Ótimo texto, apesar de nada de novo!
Rápido e preciso.
Roberta Carrilho
Sexo é bom e faz bem. Descubra por que, mesmo com tanta informação e liberdade, ainda há muita gente frustrada entre quatro paredes |
Tamanha atenção para o sexo faz sentido. Freud, que baseou boa parte de sua teoria sobre o desenvolvimento humano na sexualidade, afirmou que é impossível desvincular o sexo do cotidiano. Segundo ele, nossa energia sexual é a grande responsável por nossa disposição para o trabalho, para o lazer, para coisas prosaicas como bebericar um vinho ou bater perna até a padaria. Controvérsias à parte, o fato é que cada vez mais nossa sexualidade é tratada com importância.
A grande questão é que, apesar de tanta informação, liberdade de agir e de se expressar, e da ciência a favor do sexo, ainda há muita insatisfação e ansiedade quando esse é o assunto. Por que será?
Para o alto e avante
Eis uma das principais características do sexo nestes tempos: ele é tratado a com maior naturalidade. Mas nem sempre foi assim... Há 50 anos esses assuntos não eram falados nem entre quatro paredes. Com a revolução sexual, tudo mudou. "Até então, havia muita repressão e a mulher estava de certa forma submetida aos prazeres masculinos. Com a pílula, ela se libertou do medo da gravidez indesejada e passou a buscar seu próprio prazer", diz a psicanalista Regina Navarro Lins, autora do livro A Cama na Varanda.
O lado bom de tanta informação é que as pessoas não se sentem mais sozinhas com seus medos, desejos, fantasias e vergonhas. Podem aprender mais sobre seus corpos e também sobre as doenças, uso de preservativos e como tornar o sexo mais gostoso. Descobriram que, além de bom, sexo faz um bem danado. Quem tem uma vida sexual saudável corre 30% menos risco de infarto e de derrame cerebral, adoece menos e, se adoece, se recupera mais rápido. "As pesquisas mostram o que a gente já sabe na prática: o sexo deixa as pessoas mais bem-humoradas e rejuvenesce uns bons anos", diz a terapeuta sexual Glene Rodrigues.
Ainda estamos numa fase em que as pessoas têm que aprender que a sexualidade é uma marca individual, como uma digital. É algo particular e reflete a personalidade de cada um de nós. "Informação é importante, mas o fundamental é que cada pessoa se sinta bem com sua sexualidade. Se ficar se comparando com o que é dito por aí, ela acaba se sentindo deslocada", diz a antropóloga Miriam Goldenberg.
E como fazer isso? Primeiro percebendo do que você gosta ou não, o que o excita e o que o inibe. E fundamental sempre: ter a capacidade de percepção do outro. E isso vale para qualquer questão referente à sexualidade: não há problemas se você estiver feliz, e o que você faz está coerente com quem você é. Essa é a verdadeira liberdade sexual.
De consumo rápido
Vivemos a cultura consumista do prazer imediato. E esse comportamento também foi parar em cima do colchão. Não se trata de sexo por dinheiro, mas do chamado "fast sex", o sexo de uma noitada só, outra característica dos tempos atuais. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo - que coordenou há dois anos a maior pesquisa sobre sexualidade do brasileiro e publicou o livro Descobrimento Sexual do Brasil -, um dos resultados que mais chamaram atenção na pesquisa foi justamente a mudança de comportamento da brasileira em relação à transa - as mulheres, assim como os homens, têm diferenciado sexo de amor e há um aumento significativo no número delas que praticam sexo casual quase com o mesmo desembaraço dos homens.
Porque, ao fim e ao cabo, sexo é importante, mas não tanto quanto imaginamos. Segundo a pesquisa de Carmita, o sexo para as mulheres está em oitavo lugar na lista de prioridades para se ter qualidade de vida, depois de uma alimentação saudável, tempo com a família, bom sono, prevenção de doenças e cuidados com a saúde, trabalhar no que se gosta, tempo para atividades culturais, hobbies e, ufa! convivência social. Para os homens isso muda um pouco. Sexo é mais importante, mas perde para ter uma alimentação saudável e tempo com a família. Ou seja, saúde e vínculos vêm antes.
Sexo longa vida
Os medicamentos podem ajudar no desempenho sexual masculino, os hormônios podem trazer mais disposição sexual para homens e mulheres, mas o maior de todos os problemas ainda é o mais difícil de tratar: a falta de desejo sexual. "Aí o buraco é mais em cima", diz a ginecologista Beleza Terra, referindo-se ao nosso maior órgão sexual, o cérebro. Muito da vontade de fazer sexo vem de questões emocionais. E a falta de desejo é uma manifestação de que algo não está indo bem e por isso tem de ser analisado com muita atenção pelos especialistas.
O que fazer com as frustrações sexuais de cunho psicológico? A terapeuta Glene Rodrigues, que dá cursos de orientação sexual e tem diversos grupos de sexualidade no Hospital Pérola Byington, em São Paulo, trabalha com seus pacientes - a maioria mulheres - algumas questões quando há momentos de baixa.
São estratégias que ajudam a compreender a sexualidade e aumentar a libido. Porque a própria palavra libido, conceito freudiano usado para designar o tão famigerado desejo sexual, está em sua origem vinculada a algo muito maior, com a energia para a vida. Se algo não vai bem, se há estresse, falta de tempo, ansiedade, vai ser difícil mesmo sobrar energia para o bem-bom.
Reportagem: Marcia Bindo - Edição: MdeMulher
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