sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

PAIS ESTÃO FORMANDO UMA GERAÇÃO DE EGOÍSTAS, EGOCÊNTRICOS E ALIENADOS, POIS CONFUNDEM EDUCAR COM SIMPLESMENTE CUIDAR






Parece que perdemos a capacidade de raciocinar, de entender o contexto e complexidade de tudo os que nos cerca. Ninguém discute com seriedade o que está levando a nossa sociedade a viver na idade das trevas.



Acabaram as festas, Janeiro começou e em breve o ano letivo ganhará vida. Novos calouros ávidos por uma “nova” vida de descobertas desembarcarão em Adamantina. Nem faz um ano uma garota, em sua primeira semana de aula na faculdade, teve suas pernas queimadas em um dia de acolhimento de calouros. Jovem, em seus 17 anos e feliz por realizar o sonho de ingressar em uma faculdade. Mas em um dia que deveria ser de festa foi interceptada por “colegas” veteranos. Foi pintada com tintas e esmalte até que sentiu que jogaram um líquido em suas pernas. Nada notou até que a água da chuva, por ironia, em lugar de lavar e limpá-la provocou uma reação química que resultou em queimaduras de terceiro grau em suas duas pernas. O mesmo aconteceu com uma colega de turma que teve as pernas queimadas e outro rapaz que correu o risco de perder a visão. O líquido? Uma provável mistura de creolina e ácido!

Casos amplamente noticiados pela imprensa local, regional e nacional. Mas relatos contam mais sobre este dia trágico, como inúmeros casos registrados de coma alcoólico, além de meninas que tiveram suas roubas rasgadas e sofreram toda uma série de constrangimentos. 

Fatos como estes contribuem para nos trazer de volta à realidade e, guardadas as devidas proporções, ilustra que vivemos sim em um país onde a “barbárie” ganha força e impera em diversos núcleos de nossa sociedade e se alastra com uma rapidez de rastilho de pólvora. Casos se repetem em diversos estados e cidades, o caso dos calouros da FAI de Adamantina não é e nem será o último, quantas tristes histórias já foram relatadas, como a do o jovem morto atirado em uma piscina da USP, amanhã mais um homossexual ou um negro, ou mais uma mulher que não se “deu o valor” e andou por aí exibindo seu corpo.

Vivemos em uma sociedade de alienados, sujeitos que não conseguem sequer interpretar um texto, nossas crianças são “condicionados nas escolas” jamais educados. Infelizmente não há cultura neste país da desigualdade. Parece que perdemos a capacidade de raciocinar, de entender o contexto e complexidade de tudo os que nos cerca. Ninguém discute com seriedade o que está levando a nossa sociedade a viver na idade das trevas.

O apresentador Chico Pinheiro do Bom dia Brasil, revoltado com os trotes violentos, afirmou que estes alunos deveriam voltar para o ensino fundamental. Discordo radicalmente dele, estes alunos deveriam voltar para o seio de suas famílias e lá, sim, receber educação básica, educação para a vida.

Os pais estão terceirizando a educação de seus filhos ou deixando sem companhia da presença deles para ouvir e aconselhá-los corretamente. Pais individualistas que alimentam seus super egos e que não conseguem ver o filho e suas demandas e, em um mundo sem tempo e repleto de culpa delegam a educação de seus filhos a professores, avós, empregadas domésticas, internet (Instagram, Facebook, Netflix, etc) que não podem ser responsabilizados e muito menos tem competência e formação para isso. Professores são facilitadores da inteligência coletiva, pais são os educadores na/da/para a vida!

Filhos quando têm pais não o substituem em suas vidas por outras pessoas. Não é natural isso e se tornam adultos emocionalmente destruturados. Filhos sejam crianças, adolescentes ou até mesmo adultos que foram ou são obrigados a se separarem de suas famílias (principalmente da mãe que foi criado o elo entre eles na gestação) por 'n' situações das quais eles não possuem controle vão trazer futuramente 'n' consequências também. 

Pais/pai/mãe precisam conversar um com outro mesmo que estejam ou sejam separados. A prioridade depois do advento do nascimento dos filhos já não são só eles e sim a família que eles constituíram. Estamos vendo uma geração inteira de filhos serem criada só por um dos pais e o uso maciço da prática infeliz da 'alienação parental' que foi/é trágico para o nosso futuro. Estamos vivendo o resultado nesta geração de filhos egoístas, egocêntricos, alienados, indiferentes, etc.
Precisamos avaliar melhor essa prática, pois quando uma mulher engravida ela não precisa ser/estar sozinha. A principal responsabilidade de um homem quando se torna pai é tratar bem a mãe dos filhos dele porque dali que sairá todos ou quase todos os problemas emocionais, neuroses desta geração e os filhos sentirão aquele nefasto buraco que nada preenche e buscam de alguma forma preencher para sobreviver num mundo cada vez mais competitivo e de aparência numa busca sem descanso pela perfeição física ou social ou quando não conseguem pelo isolamento familiar e social. Vivem uma vida, alegria, felicidade 'aparente' e 'não real'. Por isso vemos tantos jovens se drogando, suicidando, matando, etc. 

Filhos possuem uma fortíssima ligação com as mães e é preciso que os homens e a sociedade respeitem e apoiem essa necessidade da natureza humana. Filhos cuidados e próximos de suas mães são mais estáveis e saudáveis emocionalmente. Até no mundo animal vemos a necessidade dos filhotes estarem com suas mães o mais próximo possível, não só por necessidade de sobrevivência mas para fortificar emocionalmente para a vida adulta. Uma separação entre eles é algo trágico na alma de qualquer ser gerado no qual se lincou para o resto da vida. Não importa o tempo mãe é sempre um sinal de aconchego e segurança. 

Nos dias de hoje o tempo passa rápido demais. Muito rápido, tão rápido que nem dá tempo de tentar entender e processar as coisas mais óbvias, naturais da nossa existência.

A molecada acorda cedo, vai pra escola. Chega em casa, almoça ao mesmo tempo que assiste TV, atualiza a conversa no WhatsApp, checa sua ‘TimeLine’ no Facebook, curte páginas dos amigos, coloca em dia as curtidas do Instagram e comenta de forma superficial – pois não compreende o contexto e complexidade – as reportagens da TV. Se perguntar quem dividiu a mesa com eles (os pais também estão brincando com o celular) é possível que nem tenham se dado conta, pois estão mais próximos dos amigos “virtuais” do que daqueles que compartilham o mesmo espaço, a mesma mesa e a mesma comida com eles. 

Mas o mais trágico nisso tudo é que os pais, também, estão sentados à mesa assistindo TV, atualizando a conversa no WhatsApp, checando sua ‘TimeLine’ no Facebook, fazendo e mantendo suas rotinas de prazer pessoal esquecendo que como pais precisam ser pais e não colegas dividindo apartamento. É função dos pais estarem perto e participarem ajudando seus filhos seja conversando, seja com sua presença física, atenção, diálogos propositivos ou em casos extremos buscarem ajuda com profissionais da 'psicologia familiar' para ajudar todos da estrutura que foi constituída sem exclusão desse ou daquele para que todos os membros, principalmente os filhos não repitam o perverso ciclo da destruturação familiar. É preciso quebrar este ciclo agora. 

Depois do almoço os pais irão para o trabalho e os filhos para a aula de computação, inglês, academia… À noite ficarão no quarto em frente ao note, navegando por sites que jamais se lembrarão, conversando pelo skype, jogando online, Netflix até a hora de dormir. No final de semana estes jovens dormirão a maior parte do tempo para se preparar para a noite, para a balada, onde pegarão todos e todas e beberão até cair. 

Estes jovens entram muito cedo em sua vida pretensamente “adulta”. Já “brincam” de papai e mamãe antes mesmo de brincar de casinha. Estes jovens são lançados da infância, cada vez mais curta, direto para a vida “adulta”, passando sem piscar pela adolescência. 

Qual estrutura e base estes jovens terão para superar conflitos pessoais? Comportam-se como adultos aos 14, 16, 17 anos e, em muitos casos são tratados como adultos, não são adultos, são crianças e adolescentes que não sabem absolutamente nada da vida, mas são cobrados como se soubessem de tudo e pior, acreditam que sabem sobre tudo.

Eles querem ser aceitos, infelizmente querem ser aceitos em um mundo irreal de aparências! 

Nesse “nosso” mundo do “parecer”, do “fake”, do consumo do corpo perfeito, da mentira perfeita, do dinheiro a qualquer custo, do consumir e exibir, da exposição sem limites, da falsa propaganda que vende vidas “perfeitas” somos “forçados” a fazer parte dessa sociedade de “mentirinha”. 

Na sociedade do consumo do corpo perfeito, da vida perfeita, do ser perfeito, não existe espaço pra “ser humano”, não existe lugar “para sermos quem somos”, aqueles que exibem suas imperfeições, pois o imperfeito não cabe na aparência perfeita do mundo da mentira. 

Todos nós queremos fazer parte de algo, ser parte de algo. Principalmente quando somos jovens. Nossa turma é nossa razão de ser e estar no mundo. Comportamo-nos como tribos, somos territorialistas e, fazer parte deste “algo” nos confere identidade. E aí para fazer parte desse mundo, o jovem segue a turma, mesmo em muitos casos, sem saber por que está fazendo isso, mesmo sabendo que muitas coisas que fazem são erradas, vale a pena correr o risco para “ser” parte da turma! 

E neste mundo, empoeirado, intenta-se forçar o sujeito a aderir sem contestação ao padrão de ser e estar neste “mundo”, reduzindo sublimes e maravilhosas peculiaridades e particularidades, ou seja, nossas magníficas diferenças, em uma uniformidade que se encaixa na perfeita adequação a uma sociedade tamponada, uniforme, opaca, moralista, hipócrita. É a construção de um mundo baseado em mentiras e sem alicerce. 

As inquietudes de nossa alma deveriam ser tratadas em nossas relações cotidianas, primeiro no seio carinhoso da família, depois nas escolas, nos relacionando com os professores e com os colegas de aula, com os amigos e também com os inimigos, com os namorados, patrões… 

Vivendo nossas experiências boas e más, aprendendo a entendê-las. Passamos por frustrações a aprendemos a superá-las. Este é o ciclo natural das coisas, é preciso viver para compreender a vida, viver todas as emoções, boas e más, sorrir, chorar, vencer, perder, amar, rejeitar, ser rejeitado, ter amigos, inimigos, construir alianças, quebrá-las… Cabe a família dar o suporte, fornecer o alicerce para que este ser, mesmo em épocas de tempestade, não desmorone. E na convivência física cotidiana, construirá seu edifício interno, com janelas, portas, divisórias, que poderá balançar em muitos casos, mas jamais desabar se bem estruturado. 

Mas como educar se os pais não têm “tempo” para ajudar estes jovens a construir sua estrutura? 

Os filhos não têm “tempo” para escutar o que os pais têm pra dizer, talvez uma conferência familiar pelo Whats ou Skype, quem sabe… 

Os amigos não têm todas as respostas.

E talvez o mais triste para esta geração.

O Google não tem todas as respostas. 

Nossos jovens produzem eventos para postar, ser curtido e comentado. Situações são criadas para movimentar e dar liquidez ao “mercado” da popularidade, as “ações pessoais na bolsa virtual” crescem conforme o número de “posts, comments e likes”. Uma sociedade baseada no consumismo, que valora cada ser humano por seus bens de consumo e potencial de exibição do produto, passou a consumir avidamente “vidas”. Vidas são colocadas em exposição, para o deleite do consumidor e regozijo daquele que se expõe, pois quanto mais visto, mais é consumido, assim, ganha popularidade, consequentemente “poder”. 

Uma sociedade sem amor, sem paz e sem alma. 

A alma não está sendo vendida para o diabo, mas sim, depositada em sites de relacionamento e eventos que precisam ser constantemente alimentados para nutrir o mercado. Se não existe um evento, tudo bem, faz-se imagem de si mesmo, pois a imagem é tudo neste mundo baseado no TER, SER não importa, o que vale é PARECER e, para parecer e aparecer é preciso exibir.

É imperativo que estes jovens compreendam que eles NÃO têm o valor do que é “consumido” ou do que consomem em imagens, exposição, “likes”, compartilhamentos e “comments”. O seu valor não é “subjetivo e líquido”, pois este “valor” está na forma como ele se constitui enquanto ser humano real. SER REAL não é nada fácil no mundo “líquido”, mas precisamos tentar, ensinar, dar exemplo principalmente para nossos filhos e com os jovens, mas também em relação a nossas vidas, pois creio que se hoje estas moças e moços vivem dessa forma, não são nada diferente de quem os criou, pois nossa sociedade vive de ter e exibir, nossa juventude nada mais é do que reflexo de uma sociedade “adoentada”. 

Pois nossas crianças já nascem sem tempo, extremamente competitivas, presas em escolas integrais que garantirão seu “futuro”. E dessa forma continuarão a lubrificar as engrenagens de nossa sociedade doente e “medicada” que confunde saúde com remédios, consumo com qualidade de vida, amor com bens de consumo. 

Estamos formando uma geração de egoístas, alienados e inconsequentes, que se preocupam mais com sua imagem do que em “ser” humano. 

Quando somos jovens, acreditamos que sabemos tudo, que estamos prontos para a vida, mas viver nos ensina que a gente não sabe NADA sobre a vida. 

Compreender e aceitar que não somos e nunca seremos perfeitos, que simplesmente não sabemos de quase nada e nem temos certeza de tudo, nos torna mais abertos, mais humanos, mais doces, mais amorosos e tolerantes, com nós mesmos e com os outros. Mas para que nossos jovens possam compreender tudo isso, precisamos cria-los para que sejam mais humanos, colaborativos, criativos, transgressores, mas para isso, precisarão ser ensinados que serão alguém, não pela quantidade de bens que possuírem e exibirem, mas sim, por “ser” humano, "exemplo de comportamento", “ser” como verbo de ação! 

Educar os filhos dá muito mais trabalho do que simplesmente cuidar… Você sabe como colocar limites nos seus filhos? A grande maioria dos pais não sabem. Mas por que não conseguem? 

Como os pais têm pouco tempo para ficar com os filhos outros não querem ficar em casa e ficar reclamando do comportamento deles e acabam mimando-os. As crianças ganham presentes para compensar a ausência dos pais, que por sua vez sentem-se menos culpados pelo tempo que não dedicam aos filhos.

Ouça seu filho, diga que o ama e o quanto ele é importante para você, mas entenda que seu papel é educá-lo e prepará-lo para a vida e não satisfazer suas vontades. Quando você diz não para seu filho está dizendo até onde ele pode ir. Mas se a mãe diz não e o pai diz sim está tirando a autoridade um do outro, e seu filho vai usar isso contra vocês. Então estejam sempre de acordo. 

Algumas mães dizem que falam dez vezes e o filho não escuta, mas quando fala onze aí ele sabe que é de verdade… É exatamente isso que acontece! 

O filho sabe quando os pais falam pra valer, então enquanto isso não acontece, não obedece, pois procura vencer o adulto pelo cansaço e isso funciona muitas vezes. Algumas crianças ou adolescentes usam o choro ou indiferença para manipular os pais e param de chorar ou dão atenção assim que conseguem o que querem. 

Se os pais fizerem o que elas querem uma vez, os filhos irão repetir esse comportamento por muitas outras vezes. 

Prepare seu filho para o mundo! Esse é o papel dos pais, não é da escola e nem da sociedade, mas, se os pais não o fizerem, eles aprenderão de qualquer jeito e não da forma correta. Eduque seus filhos com amor e dedicação, pois isso dá mais trabalho do que simplesmente cuidá-los. 





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