e de amizade.

Além de interferir no estado de espírito, o “hormônio do amor” controla várias funções vitais do organismos como apetite, sede, sono, libido e controle de estresse. Quando o corpo não dá conta de produzir ocitocina o suficiente, a forma como a reagimos aos estímulos sociais é diretamente afetada, como lidamos com a nossa vida social. O que os cientistas não sabiam era que isso poderia interferir também no que sentimos por outras pessoas. Um novo estudo realizado pela Universidade de Cardiff, no Reino Unido, descobriu que pessoas com baixos índices de ocitocina sentem menos empatia pelos outros.

Os cientistas avaliaram 20 indivíduos com diabetes insipidus CDI, que acontece quando o corpo não consegue tratar corretamente os fluidos. Trata-se de uma disfunção hormonal em que não há produção ou liberação dos hormônios diuréticos. Pacientes com CDI têm taxas muito reduzidas de vasopressina, o hormônio responsável pela controle da urina, cuja estrutura é muito parecida com a da ocitocina. Eles também acompanharam 15 pessoas com hipopituitarismo, uma condição que diminui a liberação dos hormônios sintetizados na hipófise – e, consequentemente, também da ocitocina. Esses dois grupos de pacientes com níveis baixos de “hormônio do amor” foram comparados com 20 pessoas saudáveis.

Todos eles fizeram duas atividades para testar suas demonstrações de empatia com base em reconhecimento das expressões de emoções. Além dos testes, os cientistas também examinaram os voluntários para medir as taxas de ocitocina e perceberam que os dois grupos doentes foram os que tiveram os piores resultados nas tarefas de empatia e os níveis mais baixos do hormônio. Ou seja, quanto menos hormônio do amor no organismo, menos sensibilidade aos problemas e sofrimentos alheios.

A pesquisa, apresentada na conferência anual da Sociedade de Endocrinologia, em Brighton, é pioneira ao estudar seres humanos com ocitocina reduzida (hormonalmente falando, os “mal amados”) como resultado de problemas clínicos e não a partir de disfunções psicológicas como depressão e estresse, por exemplo.

Os cientistas querem replicar o estudo para comprovar se a reposição da substância pode ser uma boa saída para melhorar as condições psicológicas dos pacientes que sofrem com poucas doses do hormônio do amor no organismo. Suplementação de ocitocina para aqueles casos em que um abraço não resolve.


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