Foto by Andrea Francesco |
No final do ano passado, o estudante mineiro de educação física, Amilton de Loyola Caíres, de 23 anos, matou a facadas o professor Kássio Vinícius Castro Gomes, de 39. Como em muitos casos de crimes bárbaros, o advogado não teve dúvidas e registrou no auto de defesa: o réu apresenta quadro de transtorno bipolar e esquizofrenia.
Não vou entrar aqui na discussão sobre a questão de crimes cometidos por bipolares ou no uso e desuso por parte de advogados da alegação de insanidade mental para livrar seus réus da prisão. Isso – e a repercussão na melhor das hipóteses confusa por parte da imprensa quando o fato envolve doença mental – é tema para outro artigo que já estou preparando.
Bipolaridade e esquizofrenia...
O que vamos pensar juntos agora é um tema, creio, menos árido, mas igualmente importante: é possível uma pessoa ter transtorno bipolar e também esquizofrenia? E, além disso, existe alguma relação entre essas duas doenças?
A resposta para a primeira pergunta é categórica: não. Cá entre nós, só faltava essa. A bipolaridade convive muito bem com várias comorbidades (ou seja, outras doenças), como transtornos de personalidade. Exemplo: uma pessoa pode ser bipolar e ter transtorno de personalidade borderline. Pode ser bipolar e epiléptica. Mas bipolar e esquizofrênica, não. Existe, sim, um quadro denominado transtorno esquizoafetivo, uma linha fina entre alguns sintomas da esquizofrenia e outros do transtorno bipolar, mas ainda existe muita controvérsia sobre esse tipo de diagnóstico.
Pesquisei em muitos livros e artigos em revistas especializadas e também confirmei com psiquiatras de primeira linha. Eu tinha bons motivos para isso, além do natural interesse como jornalista, afinal, sou bipolar, mas também sou filha de uma esquizofrênica.
Aí, surgiu outra dúvida: se essas doenças possuem forte componente genético, não seria mais natural que eu fosse esquizofrênica, e não bipolar?
Durante anos não encontrei resposta satisfatória para essa pergunta. Recentemente, porém, novas pesquisas têm demonstrado que essas doenças são, digamos, “irmãs”, com raízes genéticas semelhantes, mas que possuem comportamentos bem distintos.
Enquanto esquizofrênicos vivem encapsulados em si mesmos e apresentam um forte embotamento das emoções, nós, bipolares – nem é preciso dizer – somos um show de fogos de artifícios das emoções, vivendo entre um pólo e outro. Completos opostos, portanto.
No entanto, na hora do tratamento, por exemplo, um dos medicamentos de ponta, o Seroquel (quetiapina), é indicado tanto para esquizofrenia quanto para bipolaridade.
E não dá para esquecer que, há não muito tempo, bipolares eram constantemente diagnosticados como esquizofrênicos, uma vez que ambas doenças apresentam sintomas semelhantes. Por exemplo, um bipolar em mania pode ter delírios, assim como um esquizofrênico.
A separação entre esquizofrenia e transtorno bipolar (antes denominado psicose maníaco-depressiva) se deu no século XIX graças ao trabalho do psiquiatra alemão Emil Kraepelin. Ele acreditava que a esquizofrenia (ou “demência prematura”) era um transtorno extremamente debilitante, sem a menor chance de melhora. Já os pacientes bipolares (ou “maníacos-depressivos”) tinham um prognóstico mais positivo. Mas não sejamos severos com Kraepelin. Seu trabalho foi fundamental em uma época em que a psiquiatria era uma bagunça, em termos de definições.
Mas de lá para cá as coisas evoluíram muito. Mesmo assim, as pesquisas não são conclusivas. Dizem que a verdade está lá dentro, nos genes, mas quais são, ninguém sabe ao certo. Isso talvez explicaria porque eu posso ser filha de esquizofrênica, e ao mesmo tempo ser bipolar, sem ser uma aberração do catálogo das doenças mentais.
Espectro das psicoses...
Atualmente, fala-se em espectro bipolar, e mesmo em espectro das psicoses, um conceito interessante e mais amplo. Faz sentido: explica porque cada bipolar apresenta um quadro diferente e pede um tratamento diferenciado, da mesma forma como esquizofrênicos são únicos.
Não podemos ser bipolares e esquizofrênicos, o que é ótimo para nós e para os esquizofrênicos. Mas se realmente a base genética de ambas as doenças for única como parece ser, as pesquisas podem trazer novos medicamentos, mais eficazes e com menos efeitos colaterais. Bons para todos nós, igualmente herdeiros de doenças obviamente indesejáveis, mas únicos em nossas necessidades, comportamentos e desejos, como qualquer ser humano.
Maga de Moraes - Autora voluntária do Bipolar Brasil
http://www.bipolarbrasil.net/2011/02/ser-bipolar-e-esquizofrenico.html#more
O BIPOLAR BRASIL VOLTOU .... PARA TODAS PESSOAS QUE SÃO BIPOLARES OU NÃO E PRECISAM DE AJUDA
COMUNICADO IMPORTANTE!!!!
Amigos e amigas do blog quero comunicar com muita satisfação que o Will Brasil do BIPOLAR BRASIL voltou para a nossa alegria. Ele agora está em duas plataformas diferentes Facebook e Google + segue abaixo os links
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Hoje é um dia muito especial para todas as pessoas carentes de informações, aconchego, orientações, seja bipolar ou que lida com bipolares. Sim! O Will Brasil é o melhor amigo bipolar que se possa ter e graças a Deus ele resolveu voltar para todos nós com seus textos bacanas e instrutivos.
Abraços fraternos,
Roberta Carrilho