sexta-feira, 13 de junho de 2014

FILME: A CULPA É DAS ESTRELAS (doentes de amor) - crítica por Cinema de Buteco

Programando ir a Divinópolis assistir ...
Itaúna não tem cinemas - INFELIZMENTE!
Roberta Carrilho





A PRIMEIRA COISA A SE DIZER SOBRE A ADAPTAÇÃO DE A CULPA É DAS ESTRELAS é que se trata de uma obra para ser sentida. Ela precisa da sua atenção. Em troca, garanto que você receberá uma história delicada e com um enorme potencial para te fazer se apaixonar pela ideia de estar vivo. Mais ainda, pela ideia de saber que você pode ter vivido uma história com alguém e cativado essa pessoa tanto quanto Hazel e Gus, nossos protagonistas, fizeram um com o outro. As lágrimas podem vir, mas caso não molhem o seu rosto, é garantido que a lição de vida apresentada na obra escrita por John Green permanecerá em sua lembrança por um tempo considerável.

Lançado no Brasil em 2012, pela editora Intrínseca, A Culpa é das Estrelas logo se tornou um best-seller. Na mesma época, na verdade até um pouco antes do lançamento do livro no exterior, já começaram os boatos sobre a adaptação. A curiosidade me motivou a ir atrás de um novo título do autor que já havia me conquistado em Quem é Você, Alasca?, uma obra definitivamente superior ao brilho encontrado em A Culpa é das Estrelas. Enfim. Para quem ainda não sabe, a trama apresenta Hazel (Shailene Woodley), uma jovem adolescente com câncer terminal, que conhece e se apaixona por um carismático jovem chamado Gus (Ansel Elgort). Juntos, o casal acaba descobrindo o prazer pela vida e pelo amor, à medida em que ambos se apaixonam.

Adaptar um livro tão amado poderia ser uma missão ingrata. O caso mais recente de fracasso foi A Menina Que Roubava Livros, que gerou um longa-metragem medíocre. Felizmente, o cineasta Josh Boone (que acabei apresentando equivocadamente como um diretor estreante no nosso videocast, quando na verdade queria ter falado que ele nunca havia produzido nada relevante para o mercado até esse momento) conseguiu acertar a mão e oferecer algo para fã nenhum botar defeito. Na verdade, vou mais longe e afirmo que o longa-metragem foi mais tocante que o livro. Acompanhar a jornada de descobertas da vida através de dois adolescentes tão apaixonantes e inexperientes é uma experiência única. Boone acertou ao apresentar seus personagens lentamente, o que apenas tornou tudo mais natural, e fatalmente, ainda mais doloroso. Afinal, como é possível resistir ao humor sarcástico de Hazel ou ao charme de Gus? Como espectadores, sentimos cada dor, cada alegria, cada momento vivido pela dupla. E sofremos juntos. Ficamos apaixonados juntos.


Shailene Woodley cumpre o seu papel como protagonista com uma segurança digna de atrizes com mais tempo de estrada. Após surgir tímida em Os Descendentes e ter um papel importante no sensacional The Spectacular Now, e de ser uma das coisas menos frustrantes de Divergente, ela acerta ao dividir momentos de tristeza, conformismo e serenidade com os tradicionais vulcões hormonais que enlouquecem qualquer adolescente. Seu companheiro de cena, Ansel Elgort, não fica atrás. Bonito e charmoso, ele encarna perfeitamente o adolescente comum que se sente imortal depois de superar os obstáculos e com a certeza de que encontrou a mulher de sua vida. E sua transformação durante o longa-metragem é provavelmente o motivo principal que torna A Culpa é das Estrelas tão emocionante. Não se pode deixar de mencionar a participação breve de Willem Dafoe, que age como uma verdadeira metralhadora verbal de frieza e crueldades contra o espírito jovem e apaixonado do casal. Sem dúvida, é a melhor caracterização do original para as telonas.

A trilha sonora é bem moderninha, o que pode causar total estranhamento para quem não acompanha muito os artistas que fazem a cabeça dos jovens da geração Y. Está bem longe de ser ruim, mas pessoalmente, é sempre estranho assistir a um filme com tamanho potencial pop e não incluir nenhum artista realmente conhecido no meio da seleção musical. Faltou um elemento musical forte para chamar a responsabilidade para si. Existem faixas inspiradas, mas nada grandioso o bastante para se tornar tão inesquecível quanto o filme em si. “All of the Stars”, de Ed Sheeran, é a que chega mais próximo disso.


A experiência de assistir A Culpa é das Estrelas me remeteu ao igualmente sensível Diário de Uma Paixão, estrelado por Ryan Gosling. Talvez pela impressão de que os amores mais fortes são aqueles que passam por nós como um cometa. Não precisam necessariamente chegar ao fim, mas representam uma quantidade imensurável de emoções que nos tiram do rumo. Marcam as nossas vidas para sempre. Se em Diário de Uma Paixão assistimos a uma das histórias de amor mais lindas que o cinema produziu nos anos 2000 (pasmem: o longa é inspirado num livro do brega Nicholas Sparks), com um interessante diálogo entre a relação do amor com o sacrifício pessoal, em A Culpa é das Estrelas somos agraciados com a representação da fagulha inicial, aquele foguinho louco que crescemos ouvindo os outros falando e que duvidamos da existência até que ela surge em nossa frente. E tudo isso, num cenário triste em que o amor é o único alívio para a certeza maior da vida de nossos protagonistas.

Como escrevi no começo da crítica, A Culpa é das Estrelas é para ser sentido. Ainda que isso implique na possibilidade de você começar a soluçar de tanto chorar no cinema. O importante é sentir.

Assista ao trailer:






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